Alemanha quer Europa ‘independente’ dos EUA — e os motivos do chanceler eleito vão além do apoio do governo Trump à extrema-direita alemã
Postura de Trump em relação à Europa parece ter sido a gota d’água para Friedrich Merz, o próximo chanceler alemão, mas não é só

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, celebrou na noite de domingo (24) a vitória dos conservadores na Alemanha.
A coalizão formada pela CDU e pela CSU alcançou 28,6% da votação, ganhando assim o direito de formar um governo sob a liderança de Friedrich Merz.
No entanto, em comentários bombásticos feitos à televisão alemã, Merz criticou a postura de Trump, questionou o futuro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e defendeu que a Europa busque a “independência” dos EUA.
Fiel ao próprio ego, Trump não citou Merz nem a coalizão CDU/CSU e reivindicou para si a maior parte dos louros da vitória do “partido conservador na Alemanha”.
Talvez porque Trump não estivesse necessariamente se referindo à coalizão vencedora.
A guinada dos alemães à direita fica mais evidente no resultado da AfD. O partido de extrema-direita ficou em segundo lugar, com 20,8% dos votos.
Trata-se do melhor desempenho proporcional de um partido de extrema-direita nas eleições nacionais alemãs desde a queda do regime nazista, há 80 anos.
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Diante do passado sombrio, os conservadores tradicionais alemães costumam manter a máxima distância possível da AfD.
Tanto é assim que a CDU tentará reeditar uma coalizão com os social-democratas do SPD. É uma aliança difícil e que só foi executada com sucesso sob a liderança de Angela Merkel (CDU).
Enfraquecido, o SPD de Olaf Scholz acaba de obter o pior resultado de sua história nas urnas, com 16,4% da votação. No entanto, isso é suficiente para formar um governo com a CDU/CSU, que descarta associar-se à AfD.
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O governo Trump e a extrema-direita alemã
Se os conservadores tradicionais alemães querem distância da AfD, o mesmo não se pode dizer de integrantes do alto escalão do governo Trump.
Durante a campanha na Alemanha, o vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, apoiou abertamente o partido. O bilionário Elon Musk foi além e discursou em uma convenção da AfD.
Depois das eleições de domingo, Alice Weidel, uma das principais expoentes da agremiação, afirmou que Musk entrou em contato para parabenizá-la pelo resultado.
- Recentemente, Musk e o ideólogo de Trump, Steve Bannon, tornaram-se alvo de críticas por terem feito uma conhecida saudação nazista em público.
As declarações de Merz
De qualquer modo, a simpatia da Casa Branca em relação à AfD não é o único (nem o principal) motivo por trás de uma inesperada mudança de atitude de Merz em relação aos EUA.
O atual líder da CDU é conhecido como um atlanticista de quatro costados. Mas a postura de Donald Trump em relação à Europa neste início de mandato parece ter sido a gota d’água para que Merz mudasse de ideia.
“Nunca imaginei que fosse dizer uma coisa dessas em um programa de televisão, mas, depois das declarações feitas na semana passada por Donald Trump, está claro que o governo dele não se importa nem um pouco com o destino da Europa”, disse ele.
Mas Merz foi além: “Minha absoluta prioridade é fortalecer a Europa o mais rápido possível para que, passo a passo, nós possamos realmente nos tornarmos independentes dos Estados Unidos”.
Não bastasse isso, ele questionou o futuro da Otan e conclamou os líderes europeus a assumirem a responsabilidade conjunta pela defesa do continente.
Trump é uma ameaça à Europa?
Os comentários bombásticos de Merz foram feitos durante debate pós-eleitoral realizado no domingo.
Para melhor entendê-los, é necessário colocar uma questão histórica em perspectiva. Há séculos, a Europa Ocidental trata a Rússia como uma ameaça à segurança, para não dizer existencial.
Agora, Merz parece ver os EUA de Donald Trump da mesma maneira.
“Estamos sob uma pressão tão intensa de ambos os lados [EUA e Rússia] que minha prioridade absoluta agora é estabelecer uma unidade europeia”, disse o chanceler eleito.
Na semana passada, Trump chegou a mencionar a possibilidade de revogar as garantias de segurança transatlântica vigentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
A mudança de postura do futuro líder da maior potência europeia coincide também com as negociações entre EUA e Rússia para encerrar a guerra na Ucrânia.
No terceiro aniversário da invasão da Ucrânia por tropas russas, Trump sentou-se para negociar com Vladimir Putin e excluiu o ucraniano Volodymir Zelensky.
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