Se cuida, Powell: Trump coloca o Fed na panela de pressão e fala pela primeira vez de inflação e juros depois da posse
Mercado reajusta posição sobre o corte de juros neste ano após as declarações do republicano no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça; reunião do Fomc está marcada para a semana que vem

Há cinco dias de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciar a primeira decisão de política monetária de 2025, o presidente dos EUA, Donald Trump, mandou um recado: os juros devem cair imediatamente.
O republicano falou duas vezes sobre o assunto: a primeira no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça e a segunda, já no final do dia, no Salão Oval da Casa Branca.
Declarando que sabe mais sobre juros do que o Fed, Trump afirmou que vai conversar com Jerome Powell, o chefe do BC dos EUA, no momento certo.
"Quando os preços de energia caírem, nocautearão a inflação e derrubarão os juros", disse Trump enquanto assinava decretos na Casa Branca.
Questionado pelos repórteres presentes se ele tinha a expectativa de ser ouvido por Powell, respondeu: "sim, espero que ele me ouça".
Powell no caldeirão de Trump
A pressão por juros baixos já tinha vindo mais cedo, quando Trump participou do Fórum Econômico Mundial de Davos, remotamente. Ali, o republicano afirmou que as taxas deveriam ser reduzidas no mundo todo por conta da sua vitória nas eleições de 2024.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
“Com os preços do petróleo caindo, exigirei que as taxas de juros caiam imediatamente e, da mesma forma, elas deveriam cair em todo o mundo”, afirmou.
As declarações revivem os momentos de pressão — e tensão — entre Trump e o Fed no primeiro mandato do republicano que, por várias vezes, ameaçou Jerome Powell de demissão do comando do banco central norte-americano.
A postura de Trump, no entanto, não deve pegar Powell de surpresa. Durante a campanha eleitoral, o republicano criticou algumas vezes a condução da política monetária pelo Fed e disse que se sentia livre para comentar sobre os juros.
Para manter a independência do BC, a Casa Branca evita falar sobre decisões de política monetária — uma tradição quebrada por Trump na primeira vez em que esteve no poder.
Trump também fala da inflação
Pela primeira vez desde que tomou posse, Trump também falou da inflação — que segue acima da meta de 2% do banco central norte-americano.
“Orientei minha equipe a derrotar a inflação e reduzir custos”, afirmou ele em Davos, acrescentando que “políticas equivocadas da gestão anterior levaram à aceleração da inflação, ao aumento do preço dos alimentos e à piora da economia”.
Nesse momento, Trump listou uma série de medidas para reverter o que chamou de caos econômico.
“Minha administração está agindo com uma velocidade sem precedentes para corrigir os desastres herdados de um grupo de pessoas totalmente ineptas e resolver todas as crises que nosso país enfrenta. Isso começa com o confronto com o caos econômico causado pelas políticas fracassadas da última administração”, disse.
Trump ressaltou que assinou uma série de medidas para corte de gastos e desregulamentações, incluindo um congelamento federal de contratações, o encerramento do New Deal verde — que prevê uma série de medidas econômicas favoráveis ao meio ambiente — e o mandato do veículo elétrico, um apelido que deu às políticas de descarbonização e eletrificação de veículos iniciadas por Joe Biden.
"Isso não apenas reduzirá o custo de praticamente todos os bens e serviços, mas também tornará os Estados Unidos uma superpotência manufatureira e a capital mundial da inteligência artificial e das criptomoedas", disse.
ONDE INVESTIR EM 2025: Como buscar lucros em dólar com investimentos internacionais
Fed vai atender o pedido de Trump e cortar os juros?
Na última reunião, em dezembro, o Powell e os membros do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) deixaram claro que o momento de dar uma pausa no corte de juros estava se aproximando.
O recado foi reforçado pela projeções que reduziram à metade — de quatro para dois — o número de cortes de juros neste ano nos EUA.
Sem citar Trump nominalmente, as autoridades mencionaram a preocupação com a aceleração da inflação depois da mudança de governo no país.
Os cortes de impostos, as tarifas sobre outros países e o endurecimento das regras de imigração — medidas defendidas por Trump — são vistas como riscos potenciais para o aumento dos preços nos EUA.
O índice de preços para gastos pessoais (PCE, na sigla em inglês) — a medida preferida do Fed para a inflação — está em 2,4% atualmente, acima da meta de 2% do BC norte-americano.
Diante da previsão do Fed, o mercado adiou para junho a chance de um novo corte de juros nos EUA.
Depois das declarações de Trump, a possibilidade de a taxa cair por lá passou a 67%, de 65,4% do dia anterior, enquanto 33% (de 34,6% ontem) viam chances de manutenção dos juros.
Atualmente, os juros nos EUA estão na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano.
Focus prevê IPCA menor ao final de 2025, mas ainda acima do teto da meta: veja como buscar lucros acima da inflação com isenção de IR
Apesar da projeção de uma inflação menor ao final de 2025, o patamar segue muito acima da meta, o que mantém a atratividade dessa estratégia com retorno-alvo de 17% e livre de IR
Nova Ordem Mundial à vista? Os possíveis desfechos da guerra comercial de Trump, do caos total à supremacia da China
Michael Every, estrategista global do Rabobank, falou ao Seu Dinheiro sobre as perspectivas em torno da guerra comercial de Donald Trump
Donald Trump: um breve balanço do caos
Donald Trump acaba de completar 100 dias desde seu retorno à Casa Branca, mas a impressão é de que foi bem mais que isso
Trump: “Em 100 dias, minha presidência foi a que mais gerou consequências”
O Diário dos 100 dias chega ao fim nesta terça-feira (29) no melhor estilo Trump: com farpas, críticas, tarifas, elogios e um convite aos leitores do Seu Dinheiro
Ironia? Elon Musk foi quem sofreu a maior queda na fortuna nos primeiros 100 dias de Trump; veja os bilionários que mais saíram perdendo
Bilionários da tecnologia foram os mais afetados pelo caos nos mercados provocado pela guerra tarifária; Warren Buffett foi quem ficou mais rico
Trump pode acabar com o samba da Adidas? CEO adianta impacto de tarifas sobre produtos nos EUA
Alta de 13% nas receitas do primeiro trimestre foi anunciado com pragmatismo por CEO da Adidas, Bjørn Gulden, que apontou “dificuldades” e “incertezas” após tarifaço, que deve impactar etiqueta dos produtos no mercado americano
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Trump vai jogar a toalha?
Um novo temor começa a se espalhar pela Europa e a Casa Branca dá sinais de que a conversa de corredor pode ter fundamento
S&P 500 é oportunidade: dois motivos para investir em ações americanas de grande capitalização, segundo o BofA
Donald Trump adicionou riscos à tese de investimento nos EUA, porém, o Bank Of America considera que as grandes empresas americanas são fortes para resistir e crescer, enquanto os títulos públicos devem ficar cada vez mais voláteis
Acabou para a China? A previsão que coloca a segunda maior economia do mundo em alerta
Xi Jinping resolveu adotar uma postura de esperar para ver os efeitos das trocas de tarifas lideradas pelos EUA, mas o risco dessa abordagem é real, segundo Gavekal Dragonomics
Bitcoin (BTC) rompe os US$ 95 mil e fundos de criptomoedas têm a melhor semana do ano — mas a tempestade pode não ter passado
Dados da CoinShares mostram que produtos de investimento em criptoativos registraram entradas de US$ 3,4 bilhões na última semana, mas o mercado chega à esta segunda-feira (28) pressionado pela volatilidade e à espera de novos dados econômicos
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Huawei planeja lançar novo processador de inteligência artificial para bater de frente com Nvidia (NVDC34)
Segundo o Wall Street Journal, a Huawei vai começar os testes do seu processador de inteligência artificial mais potente, o Ascend 910D, para substituir produtos de ponta da Nvidia no mercado chinês
Próximo de completar 100 dias de volta à Casa Branca, Trump tem um olho no conclave e outro na popularidade
Donald Trump se aproxima do centésimo dia de seu atual mandato como presidente com taxa de reprovação em alta e interesse na sucessão do papa Francisco
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
7 livros ainda não editados em português e por que ler já, de Murakami a Laurie Woolever
De bastidores políticos à memórias confessionais, selecionamos títulos ainda sem tradução que valem a leitura
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio