Guedes se alinha a Bolsonaro e sobe tom da campanha — veja as indiretas que o ministro mandou para Lula
Falando para uma plateia de empresários cariocas, ele se comprometeu com o Auxílio Brasil de R$ 600, reivindicou a autoria do Pix e considerou equivocadas as projeções de analistas para a inflação
Faltando menos de 20 dias para o primeiro turno das eleições, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se alinhou ao discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL) e subiu o tom da campanha.
Guedes escolheu uma plateia de empresários na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) para elogiar o atual governo e criticar, sem menções diretas, a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto.
"Conservadores e liberais estão juntos porque do outro lado tem o capeta, o caminho da miséria", disse Guedes a certa altura do discurso.
"Qualquer brasileiro sabe qual é o nosso plano. Ninguém sabe qual é o [plano] do outro lado", acrescentou o ministro, arrancando aplausos da plateia de empresários.
Mas, ao contrário das visitas anteriores de Guedes à ACRJ, ao longo do governo, o auditório do prédio próximo à Igreja da Candelária, no Centro, não estava completo. Havia dezenas de cadeiras vazias.
As promessas de Guedes se Bolsonaro ganhar
O ministro prometeu à plateia continuar com o processo de abertura da economia e se comprometeu a manter o Auxílio Brasil no valor de R$ 600 ao longo de um eventual próximo governo.
"Vamos [manter o valor], tem dinheiro", afirmou ele, reivindicando a autoria do programa. "A definição do valor do Auxílio Emergencial é cheia de pais, mas sabemos quem foi a mãe. Fomos nós que desenvolvemos", disse.
Segundo o ministro, o governo Bolsonaro fez "muita coisa", que só foi possível porque o presidente teve "mão amiga e forte", referência ao lema do Exército.
Guedes ainda aproveitou a ocasião para fazer elogios públicos ao ex-ministro da Infraestrutura e atual candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Ele disse ainda que o banco central norte-americano, o Federal Reserve, está vindo para o Brasil "aprender a fazer o Pix".
Nesse ponto, Guedes repetiu a apropriação da tecnologia pelo grupo político de Bolsonaro. O Pix já vinha sendo desenvolvido por técnicos do Banco Central antes de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro.
- Leia também: Apoiadores de Lula voltaram a se animar com chance de vitória em primeiro turno. Mas isso é realmente possível?
Reeleição: crédito para Bolsonaro
Notabilizado por discursar contra a possibilidade de reeleição, Guedes disse que mantém a posição, mas relativizou desta vez.
"Continuo achando reeleição ruim, mas com dois [governos] FHC, dois Lula e dois Dilma, talvez precisemos de dois Bolsonaro. Vamos dar um creditozinho para ele [Bolsonaro]", disse.
Inflação e gastos
Guedes abordou por mais de uma vez a questão da inflação que, segundo ele, teve previsões equivocadas de analistas, seja por erro técnico ou militância. Segundo Guedes, o índice antes previsto de 7,4% já caminha para algo próximo de 6% no ano.
"Vocês já tinham visto inflação no Brasil abaixo dos EUA? Abram o jornal e riam dos analistas", disse Guedes aos empresários.
Sobre os gastos do governo, Guedes afirmou que o governo Bolsonaro será o primeiro a encerrar o mandato gastando menos.
"Se ficarmos, será menos ainda, 17% ou 16% do PIB. Estamos deixando o País arrumadinho, mas dá pra afundar bastante [em caso de derrota de Bolsonaro]", afirmou.
Mesmo assim, o ministro reiterou que o governo federal tem pouco poder sobre as definições do orçamento e se disse a favor de repasses maiores a entes federativos.
"Nunca Estados e municípios receberam tanto; quem reclama é débil mental ou militante. A oposição nunca viu tanto dinheiro; somos republicanos, a favor da distribuição de recursos", disse Guedes.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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