Magazine Luiza (MGLU3) tem lucro quase 70% menor no 3T25 e CFO culpa a Selic: “ainda não estamos imunes”
A varejista registrou lucro líquido ajustado de R$ 21 milhões entre julho e setembro; executivo coloca o desempenho do período na conta dos juros elevados
Mais um trimestre em que a manchete do Magazine Luiza (MGLU3) esbarra em uma realidade que não deve mudar no curto prazo: a Selic mais alta. A varejista divulgou na noite desta quinta-feira (6) os resultados do terceiro trimestre de 2025, ainda à espera de que os cortes na taxa básica finalmente cheguem para aliviar a pressão sobre o negócio.
A companhia dirigida por Fred Trajano reportou um lucro líquido de R$ 84,6 milhões entre julho e setembro deste ano, uma queda de 17,4% em relação ao mesmo intervalo do ano passado.
Na base ajustada, que exclui efeitos não recorrentes de ganhos tributários no período, o lucro foi de R$ 21 milhões, quase 70% menor do que ano passado.
No entanto, sob as duas métricas, o número veio acima do esperado pelos analistas, que projetavam um lucro líquido de R$ 4 milhões, de acordo com o consenso da Bloomberg.
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Roberto Belíssimo, CFO da empresa, atribuiu o desempenho aos juros no país — que seguem no maior patamar em mais de uma década, a 15% ao ano.
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Magalu ainda não está imune à Selic
Na avaliação do executivo do Magazine Luiza, as outras principais linhas do balanço vieram em linha com o mesmo período de 2024.
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“Ou seja: a única variação relevante foi justamente o lucro e o que pesou foi o que não controlamos, os juros. A gente mitigou parte desse efeito gerando caixa e aumentando a participação do Pix, do Crédito Direto ao Consumidor [CDC] e do cartão Luiza, mas não ficamos totalmente imunes ao efeito da Selic”, diz Belíssimo.
- O CDC do Magazine Luiza é o Crédito Direto ao Consumidor, uma modalidade de financiamento oferecida pelo próprio Magalu, uma espécie de carnê digital. Ele é oferecido pelo Luizacred, braço financeiro da varejista.
As despesas financeiras do Magazine Luiza saltaram 36,6% na base anual, para R$ 609 milhões. A variação do CDI — ao qual as dívidas da empresa são atreladas — foi de cerca de 45% no período.
O CFO, no entanto, se anima com a perspectiva do mercado de queda nos juros, que tem sido aventada pelo mercado. Ele conta que, a cada corte de 1 ponto percentual na taxa básica, há um alívio de R$ 100 milhões a R$ 120 milhões nas despesas financeiras do Magalu.
“E não é só isso. O benefício é muito maior porque, com queda nos juros, vendemos mais, temos mais lucro operacional e a despesa financeira cai. Além disso, a concessão de crédito aumenta”, afirma.
Mais destaques do balanço
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) acelerou 13,2% ao a ano, para R$ 807 milhões, com margem de 8,9% — avanço de 1 ponto percentual (p.p) frente ao mesmo período de 2024.
O número ajustado foi de R$ 711,4 milhões, com margem de 7,9%, praticamente em linha com o ano passado.
As expectativas compiladas pela Bloomberg apontavam para um Ebitda de R$ 707 milhões, com margem de 7,6%.
Segundo a empresa, esse resultado reflete a contínua expansão das lojas físicas, o avanço da margem bruta de mercadorias, o controle das despesas e o bom desempenho da Luizacred.
A receita líquida foi de R$ 9 bilhões, também em linha com 2024. Segundo o consenso, o mercado esperava R$ 9,28 bilhões.
No terceiro trimestre, a variação no capital de giro foi de R$ 115 milhões, o que contribuiu para a geração de caixa operacional de R$ 535 milhões neste trimestre, com impulso de uma variação positiva no capital de giro.
O Magalu destacou o aumento de estoques e do saldo de fornecedores, um movimento alinhado à preparação para o quarto trimestre — que concentra grandes eventos promocionais como Black Friday e Natal.
Em outras palavras: a varejista comprou mais mercadorias para o fim do ano e, ao mesmo tempo, alongou ou ampliou prazos com fornecedores, o que diminui a necessidade de desembolso imediato e, por consequência, melhora o caixa no curto prazo, mesmo com o aumento dos estoques.
A queda nas vendas
No terceiro trimestre, o Magazine Luiza reportou R$ 15,1 bilhões em vendas totais, queda de 2,6% versus os mesmo intervalo de 2024.
Embora a performance das lojas físicas tenha avançado 5,2% diante de uma base já forte na comparação ano a ano (de 15,2%), o que pesou para as vendas foi a desaceleração no e-commerce, que perdeu 2,3 p.p de participação no total.
No e-commerce 1P — quando o Magalu vende produtos do próprio estoque —, houve uma retração de 1,7%. No total, as vendas no e-commerce caíram 5,8%.
O e-commerce 3P — quando a empresa funciona como plataforma intermediária das vendas, sem usar estoque próprio e sim de terceiros — continuou em franco declínio, movimento que já tinha sido visto desde o trimestre passado.
Essa linha do balanço caiu 11,7%, refletindo uma estratégia deliberada da empresa de focar em produtos com margem de contribuição mais elevada.
Cabe lembrar que na categoria 3P os produtos têm um ticket preço médio mais baixo e que o core business da companhia são eletrodomésticos (mais caros).
No trimestre anterior, o CEO do Magalu já havia deixado claro que a intenção era tirar o pé do acelerador nessa categoria, que é o centro da disputa entre os grandes players do setor — como Mercado Livre, Amazon e Shopee.
Essas gigantes internacionais vêm apostando pesado no Brasil e estão dispostas a investir forte nessa área, mesmo que isso pressione a lucratividade no curto prazo, algo que o Magalu não pode ‘bancar’ no momento.
“A gente tem privilegiado as categorias de ticket médio mais alto, porque são as mais tradicionais e com margens de contribuição maiores, isso protege a rentabilidade da companhia”, disse Belíssimo ao Seu Dinheiro.
“Já as categorias de ticket mais baixo, muitas vezes, acabam tendo o custo do frete ou do marketing tão elevado que tornam a margem de contribuição negativa”, acrescentou.
O ecossistema Magalu
Na tentativa de criar um negócio à prova de Selic, o Magalu vem investindo em um ecossistema que envolve outros negócios, o que é a principal aposta do grupo.
O LuizaCred é uma dessas iniciativas. A financeira teve um lucro líquido de R$ 68 milhões, avanço de quase 3% no ano, beneficiada pela queda de 0,8 p.p na inadimplência, atingindo um patamar de 8% em 90 dias.
O faturamento em cartões de crédito atingiu R$ 15 bilhões no terceiro trimestre e R$ 20 bilhões em carteira de crédito.
Nas lojas, a participação do CDC nas vendas aumentou 2 pontos percentuais, reforçando o peso dos serviços financeiros no ecossistema.
O Magalu também está avançando na transição para sua nova financeira, a Magalupay SCFI, que já opera em piloto em mais de 50 lojas e assumirá integralmente a gestão da carteira de crédito nos próximos meses.
O MagaluCloud, serviços de nuvem da empresa, encerrou setembro com 1.077 clientes externos — avanço de 77 clientes desde o trimestre imediatamente anterior — e já é responsável por mais de 50% dos workloads do próprio Magalu.
Já o MagaluAds teve crescimento de 69% de receita, impulsionada pela expansão de sua base de anunciantes, que cresceu 113% em grandes marcas e 44% em sellers.
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