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Eduardo Campos
Eduardo Campos
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.
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É a Política, estúpido!

Eduardo Campos
Eduardo Campos
2 de junho de 2019
10:46 - atualizado às 19:06
Jair Bolsonaro, Dias Toffoli, Onyx Lorenzoni, Rodrigo Maia
Estamos em um quadro em que a economia parece ditar menos o comportamento dos agentes econômicos e da própria população. - Imagem: Marcos Corrêa/PR/ Agência Brasil

A frase que inspira o título é a conhecida: “É a economia, estúpido”, que ajudou a eleger Bill Clinton presidente em 1992 e sempre foi utilizada no contexto de que o que importa para eleição e manutenção de um governo é a situação da economia.

De forma bastante sintética, a versão original sempre serviu bem ao contexto doméstico. Lula foi reeleito depois do Mensalão porque com economia crescendo, emprego e consumo, ninguém liga muito para a balbúrdia aqui do Planalto Central.

Dilma conseguiu surfar a mesma onda e demoliu as contas públicas para maquiar a economia e se reeleger. Acabou caindo não só porque foi escancarado um dos esquemas de corrupção mais profundos do planeta. Mas também porque conseguiu gerar a maior recessão que se tem notícia ao transformar o país em um laboratório de experiências econômicas heterodoxas (isso começou, de fato em 2008). Lembro aqui do Roberto Campos: “Ou Brasil acaba com os economistas da Unicamp, ou eles acabam com o Brasil.”

Agora, estamos em um quadro em que a economia parece ditar menos o comportamento dos agentes econômicos e da própria população. Tudo que importa é a política.

Falo “agora”, mas esse quadro que chamo de “dominância política” se firma desde o período do impeachment de Dilma. (O termo é uma variação do fenômeno econômico conhecido como dominância fiscal).

E eu com isso?

Vamos a um exemplo prático e que certamente bateu no bolso do leitor. Há duas semanas estávamos no meio da “semana do tsunami”. Denúncia contra o filho do presidente. Bolsonaro criticando novamente o Congresso, que dá um grito de independência. Os primeiros protestos de grande monta no dia 15. E um texto apócrifo, endossado por Bolsonaro, falando em um país ingovernável, trazendo de volta o traumático termo impeachment e discussões sobre um parlamentarismo branco.

Resultado, Ibovespa na mínima do ano, abaixo dos 90 mil pontos, no dia 17, e dólar a R$ 4,10, testando o grau de liberalismo de todo mundo. “Não vai ter Disney” era a piada no “Twitter”.

Ninguém estava preocupado com o pibinho, desemprego, confiança, produção industrial. O foco estava todo aqui, em Brasília. O presidente ia mesmo para o confronto com o Congresso? Que parcela da população ia apoiar isso? Qual seria o cenário para bolsa, câmbio e juros em um eventual impeachment? Como seria Mourão presidente? Até que ponto Rodrigo Maia funciona como primeiro-ministro?

A distensão

A semana seguinte começa com sinais de distensão. Bolsonaro amansa o discurso, o relator da reforma da Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) defende R$ 1 trilhão de economia ao lado de Paulo Guedes. Rodrigo Maia firma compromisso com alguns projetos, "apesar do governo".

A incerteza que pairava era sobre as manifestações do dia 26, que gerou racha dentro da base de apoio do próprio presidente, já que havia preocupação com possíveis gestos pouco republicanos como fechar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). No balanço da semana, Ibovespa sobe 4% e dólar recua 2%, mas ainda acima dos R$ 4.

As manifestações ocorreram e entre as diversas versões para o mesmo fato, o ponto que chama atenção para nossa tese aqui é o apoio a pautas impopulares, como as reformas, e a defesa do ministro da Economia, que já era um popstar desde o “Tchutchuca é a mãe” . Breve digressão. Quando na história desse país teríamos um ministro da Economia ovacionado nas ruas (mesmo que por parte delas), com crescimento pífio e desemprego alto? Explica isso pro gringo...

Vai ter Disney!

Chegamos, agora, à semana que passou e temos a notícia de um pretendido pacto entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Algo que tinha sido mencionado por Bolsonaro após as manifestações, mas que na verdade é uma ideia mais antiga do presidente do STF, ministro Dias Toffoli.

Mesmo com mundo pouco favorável a ativos de risco, o Ibovespa galgou nova valorização semanal de 3,6%, e fechou o mês com alta de 0,70%, primeiro maio positivo em dez anos. O dólar veio abaixo dos quatro reais, R$ 3,9255 para ser exato. “Vai ter Disney!”

Ao longo do período, publiquei algumas entrevistas com economistas e gestores de recursos e a preocupação comum era com a política.

Como o presidente vai construir essa nova relação com o Parlamento, sem precisar retomar práticas espúrias? Como extrair da política e da sua lógica incontornável, o poder, um consenso mínimo para tirar o país do impasse econômico?

Sempre que essas questões clareiam um pouco, os preços melhoram e preços não mentem, apesar de se equivocarem, por vezes.

Tenho citado que Max Weber afirma que aquele que procura a salvação das almas, sua e do próximo, não deve procurá-la nas avenidas da política. Por aqui, parece não haver alternativa. E fala de Guedes depois do pibinho deixa isso claro. Não viramos uma Venezuela, mas ainda não temos a certeza de que escaparemos do destino da Argentina. O rumo que vamos tomar passa, justamente, pelas avenidas da política.

Mas e agora?

A dúvida, agora, é como e se esse pacto vai funcionar. Há quem veja o pacto como uma reposta à semana do tsunami, já que todos sabem que o custo de um impeachment nesse momento não se justifica.

Outros avaliam que a voz das ruas teve efeito. O grito contra a política levou os políticos a pensarem e, não por acaso, ninguém mais quer ser atrelado ao famigerado Centrão.

Alguns acham que foi uma cartada de Bolsonaro, que colocou o Congresso em corner, pois se não assinar, cresce a revolta contra a política. E há ainda quem diga que o STF também está querendo melhorar um pouco a sua imagem.

Para nós aqui, não importa a versão que vai prevalecer, mas sim que o pacto funcione.

República de um só Poder

No entanto, já estamos vendo algumas reações negativas ao pacto. Do lado dos políticos, a crítica é que isso seria uma forma de subserviência ao Executivo. Mas aqui se chega a bom termo, a plasticidade da política permite isso.

A perna que preocupa mesmo é a do Judiciário, já que distintas associações de magistrados vociferam contra a iniciativa de Toffoli, usando a Constituição e os pobres como um escudo para perpetuar a tirania do status quo, que se traveste de "cláusulas pétreas" e "direitos adquiridos".

Aliás, esse é um risco pouco quantificado ainda. Vemos um esforço conjugado para as reformas passarem no Congresso, mas esquecemos que tudo, TUDO, nesse país tem um terceiro turno no STF. Somos, praticamente, uma República de um Poder só, o que usa toga.

Pouca gente lembra, mas no começo de fevereiro, dias após o Congresso tomar posse, o ministro Ricardo Lewandowski publicou um artigo na "Folha de S.Paulo", com o sugestivo título: "Limite às reformas".

Mas esse é assunto para outro dia. Por ora, esqueça ou dê menos importância aos cadernos de economia. Foque na política e leia a política como ela é e não como você acha que ela deveria ser.

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