Atraso na entrega: empreendedores relatam impacto da greve dos Correios às vésperas do Natal
Comunicação clara com clientes e diversificação de meios de entregas são estratégias usadas pelos negócios
Empreendedores brasileiros relatam dificuldades operacionais provocadas pela greve dos Correios às vésperas do Natal, uma das datas mais importantes para o varejo.
É o caso da CleanNew, rede especializada em higienização e blindagem de estofados. Toda a operação de e-commerce da empresa utiliza exclusivamente os Correios para o envio de mercadorias, o que ampliou os impactos da greve sobre o negócio.
Segundo Fritz Paixão, fundador e CEO da CleanNew, o faturamento do negócio já está 20% menor do que era esperado para este período do ano.
A experiência da empresa reflete um problema mais amplo. A greve dos Correios começou em 16 de dezembro, após meses de negociações sem avanços entre a estatal e os trabalhadores.
O impasse envolve sucessivas prorrogações de acordos e o agravamento de uma crise financeira que ganhou contornos políticos, trabalhistas e sociais. A paralisação, por tempo indeterminado, foi aprovada em assembleias locais e teve adesão imediata de ao menos 12 sindicatos em nove estados, incluindo São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Outras 24 entidades permanecem em estado de greve.
De acordo com informações publicadas pelo jornal O Globo nesta terça-feira (23), o índice de entregas realizadas dentro do prazo pelos Correios está abaixo de 70% na média nacional, variando entre 50% e 70%, a depender da região. Na prática, isso significa que ao menos 30% das encomendas estão sendo entregues com atraso neste mês — um dos piores desempenhos do ano.
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Os dados indicam uma deterioração gradual do serviço. Em janeiro, a média nacional de entregas no prazo era de 97,7%. Em dezembro, o indicador caiu para 76,63%, considerando os números apurados até o dia 6. Na medição diária dessa data, o percentual recuou para 68,15%, o que significa que 32% das encomendas estavam atrasadas. A meta da própria estatal é de 96%.
A combinação entre a greve e o aumento sazonal da demanda no fim do ano tende a gerar impactos mais severos sobre pequenas e médias empresas, que normalmente têm menor capacidade financeira e operacional para absorver choques logísticos.
“Nesse período, o volume de pedidos cresce de forma expressiva, especialmente no comércio eletrônico, e qualquer interrupção ou instabilidade no sistema de entregas provoca atrasos, aumento de custos operacionais e elevação do número de reclamações e cancelamentos", diz Patrícia Tendolini Oliveira, economista, mestre em administração e coordenadora dos cursos de Negócios Internacionais e Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Segundo a docente, o reflexo também aparece na relação com o consumidor. “Mesmo quando o problema é externo à empresa, como nesse caso, o cliente tende a associar a experiência negativa à marca, o que afeta reputação, confiança e fidelização.”
Essa percepção é compartilhada por Paixão, que diz que a maior preocupação do momento é como isso impactará a imagem da marca.
O empreendedor diz que também tem apostado em uma comunicação ativa e próxima com os clientes por meio do SAC, oferecendo suporte e atualizações constantes sobre os prazos de entrega.
“No momento da compra pelo site, os consumidores já são informados sobre a possibilidade de atrasos em razão do cenário logístico”, diz. A empresa também passou a enviar um brinde exclusivo para todos que realizam compras durante esse período.
Mais transparência com os clientes
A estilista Edna Souza afirma que vive o momento mais desafiador desde que fundou, há quatro anos, a marca Elegância a Fio. Especializada em peças femininas personalizadas, como vestidos, biquínis e saídas de praia, ela relata que nunca havia enfrentado problemas de entrega nesse nível.
“Tradicionalmente, novembro e dezembro são meses de alta demanda para a marca, impulsionados por eventos, viagens e pedidos de clientes, incluindo blogueiras", afirma. Segundo ela, todos os pedidos enviados estão parados no centro de distribuição, sem encaminhamento para as cidades de destino.
A empreendedora conta que não consegue retirar as encomendas para tentar reenviá-las por transportadoras nem obter informações claras sobre a localização dos pedidos.
A reação dos clientes varia. “Alguns compreendem que o problema não está relacionado à produção ou ao envio da loja, enquanto outros acabam responsabilizando a marca pelos atrasos.”
Para lidar com a crise, a empreendedora apostou na comunicação. Ela publicou um comunicado nas redes sociais explicando a situação, reforçando que a entrega foi confiada a uma empresa terceirizada, e passou a atualizar os clientes com frequência.
“Estou preocupada com os prejuízos financeiros e com a experiência de clientes que estão comprando pela primeira vez. Para pequenos negócios e produções artesanais, esse tipo de problema impacta diretamente o caixa no fim do mês", afirma.
A empreendedora também pretende oferecer cupons de desconto às clientes afetadas, na tentativa de manter o relacionamento e evitar a perda definitiva dessas consumidoras.
Entregas por conta própria
Flávio Meirelles, fundador da marca de camisetas Necas de Piritiba, também relata dificuldades inéditas. “O principal problema foi a falta de comunicação prévia por parte dos Correios. As encomendas foram postadas sem que houvesse informação clara sobre a greve, e os atrasos só ficaram evidentes depois", afirma.
O empreendedor passou a buscar alternativas. Dentro da cidade de São Paulo, ele mesmo tem feito entregas pessoais, após não conseguir contratar motoboys por aplicativos como 99 ou Uber.
Para envios mais distantes, recorre a empresas privadas de logística, muitas delas indicadas pelas próprias plataformas de e-commerce, como forma de substituir os Correios quando possível.
“Em alguns casos, porém, houve cancelamentos mesmo após o envio do produto, com clientes cientes dos atrasos", afirma. “Muitos consumidores já questionam o prazo antes de concluir a compra, especialmente em períodos como o Natal.”
Como se preparar para situações semelhantes?
Segundo Tendolini, da PUCPR, a boa notícia é que, em geral, o impacto tende a ser pontual, concentrado no curto prazo, especialmente quando a paralisação é temporária e há algum nível de continuidade operacional.
“Essas situações também funcionam como um sinal de alerta, incentivando mudanças estruturais, como a diversificação de parceiros logísticos, a revisão de processos e investimentos em planejamento.", diz.
A especialista aponta algumas medidas que podem ajudar os empreendedores a se preparar melhor:
Comunicação transparente
Ajustar prazos de entrega, informar claramente os consumidores sobre possíveis atrasos e explicar as limitações operacionais. Sempre que possível, oferecer alternativas, como retirada em pontos físicos ou o uso de outros operadores logísticos.
Priorização de pedidos mais sensíveis ao prazo
Dar prioridade a compras de maior valor ou destinadas a datas específicas reduz o risco de insatisfação e cancelamentos.
Reforço no atendimento ao cliente
Intensificar o atendimento, com respostas rápidas e políticas claras de troca, reembolso ou compensação, garante maior previsibilidade ao consumidor.
Diversificação de parceiros logísticos
Reduzir a dependência de um único operador é fundamental. A diversificação, mesmo mantendo parte da operação nos Correios, aumenta a resiliência do negócio.
Os Correios não enviaram uma resposta para o Seu Dinheiro até o fechamento deste texto.
*Com informações do jornal O Globo
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