Fundo imobiliário ainda é uma boa? É como comprar um escritório na Faria Lima com uns trocados e receber aluguel livre de imposto
Juro baixo e melhora da atividade devem garantir bons retornos para os fundos imobiliários, que já são opção de investimento para mais de 300 mil pessoas

As perspectivas de retomada da atividade e de taxa Selic estável em 6,5% ou mesmo caindo para novas mínimas históricas embasam as boas perspectivas para os Fundos de Investimento Imobiliário (FII) não só no segundo semestre de 2019, mas também para os próximos anos.
Onde investir no segundo semestre de 2019
Esta matéria faz parte de uma série de reportagens sobre onde investir no segundo semestre de 2019, com as perspectivas para os diferentes ativos. São eles:
- Tesouro Direto
- Ações
- Imóveis
- Fundos imobiliários (você está aqui)
- Criptomoedas
- Renda fixa, além do Tesouro Direto
- Câmbio
O FII é uma boa forma de exposição ao setor imobiliário, com ampla diversificação e baixo capital inicial, coisa de R$ 100 bastam para começar. Uma boa forma de encarar um FII é pensar em uma troca. No lugar da compra de imóveis para investimento, o investidor opta por frações de diversos imóveis. Como foi explicado nesta reportagem, as perspectivas econômicas apontam para que o mercado imobiliário ingresse em um novo ciclo de crescimento.
Ao comprar uma cota de um ou mais FII você se torna sócio de empreendimentos comerciais, como shoppings, lajes corporativas, condomínios logísticos e outros. O dinheiro aplicado também pode ir para ativos de renda fixa com Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Letras de Crédito Imobiliário (LCI).
Outra vantagem é a praticidade, pois a compra e venda é feita no ambiente de bolsa de valores, como se fosse uma ação. Nada de corretores e cartórios. Além disso, as cotas de FII tem o atrativo de pagarem um dividendo mensal que é isento de Imposto de Renda.
Como escrevi no começo do ano, o FII permite realizar o sonho da casa própria com R$ 100 e aluguéis pingando na conta sem precisar ter com a Receita. Só no caso de ganho com a valorização da cota do FII é que o investidor recolhe imposto de 20% sobre o ganho de capital.
Leia Também
Se o leitor ainda não está familiarizado com esse tipo de investimento no pé da página há uma série de links que vão ajudar a entender melhor.
Popular entre as pessoas físicas
Para dar uma dimensão de como esse mercado está crescendo de forma rápida, o número de investidores já passa dos 317 mil, contra pouco mais de 100 mil investidores em 2017. Temos 179 fundos listados contra 138 em 2017 e as novas ofertas em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) passam dos R$ 10 bilhões, dos quais cerca de R$ 5 bilhões já foram captados.
O FII se apresenta com uma alternativa de diversificação de carteira num momento em que as oportunidades em renda fixa estão menos atrativas. Aquela aplicação que pagava 1% ao mês fica cada vez mais distante sem que o investidor corra um risco proporcional, mas temos FIIs pagando 8% ao ano ou mais em dividendos, livre de imposto.
O índice Ifix, que pode ser encarado como o "Ibovespa dos fundos imobiliários", rendeu 11,67% no primeiro semestre deste ano, bem acima dos 3,07% do CDI no período. É um rendimento digno de aplicações mais arriscadas, mas com menor risco.
Segundo o analista de investimentos imobiliários da Rio Bravo Investimentos, Alexandre Rodrigues, a volatilidade do Ifix, é cerca de um terço menor que o principal índice de ações da bolsa brasileira. Dá para dizer que o FII é um meio termo entre sair da renda fixa e começar a tomar um pouco mais de risco, mas com menos volatilidade que o mercado de ações. Outra vantagem é a previsibilidade de caixa dada pelo pagamento mensal de dividendos.
O responsável pela área de Fundos Imobiliários da Guide Investimentos, Lucas Stefanini, também aponta os FIIs como opção de migração para o investidor da renda fixa tradicional. “O FII é uma opção que está no meio termo. Tem maior rentabilidade que a renda fixa e não é tão arrojado como a bolsa”, diz.
Não deixe dinheiro na mesa
Stefanini avalia que os FIIs são a forma mais eficiente e rentável de investir no mercado imobiliário. A compra de um apartamento ou mesmo de lojas para alugar dá muito trabalho e o retorno é menor.
“Essa é a mensagem a ser passada. O investidor deixa dinheiro na mesa por falta de informação sobre esse mercado, que está em crescimento, mas ainda não é nada perto do potencial que tem. Devemos ter anos muito bons para essa classe de ativo”, afirma.
Rodrigues, da Rio Bravo, aponta a vantagem do fracionamento de capital e da possibilidade de ter acesso a empreendimentos em bairros ou setores que são de difícil acesso às pessoas físicas, como lajes comerciais na avenida Faria Lima.
Onde estão as oportunidades?
Os dois especialistas avaliam que o mercado de lajes corporativas passa por um interessante momento de recuperação, especialmente em São Paulo. Depois de anos com oferta acima da demanda, a relação começa a se equilibrar, o que deve resultar em maiores preços de aluguel.
“Temos uma oferta baixa de novos empreendimentos e começamos a ver apreciação do metro quadrado. Algumas regiões já estão com taxa de vacância próxima de um dígito”, diz Stefanini, da Guide.
Outro segmento recomendado por Rodrigues é o de galpões logísticos, que também apresentam aumento de demanda, principalmente em regiões próximas aos grandes centros.
Stefanini também vê com bons olhos os FIIs de shoppings centers, que são mais resilientes nos momentos difíceis de mercado, pois possuem fontes diversificadas de receita, e nos bons momentos tendem a ver aumento da receita junto com o crescimento do consumo.
Para quem está começando
Para o investidor que está começando no mundo dos FIIs a recomendação é olhar os chamados fundo de fundos, que como o nome diz, investem em outros FIIs. Aqui, o investidor terceiriza a escolha para um gestor profissional.
Outra pedida são os chamados fundos de papel. Eles têm esse nome pois investem em títulos atrelados ao mercado, como CRI e LCI. Esses fundos costumam apresentar menor variação no preço das cotas.
Riscos e cuidados
Rodrigues, da Rio Bravo, lembra que apesar de todas as vantagens que o FII oferece, o investidor tem de estar ciente de que se trata de um instrumento de renda variável.
“Quando você compra um imóvel, você não recebe proposta de compra e venda todos dos dias. No FII você tem pressão para os dois lados. O investidor tem que ter essa calma de entender que é renda variável e a cota pode cair sim”, explica Rodrigues.
O investidor é atraído pelo elevado valor do dividendo que alguns fundos pagaram no passado, mas aqui, como em outros investimentos, vale a máxima de que rentabilidade passada não é garantia de retorno futuro.
Assim, há uma “lição de casa” a ser feita, como conhecer quem é o gestor, qual a qualidade dos imóveis em carteira, qual a facilidade de achar novos inquilinos, qual o tipo dos contratos e outras informações que podem ser encontradas em relatórios gerenciais. Cada fundo tem seu risco individual e é importante o investidor estar atento a isso.
A dica não é nova, mas uma saída é buscar diversificar a exposição com diferentes tipos de fundos em carteira. Outra coisa, se você não precisa do dividendo mensal, reinvista essa receita.
Categorias e o que olhar
Os FIIs podem ser distribuídos em grandes categorias que variam de acordo com sua estratégia de investimento.
Fundos de Tijolo: Representam imóveis físicos. Compram empreendimentos para alugar e gerar renda. A maior parte dos FIIs está nessa categoria que se subdivide em: lajes corporativas, shoppings, galões de logística, agências bancárias, galpões industriais, lojas, supermercados, hotéis, universidades e hospitais. O risco a ser considerado é o de vacância.
Fundos de Desenvolvimento: Parecido com o fundo de tijolo. Investe em projetos para posterior venda. É como se fosse uma empresa de construção, mas que não pode operar alavancada. Risco advém de problemas com construção e venda. A maioria é mista, com projetos e papéis na sua carteira. Esses fundos, geralmente, não pagam dividendo mensal.
Fundos de Papel: Investem majoritariamente em recebíveis imobiliários, que são títulos de renda fixa atrelados ao financiamento do setor como CRI e LCI. É uma forma de exposição mais diversificada já que um FII pode ter diversos CRIs e LCIs, com custo menor e liquidez maior que a compra individual desses ativos. Tendem a apresentam maior estabilidade patrimonial e menor volatilidade das cotas.
Fundos de Fundos: Aplicam, majoritariamente, em cotas de outros FIIs. Basicamente o investidor transfere ao gestor a seleção dos FIIs.
Replico aqui um breve glossário já feito sobre termos comuns no segmento de FIIs
- Retorno mensal ou “dividend yield”: O atrativo do FII é a geração mensal de renda. Aqui é importante avaliar o patamar de retorno mensal e anual para saber se o aporte compensa. Pagamento elevado nem sempre é sinônimo de consistência.
- Valor patrimonial e valor da cota: O valor patrimonial representa a avaliação dos ativos do fundo. O valor da cota é o valor de mercado negociado em bolsa. Não é incomum ter fundos negociados abaixo do valor patrimonial. A ideia aqui é saber se o FII está sendo negociado com desconto ou com um prêmio. Já o valor patrimonial da cota é dado pela divisão do patrimônio pelo número de cotas, que se obtém nos relatórios e informes mensais.
- Vacância: Carteiras bem geridas apresentam taxas de imóveis desocupados menores do que a média do mercado. Taxas elevadas podem comprometer o pagamento dos rendimentos. Qualidade dos imóveis e localização impactam nessa métrica.
- Preço do metro quadrado do aluguel: O valor ajuda a identificar se os preços praticados pelo FII nos seus contratos estão em linha com o mercado onde o empreendimento está localizado.
- Área bruta locável (ABL): Dado informado pelo FII em seus documentos que mostra o total de metros quadrados disponíveis para locação. Métrica utilizada para levantamento de preço médio de aluguel, bem como para estimativas de vacância.
Mesmo investimentos isentos de Imposto de Renda não escapam da Receita: veja por que eles precisam estar na sua declaração
Mesmo isentos de imposto, aplicações como poupança, LCI e dividendos precisam ser informadas à Receita; veja como declarar corretamente e evite cair na malha fina com a ajuda de um guia prático
Quanto e onde investir para receber uma renda extra de R$ 2.500 por mês? Veja simulação
Simulador gratuito disponibilizado pela EQI calcula o valor necessário para investir e sugere a alocação ideal para o seu perfil investidor; veja como usar
Tem offshore? Veja como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa jurídica no IR 2025
Regras de tributação de empresas constituídas para investir no exterior mudaram no fim de 2023 e novidades entram totalmente em vigor no IR 2025
A coruja do Duolingo na B3: aplicativo de idiomas terá BDRs na bolsa brasileira
O programa permitirá que investidores brasileiros possam investir em ações do grupo sem precisar de conta no exterior
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Como declarar recursos e investimentos no exterior como pessoa física no imposto de renda 2025
Tem imóvel na Flórida? Investe por meio de uma corretora gringa? Bens e rendimentos no exterior também precisam ser informados na declaração de imposto de renda; veja como
Gestora controlada por Verde Asset, de Luis Stuhlberger, tenta captar R$ 400 milhões com primeiro fundo imobiliário
FII Verde A&I Cedro Portfolio Renda é o nome do novo fundo imobiliário a ser lançado por Stuhlberger.
É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025
A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Como declarar fundos de investimento no imposto de renda 2025
O saldo e os rendimentos de fundos devem ser informados na declaração de IR. Saiba como declará-los
Natura (NTCO3) renova contrato de locação de imóvel do FII BRCO11 e cotas sobem mais de 2% na bolsa hoje
Com a renovação do acordo pela Natura, o fundo imobiliário parece ter deixado para trás a fase de pedidos de rescisão antecipada dos contratos de locação de seus imóveis
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Como declarar fiagros e fundos imobiliários (FIIs) no imposto de renda 2025
Fundos imobiliários e fiagros têm cotas negociadas em bolsa, sendo tributados e declarados de formas bem parecidas
De olho na classe média, faixa 4 do Minha Casa Minha Vida começa a valer em maio; saiba quem pode participar e como aderir
Em meio à perda de popularidade de Lula, governo anunciou a inclusão de famílias com renda de até R$ 12 mil no programa habitacional que prevê financiamentos de imóveis com juros mais baixos
Ainda há espaço no rali das incorporadoras? Esta ação de construtora tem sido subestimada e deve pagar bons dividendos em 2025
Esta empresa beneficiada pelo Minha Casa Minha Vida deve ter um dividend yield de 13% em 2025, podendo chegar a 20%
Lucro de 17% isento de Imposto de Renda e com ‘pinga-pinga’ mensal na conta: veja como investir em estratégia ‘ganha-ganha’ com imóveis
EQI Investimentos localiza oportunidade em um ativo com retorno-alvo de 17% ao final de 2025, acima da inflação e da taxa básica de juros atual
Como declarar opções de ações no imposto de renda 2025
O jeito de declarar opções é bem parecido com o de declarar ações em diversos pontos; as diferenças maiores recaem na forma de calcular o custo de aquisição e os ganhos e prejuízos
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale