Caro ou barato? É tudo relativo!
Se você pode pegar seu celular e, em segundos, comparar preços de um tênis em 47 lojas diferentes, a coisa complica um pouco mais quando falamos de ações. Mas os analistas financeiros criaram algumas ferramentas para comparar preços e empresas.
Dentre as teorias para explicar por que a inflação nos EUA não pega no breu, gosto particularmente da ideia de que, com o e-commerce e as pesquisas de preço online o tempo todo em suas mãos, as pessoas simplesmente se recusam a pagar mais pelos produtos.
Se você pode pegar seu celular e, em segundos, comparar preços de um tênis em 47 lojas diferentes, o espaço para a alta de preços fica limitado e o varejista se vê obrigado a dar descontos para fechar a venda.
Ninguém mais cai naquela de comprar uma TV na loja física da Fastshop pagando 20% a mais do que ela custa na loja online – você até vai à loja, olha o produto, tira suas dúvidas e, no fim das contas, chega em casa e compra no site que estiver com o menor preço.
Em busca do valor
Se é ridiculamente fácil saber se uma camisa está cara ou barata, a coisa complica um pouco mais quando falamos de ações.
Não dá para abrir o Buscapé e pesquisar o preço de Petrobras. É difícil comparar as características da Magazine Luiza com Lojas Americanas e, na Black Friday, não tem ninguém anunciando ações da Vale com 30% de desconto.
Mas os analistas financeiros criaram algumas ferramentas para comparar preços e empresas que, apesar de estarem longe de ser infalíveis, nos dão uma baita mão na hora de decidir entre comprar ou não uma ação.
Leia Também
Antes de mais nada, o preço de uma ação, por si só, não diz nada. Uma ação a R$ 10 pode ser extremamente cara e outra, a R$ 1.200 pode ser a maior barganha da sua vida.
Ações são representações de participação em um negócio. E seu preço só traz alguma informação quando comparado com alguma outra variável.
A primeira comparação possível, e mais lógica, é tentar avaliar o preço de uma ação com o que seria seu valor intrínseco – para calcular esse tal valor intrínseco, analistas financeiros criaram um negócio que se chama “fluxo de caixa descontado” (DCF, da sigla em inglês).
A brincadeira é estimar todos os fluxos de caixa que uma empresa vai gerar daqui até o fim dos tempos e, com base em uma taxa de desconto (conhecido como custo de capital), trazer a somatória desses fluxos a valor presente.
Essa somatória é o valor da empresa que, dividido pelo número de ações, nos dá o valor justo de cada ação. Comparando esse valor com o preço de tela, você conclui se a danada está cara ou barata.
Difícil previsão
Se isso parece uma tarefa mística, é porque é, mesmo.
Fazer o DCF envolve estimar o que vai acontecer 10, 20, 30 anos no futuro e, meu amigo, se tenho dificuldades em estimar quanto comprar de cerveja para um churrasco, imagine minha capacidade de prever quanto a Ambev vai vender de cerveja em 2032.
Nem vou falar sobre a taxa de desconto, que é um problema em si mesma, e é extremamente relevante para o resultado final da brincadeira.
Nada tenho contra o DCF – é uma baita ferramenta para analisar negócios, entender drivers e até descobrir que tipo de premissas estão embutidas no preço das ações. Mas, tirando algumas exceções (como concessões e ativos bem maduros), acho um modelo ruim para determinar valor.
O que preocupa é ver gente por aí usando o modelo como se fosse uma verdade absoluta e se guiando nos números cuspidos pelo Excel como se fossem mandamentos extraídos diretamente do Velho Testamento.
Empresa x Empresa
Beleza. Se não dá para confiar no valor intrínseco, ou absoluto, o que nos resta?
Oras, se barato ou caro é um conceito relativo, o melhor a fazer é comparar o preço das ações de uma empresa com preços de ações de outra empresa.
Esse tipo de análise, não à toa chamada de relativa, é feita com base nos múltiplos – se o preço de uma ação não diz muita coisa, comparar os R$ 39,7 de Lojas Renner (LREN3) com os R$ 169 de Magazine Luiza (MGLU3) não vai te levar a lugar nenhum. Os múltiplos transformam preços de ações em indicadores comparáveis.
Um múltiplo nada mais é do que uma relação entre duas variáveis – se você puxar suas aulas de álgebra na memória, talvez se lembre que as frações são formas de expressar relações.
Reais por metros quadrados, quilômetros por litro, calorias por 100 gramas e gols por partida são todos múltiplos que você usa no dia a dia sem nem perceber que está ali, colocando as coisas na forma de fração.
Da mesma forma, dá para olhar para as ações e estabelecer uma relação entre seu preço e alguma variável financeira das empresas: uma das mais populares é o preço por lucro (do inglês P/E).
A métrica é fácil: você pega o preço por ação e divide pelo lucro por ação (lucro total pelo número de ações).
Para ilustrar: nos últimos doze meses, a Lojas Renner teve lucro de R$ 912 milhões. Como a companhia tem cerca de 718 milhões de ações em circulação, seu lucro por ação foi de R$ 1,27. Assim, o P/E de Renner é 31,2x (39,70/1,27).
Esse número, por si só, já nos diz algumas coisas – seriam necessários 31 anos para que a empresa retornasse, na forma de lucro, o valor investido em uma ação.
Isso equivale a um retorno anual de 3,2% – é muito pouco quando comparado com o CDI, de 6,5% ao ano.
O P/E de Magazine Luiza é ainda maior: 56,15x – um retorno anual de 1,78% – você teria que esperar 56 anos para ter de volta o valor investido na ação.
No conceito relativo, as ações de Magazine Luiza estão mais caras do que as ações de Lojas Renner e ambas parecem caras quando olhamos para o CDI.
Compro ou vendo?
Mas tem gente comprando tanto uma quanto outra, por quê?
É aí que entra a parte da análise de fato.
Tanto Renner quando Magalu têm crescido de forma impressionante nos últimos anos – se o lucro aumenta, o “E” do P/E aumenta e a relação entre preço e lucro cai – chamamos isso de contração de múltiplos.
Nos últimos cinco anos, o lucro de Renner cresceu, em média, 17,2% ao ano. Magazine Luiza, um dos maiores fenômenos da Bolsa brasileira, cresceu 39,5% no período.
Não à toa, quem comprou LREN3 em dezembro de 2013 está com retorno acumulado de 293%. E quem investiu uns trocados em MGLU3 não deve estar com muitas preocupações financeiras – as ações se valorizaram em 2.300% – isso mesmo, cada R$ 1 investido deu R$ 23 de retorno!
Agora, olha que interessante, Magazine opera a um P/E que é 1,8x maior do que o P/E de Lojas Renner. Mas ela cresceu a uma taxa 2,3x maior nos últimos cinco anos.
Peg pague
Será que Magazine está, mesmo, mais cara do que Renner?
Para responder a essa pergunta, os caras inventaram um outro múltiplo, chamado Peg Ratio que nada mais é do que a divisão do P/E pela taxa anual de crescimento dos lucros. É um dos múltiplos mais utilizados para avaliar empresas que crescem muito, ou as growth stocks, como o pessoal as chama carinhosamente.
Olhando para os últimos cincos anos, o Peg de Renner é 1,8x. O de Magazine Luiza fica em 1,4x. Assim, quando ajustamos para o crescimento passado, Magalu está mais barata do que Renner, simplesmente porque ela cresce muito mais rapidamente.
O problema é que o passado importa pouco – é preciso saber se as companhias continuarão crescendo e a qual taxa. Aqui, a futurologia entra em campo novamente, mas geralmente trabalhamos com um período mais curto e, portanto, um pouco mais “estimável”.
O consenso para Renner é um crescimento de 22% para os próximos três anos e 35,4% para Magazine. Os pegs ficam, respectivamente, em 1,42x e 1,58x e o jogo se inverte, Magazine estaria cara no relativo.
Agora, a pergunta que realmente importa, será que vale a pena comprar alguma das duas ações?
Essa resposta eu te dou na semana que vem – vou te falar sobre um gênio chamado Peter Lynch, como ele olha para o Peg Ratio e de como decide entre comprar ou não as growth stocks.
Maiores quedas e altas do Ibovespa na semana: com cenário eleitoral e Copom ‘jogando contra’, índice caiu 1,4%; confira os destaques
Com Copom firme e incertezas políticas no horizonte, investidores reduziram risco e pressionaram o Ibovespa; Brava (BRAV3) é maior alta, enquanto Direcional (DIRR3) lidera perdas
Nem o ‘Pacman de FIIs’, nem o faminto TRXF11, o fundo imobiliário que mais cresceu em 2025 foi outro gigante do mercado; confira o ranking
Na pesquisa, que foi realizada com base em dados patrimoniais divulgados pelos FIIs, o fundo vencedor é um dos maiores nomes do segmento de papel
De olho na alavancagem, FIIs da TRX negociam venda de nove imóveis por R$ 672 milhões; confira os detalhes da operação
Segundo comunicado divulgado ao mercado, os ativos estão locados para grandes redes do varejo alimentar
“Candidatura de Tarcísio não é projeto enterrado”: Ibovespa sobe e dólar fecha estável em R$ 5,5237
Declaração do presidente nacional do PP, e um dos líderes do Centrão, senador Ciro Nogueira (PI), ajuda a impulsionar os ganhos da bolsa brasileira nesta quinta-feira (18)
‘Se eleição for à direita, é bolsa a 200 mil pontos para mais’, diz Felipe Miranda, CEO da Empiricus
CEO da Empiricus Research fala em podcast sobre suas perspectivas para a bolsa de valores e potenciais candidatos à presidência para eleições do próximo ano.
Onde estão as melhores oportunidades no mercado de FIIs em 2026? Gestores respondem
Segundo um levantamento do BTG Pactual com 41 gestoras de FIIs, a expectativa é que o próximo ano seja ainda melhor para o mercado imobiliário
Chuva de dividendos ainda não acabou: mais de R$ 50 bilhões ainda devem pingar na conta em 2025
Mesmo após uma enxurrada de proventos desde outubro, analistas veem espaço para novos anúncios e pagamentos relevantes na bolsa brasileira
Corrida contra o imposto: Guararapes (GUAR3) anuncia R$ 1,488 bilhão em dividendos e JCP com venda de Midway Mall
A companhia anunciou que os recursos para o pagamento vêm da venda de sua subsidiária Midway Shopping Center para a Capitânia Capital S.A por R$ 1,61 bilhão
Ação que triplicou na bolsa ainda tem mais para dar? Para o Itaú BBA, sim. Gatilho pode estar próximo
Alta de 200% no ano, sensibilidade aos juros e foco em rentabilidade colocam a Movida (MOVI3) no radar, como aposta agressiva para capturar o início do ciclo de cortes da Selic
Flávio Bolsonaro presidente? Saiba por que o mercado acendeu o sinal amarelo para essa possibilidade
Rodrigo Glatt, sócio-fundador da GTI, falou no podcast Touros e Ursos desta semana sobre os temores dos agentes financeiros com a fragmentação da oposição frente à reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva
‘Flávio Day’ e eleições são só ruído; o que determina o rumo do Ibovespa em 2026 é o cenário global, diz estrategista do Itaú
Tendência global de queda do dólar favorece emergentes, e Brasil ainda deve contar com o bônus da queda na taxa de juros
Susto com cenário eleitoral é prova cabal de que o Ibovespa está em “um claro bull market”, segundo o Santander
Segundo os analistas do banco, a recuperação de boa parte das perdas com a notícia sobre a possível candidatura do senador é sinal de que surpresas negativas não são o suficiente para afugentar investidores
Estas 17 ações superaram os juros no governo Lula 3 — a principal delas entregou um retorno 20 vezes maior que o CDI
Com a taxa básica de juros subindo a 15% no terceiro mandato do presidente Lula, o CDI voltou a assumir o papel de principal referência de retorno
Alta de 140% no ano é pouco: esta ação está barata demais para ser ignorada — segundo o BTG, há espaço para bem mais
O banco atualizou a tese de investimentos para a companhia, reiterando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo para os papéis de R$ 14 para R$ 21,50
Queda brusca na B3: por que a Azul (AZUL4) despenca 22% hoje, mesmo com a aprovação do plano que reforça o caixa
As ações reagiram à aprovação judicial do plano de reorganização no Chapter 11, que essencialmente passa o controle da companhia para as mãos dos credores
Ibovespa acima dos 250 mil pontos em 2026: para o Safra é possível — e a eleição não é um grande problema
Na projeção mais otimista do banco, o Ibovespa pode superar os 250 mil pontos com aumento dos lucros das empresas, Selic caindo e cenário internacional ajudando. O cenário-base é de 198 mil pontos para o ano que vem
BTG escala time de ações da América Latina para fechar o ano: esquema 4-3-3 tem Brasil, Peru e México
O banco fez algumas alterações em sua estratégia para empresas da América Latina, abrindo espaço para Chile e Argentina, mas com ações ainda “no banco”
As ações que devem ser as melhores pagadoras de dividendos de 2026, com retornos de até 15%
Bancos, seguradoras e elétricas lideram e uma empresa de shoppings será a grande revelação do próximo ano
A torneira dos dividendos vai secar em 2026? Especialistas projetam tendências na bolsa diante de tributação
2025 caminha para ser ano recorde em matéria de proventos; em 2026 setores arroz com feijão ganham destaque
Bancos sobem na bolsa com o fim das sanções contra Alexandre de Moraes — Banco do Brasil (BBAS3) é o destaque
Quando a sanção foi anunciada, em agosto deste ano, os papéis dos bancos desabaram devido as incertezas em relação à aplicação da punição