2023: o ano em que a renda fixa foi mais arriscada que a renda variável
Se os últimos três anos foram um verdadeiro inferno para o investidor global de renda fixa, como pode o investidor de ações estar rindo à toa?

Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia.
Na semana passada, me deparei com um gráfico interessantíssimo. Ele estava no relatório trimestral do Bank of International Settlements e é bastante intimidador:
Calma que eu resumo para você: o BIS mensurou que a volatilidade da renda fixa nos EUA (os juros longos) foi maior que a volatilidade das ações durante praticamente todo o ano de 2023.
A volatilidade da renda fixa não só foi maior como a diferença entre a dela e das ações está inclusive aumentando nos últimos meses.
Como é possível que a renda fixa esteja com a volatilidade maior que a renda variável na maior economia do mundo?
A resposta, na minha opinião, é bem simples: tecnologia.
Leia Também
O que aconteceu com a renda fixa?
Essa é uma história mais fácil de contar: nos últimos dois anos, vivemos um ciclo de aperto monetário ao redor do mundo. Em outras palavras, todos os Bancos Centrais estavam subindo juros.
No Brasil, nós estamos acostumados a viver ciclos de aperto e desaperto monetário a cada três anos. Mas isso não é uma realidade nas economias ricas.
Os EUA, por exemplo, estiveram com os juros ao redor de 0% durante praticamente toda a última década. Houve uma rápida tentativa de arrocho monetário em 2018, mas que não durou 24 meses.
O gráfico abaixo mostra o juros de 10 anos nos EUA desde a pandemia. Os juros saíram de 0,5% ao ano, para 5% em outubro de 2023.
Uma volatilidade como essa é simplesmente avassaladora para os títulos de renda fixa.
Por exemplo, o gráfico abaixo é o famoso TLT, que é um ETF (fundo listado em bolsa) americano que investe em títulos longos de renda fixa, os conhecidos como "treasurys de 20 anos".
Imagine essa situação: investidores que compraram esses títulos logo depois da pandemia, a 0,5% ao ano, viram o spread dos juros subir 10x em três anos e o valor de face (o valor que eles poderiam vender seus títulos a mercado), cair mais de 36% no período.
Quantos anos de um rendimento de 0,5% ao ano serão necessários para reaver esse prejuízo? (Divirta-se calculando).
Ou seja, a bem da verdade, os últimos três anos foram um verdadeiro inferno para o investidor global de renda fixa.
Agora, se as coisas estavam tão ruins assim nos ativos que em teoria são os mais defensivos, como pode o investidor de ações estar rindo à toa?
Renda fixa x Bolsa: It's technology, baby
Juntas, as cinco big techs clássicas (Apple, Google, Amazon, Meta e Microsoft) totalizaram US$ 294 bilhões em geração de caixa livre nos últimos 12 meses.
Enquanto empresas cortavam orçamentos de todos os lados para fazer frente aos juros crescentes e risco de uma recessão, as Big Techs praticamente imprimiam dinheiro.
Cada uma ao seu estilo, mas a realidade é que as Big Techs são naturalmente protegidas da inflação…
Os exemplos do Google e da Meta são os mais notáveis: se os preços dos produtos e serviços vendidos por seus clientes estão em ascensão (seja por demanda, ou pressão de custos), a realidade é que há espaço para esses clientes darem leilões mais altos por inventário de anúncio online.
Isso naturalmente fará subir os preços do inventário na medida em que os clientes competem por espaço nessas plataformas.
A Amazon é cada vez mais similar a esses players, na medida em que mais e mais do retorno incremental vem dos anúncios no marketplace, que se comportam com a mesma lógica descrita acima.
ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO: VEJA RECOMENDAÇÕES GRATUITAS EM AÇÕES, FIIS, BDRs E CRIPTOMOEDAS
A estratégia da Apple
Na realidade, a única das Big Techs que optou objetivamente por não repassar a inflação a seus clientes foi a Apple. Os últimos dois iPhones da companhia mantiveram o mesmo preço inicial em suas versões mais básicas.
A estratégia da Apple é clara: ganhar mercado, pois a oportunidade de monetizar esse usuário mais tarde com todo seu ecossistema de produtos é muito maior que apenas na venda do iPhone.
O fato dessas empresas absorverem com tamanha "naturalidade" choques exógenos tão brutais quanto esses de 2021 e 2022 tem um impacto perceptível na maneira como elas são avaliadas pelo mercado.
Se elas são capazes de crescer mesmo nos anos mais difíceis, se absorvem o risco inflacionário, é natural esperar que o mercado esteja disposto a pagar múltiplos crescentes por essas companhias (o que ajuda a comprimir a volatilidade).
Essa situação contrasta sobremaneira com a do investidor de renda fixa. Os títulos com rendimentos fixos não tem mecanismo que os permita absorver choques como esse a não ser a marcação a mercado (ou seja, seus preços precisam derreter, como aconteceu).
Esse é o pano de fundo de 2023, um ano tão insano que a renda fixa teve mais volatilidade que a renda variável.
- Quer buscar ganhos com ações do mercado estrangeiro? Os analistas da Empiricus Research recomendam 5 BDRs para você investir agora, na Bolsa brasileira, e poder lucrar com o bom desempenho de grandes empresas internacionais. Acesse gratuitamente aqui.
Celebrando a colheita do milho nas festas juninas e na SLC Agrícola, e o que esperar dos mercados hoje
No cenário global, investidores aguardam as negociações entre EUA e China; por aqui, estão de olho no pacote alternativo ao aumento do IOF
Por que o Banco do Brasil Investimentos abandonou a cobertura das ações de Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4)
A partir desta sexta-feira (6), as recomendações, os preços-alvo e as projeções do braço de investimentos do BB tanto para a Gol como para a Azul ficam invalidadas
Bolsa de Nova York a todo vapor: S&P 500 salta para 6 mil pontos, mas Ibovespa não acompanha
Dado de emprego nos EUA, que mostrou uma abertura de vagas maior do que o esperado pelo mercado em maio, impulsionou os índices lá fora — Tesla engatou recuperação e avançou mais de 6% depois do tombo da sessão anterior; por aqui, as coisas seguiram mornas
Zamp à la carte: Mubadala quer fechar a conta e tirar a dona do Burger King do menu da B3; ações ZAMP3 caem
Com alta de 47% no ano, ZAMP3 deve sair do cardápio da bolsa após OPA pelo fundo árabe. Veja os detalhes da oferta
A seleção com Ancelotti, e uma empresa em baixa para ficar de olho na bolsa; veja também o que esperar para os mercados hoje
Assim como a seleção brasileira, a Gerdau não passa pela sua melhor fase, mas sua ação pode trazer um bom retorno, destaca o colunista Ruy Hungria
A ação que disparou e deixa claro que mesmo empresas em mau momento podem ser ótimos investimentos
Às vezes o valuation fica tão barato que vale a pena comprar a ação mesmo que a empresa não esteja em seus melhores dias — mas é preciso critério
A nova tacada de Milei para os argentinos tirarem o dólar debaixo do colchão
A grana guardada não é pouca: o Instituto Nacional de Estatística e Censo estima que US$ 246 bilhões estão fora do sistema bancário do país
Ação da Circle estreia na Nyse com alta de mais de 200% em poucas horas; maior IPO cripto desde a Coinbase agita Wall Street
Com demanda acima do esperado, ações da emissora da USDC triplicam de valor na estreia; listagem reforça avanço institucional das stablecoins nos EUA
Apesar da Selic, Tenda celebra MCMV, e FII do mês é de tijolo. E mais: mercado aguarda juros na Europa e comentários do Fed nos EUA
Nas reportagens desta quinta, mostramos que, apesar dos juros nas alturas, construtoras disparam na bolsa, e tem fundo imobiliário de galpões como sugestão para junho
Rodolfo Amstalden: Aprofundando os casos de anomalia polimórfica
Na janela de cinco anos podemos dizer que existe uma proporcionalidade razoável entre o IFIX e o Ibovespa. Para todas as outras, o retorno ajustado ao risco oferecido pelo IFIX se mostra vantajoso
Deu para a B3: Citi deixa de recomendar a compra das ações B3SA3, eleva preço-alvo e escolhe a queridinha do setor
Nem mesmo o pagamento de dividendos compensa a compra dos papéis da operadora da bolsa brasileira agora; saiba o que colocar na carteira
O Google vai naufragar: Barclays diz que ação da Alphabet pode despencar 25% — e tudo depende de uma decisão
Mesmo assim, analista do banco britânico manteve a recomendação de compra para a ação; entenda toda essa história
Por que o Itaú BBA diz que ainda não é hora de comprar Weg (WEGE3)
A ação está negociando abaixo da média histórica e a companhia continua sendo considerada uma boa tese de investimentos, mas, segundo analistas do banco, vale a pena esperar os gatilhos
Vanessa Rangel e Frank Sinatra embalam a ação do mês; veja também o que embala os mercados hoje
Guerra comercial de Trump, dados dos EUA e expectativa em relação ao IOF no Brasil estão na mira dos investidores nesta quarta-feira
Nvidia faz Microsoft comer poeira e assume posto de maior empresa dos EUA em valor de mercado
A terceira posição nesse pódio é da Apple: a fabricante de iPhones terminou a sessão desta terça-feira (3) avaliada em US$ 3,04 bilhões
O Brasil precisa seguir as ‘recomendações médicas’: o diagnóstico da Moody’s e o que esperar dos mercados hoje
Tarifas de Trump seguem no radar internacional; no cenário local, mercado aguarda negociações de Haddad com líderes do Congresso sobre alternativas ao IOF
Tony Volpon: O “Taco Trade” salva o mercado
A percepção, de que a reação de Trump a qualquer mexida no mercado o leva a recuar, é uma das principais razões pelas quais estamos basicamente no zero a zero no S&P 500 neste ano, com uma pequena alta no Nasdaq
Por que o mercado erra ao apostar que Trump vai “amarelar”, segundo a Gavekal
Economista-chefe da consultoria avalia se o excepcionalismo norte-americano chegou ao fim e dá um conselho para os investidores neste momento
Mês de comemoração: junho tem Corpus Christi, festas juninas e pausa na bolsa; confira quando o mercado tira folga
Além das tradicionais festas juninas, brasileiros devem aproveitar o ponto facultativo de 19 de junho para entrar no clima dos festejos
O copo meio… cheio: a visão da Bradesco Asset para a bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje
Com feriado na China e fala de Powell nos EUA, mercados reagem a tarifas de Trump (de novo!) e ofensiva russa contra Ucrânia