A fortuna de Silvio Santos: perícia revela um patrimônio muito maior do que se imaginava

Por décadas, o mercado financeiro e a imprensa acreditaram que a fortuna de Silvio Santos girava em torno de R$ 1,6 bilhão, valor frequentemente citado em rankings da Forbes e em levantamentos públicos.

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Mas o inventário aberto após sua morte, em 2024, contou outra história — bem maior.

Documentos anexados ao processo de herança revelam que Silvio Santos deixou R$ 6,4 bilhões em patrimônio. São quatro vezes mais do que se imaginava. E isso sem contar o valor subjetivo da marca, que a influência atravessa gerações e dificilmente cabe em planilhas.

A descoberta, revelada por atualizações judiciais e veiculada pela Folha de S. Paulo, reposiciona o apresentador não apenas como um ícone da TV brasileira, mas como um dos empresários mais bem-sucedidos do país.

Onde estavam os bilhões de Silvio Santos?

O espólio do empresário reúne uma ampla variedade de ativos distribuídos entre empresas, contas no exterior e participações societárias. Boa parte desse patrimônio nunca havia aparecido em estimativas públicas.

Entre os elementos confirmados no processo, destacam-se:

Empresas de mídia e varejo

O SBT, ativo de maior visibilidade, integra o conjunto de empresas deixadas pelo apresentador, ao lado de outras operações do grupo.

Participações financeiras

O inventário inclui ativos pessoais e empresariais mantidos em diferentes instituições e estruturas societárias.

Exemplos disso são a Jequiti, a imobiliária Sisan e a Liderança Capitalização, responsável pela Tele Sena.

Recursos no exterior

A maior surpresa veio das Bahamas. Silvio Santos era o principal acionista da Daparris Corp Ltd, holding que concentra cerca de R$ 428 milhões.

É essa conta que está no centro da disputa tributária que hoje impede o acesso da família a parte da herança.

Imóveis e outros bens

O processo também reúne imóveis e participações que compõem o patrimônio total avaliado em R$ 6,4 bilhões.

Por que a fortuna real era tão diferente das estimativas?

A discrepância entre o valor estimado e os R$ 6,4 bilhões revelados agora tem explicações documentadas e plausíveis:

1. Parte relevante dos ativos não era pública

Contas no exterior, holdings internacionais e participações indiretas não apareciam nos cálculos tradicionais.

2. Empresas fechadas dificultam avaliação

Como o grupo não tem capital aberto, suas empresas não divulgam balanços que permitiriam estimações precisas de valor de mercado.

3. A imagem popular ofuscava a dimensão empresarial

Silvio Santos era visto majoritariamente como apresentador, embora tenha comandado um conglomerado complexo por décadas.

Essa percepção contribuiu para subestimar o tamanho real de seu patrimônio.

A perícia que pode redefinir o caso

A Justiça de São Paulo determinou uma perícia independente para apurar, com precisão:

• a composição integral da herança,
• a avaliação dos ativos,
• a situação das empresas,
• e o valor exato dos recursos mantidos no exterior.

O perito já foi nomeado e terá 60 dias para apresentar o laudo.

O processo também será fundamental para esclarecer se o Estado poderá cobrar R$ 17 milhões em ITCMD relativos ao dinheiro mantido nas Bahamas, tema hoje em disputa judicial.

O que a revelação muda para o legado empresarial

A constatação de que Silvio Santos deixou R$ 6,4 bilhões tende a alterar a percepção sobre o grupo construído por ele:

• o SBT passa a ser visto dentro de um contexto patrimonial mais robusto;
• as herdeiras, agora gestoras do conglomerado, ganham papel ainda mais estratégico;
• a sucessão empresarial, antes tratada como etapa natural, se torna um processo mais complexo;
• a discussão sobre reestruturação societária pode ganhar força, conforme avança o inventário.

Enquanto o Tribunal de Justiça de São Paulo analisa a disputa tributária e o inventário segue em andamento, parte dos valores permanece bloqueada.

A família Abravanel aguarda o resultado da perícia para dar os próximos passos na administração do patrimônio deixado pelo apresentador.