Após caso Hurb, CEO da CVC defende regulação e publicação de balanço para empresas de turismo
Um setor que responde por 8% do PIB não pode se dar ao luxo de não ter nenhuma regulação, diz Leonel Andrade, CEO da operadora de turismo
Se o balanço do primeiro trimestre da CVC (CVCB3) fosse comparado a uma viagem, seria uma daquelas com vários perrengues no caminho. Afinal, a empresa de turismo registrou novo prejuízo e queima de caixa nos três primeiros meses do ano.
As ações da CVC inicialmente reagiram com uma queda que passou de 3% nas mínimas na B3. Mas os papéis viraram e fecharam em alta depois das teleconferências da operadora de turismo com o mercado.
Esse é um sinal da confiança que os investidores depositam em Leonel Andrade, o CEO que chegou à CVC para promover uma reestruturação na companhia em abril de 2020, no auge da quarentena com a pandemia da covid-19.
Além de guiar a companhia de volta à rota da lucratividade — cujo tempo de chegada ao destino ainda é incerto —, Andrade resolveu encampar uma nova batalha: a da regulação das empresas de turismo.
“Um setor que responde por 8% do PIB não pode se dar ao luxo de não ter nenhuma regulação”, disse o CEO da CVC, em entrevista ao Seu Dinheiro no fim da tarde desta quarta-feira.
- Você investe em ações, renda fixa, criptomoedas ou FIIs? Então precisa saber como declarar essas aplicações no seu Imposto de Renda 2023. Clique aqui e acesse um tutorial gratuito, elaborado pelo Seu Dinheiro, com todas as orientações sobre o tema.
"Crise do Hurb não ajuda ninguém"
A defesa da regulação vem depois de casos como o do Hurb (ex-Hotel Urbano). A empresa que ganhou mercado vendendo pacotes de viagem com muita antecedência e a preços mais baixos vem deixando milhares de consumidores na mão desde o segundo semestre do ano passado.
Leia Também
Cyrela (CYRE3) propõe aumento e capital e distribuição bilionária de dividendos, mas ações caem na bolsa: o que aconteceu?
Andrade não mencionou especificamente o Hurb, mas defendeu o fim do que chamou de "venda a descoberto" de pacotes de turismo.
"Ninguém consegue comprar uma passagem aérea para além de 12 meses, então se eu vender uma viagem para maio ou junho de 2024 essa viagem não existe."
Em outras palavras, as empresas que realizam esse tipo de venda em muitos casos estão tomando dinheiro emprestado do cliente, e muitas vezes sem avisar isso de forma clara.
Andrade negou que a crise no Hurb seja favorável para os negócios da CVC. "Não quero me beneficiar em cima do fracasso de um concorrente, quando isso acontece todos perdem."
Para ele, a regulação também deveria incluir a publicação obrigatória de balanços para as empresas que faturam acima de R$ 300 milhões. "Desafio qualquer um dos meus competidores a mostrar o balanço."
O CEO da CVC defendeu ainda a exigência de requisitos mínimos, incluindo capital, para as companhias operarem no setor. "Confiança é tudo nesse negócio, já que o cliente paga na frente pra realizar sua viagem."
Nova capitalização da CVC pode vir antes do esperado
Enquanto batalha pela regulação, o CEO da CVC tem seus próprios problemas para lidar. Um deles é o compromisso que a companhia assumiu com os credores no processo de renegociação da dívida concluído no mês passado.
Pelo acordo, a operadora de turismo tem até novembro para promover um novo aumento de capital — o terceiro na gestão de Andrade —, de pelo menos R$ 125 milhões.
A operação pode acontecer tanto por meio de um aumento de capital privado — destinado aos acionistas — como via oferta de ações, de acordo com o executivo.
O modelo e o valor ainda não estão definidos, mas a expectativa da companhia é que a operação aconteça antes do previsto. "Devemos ter notícias no meio do ano sobre isso."
Dentro dos planos para equacionar o balanço, Andrade descarta a venda de ativos. "Não fechamos nenhum dos negócios. Reduzimos custos e mantivemos todos ativos."
| Os principais números da CVC no 1º trimestre: Reservas consumidas: R$ 4 bilhões (+32,6%) Receita líquida: R$ 295,5 milhões (+0,5%) Ebitda: R$ 15,8 milhões (-52,5%) Prejuízo líquido: R$ 128 milhões (-23,3%) |
CVC na rota do lucro?
Desde a descoberta de um rombo contábil que coincidiu com o início da pandemia, a CVC embarcou em uma viagem praticamente sem escalas de prejuízos financeiros. E não foi diferente no primeiro trimestre deste ano, apesar da melhora em números como o avanço nas reservas.
Mas, afinal, quando a operadora de turismo vai chegar ao destino do lucro? A data do pouso ainda é incerta, porém a trajetória aponta nessa direção, de acordo com Andrade.
"A companhia infelizmente entrou na pandemia num momento muito duro e se endividou além do que deveria para fazer aquisições."
Ele destaca, contudo, a redução da dívida líquida de R$ 2,2 bilhões para os atuais R$ 750 milhões após a última renegociação, o que ele considera adequado para o tamanho da CVC. O problema é o custo, que beira atualmente os 20% ao ano — equivalente algo como CDI + 5% ao ano.
Com a dívida cara, porém equacionada, a rota do lucro da CVC passa agora pela capacidade de a empresa gerar caixa. O que os números mais recentes do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) já mostram, segundo Andrade.
Então os acionistas que viram as ações da CVC derreterem mais de 85% desde o começo da pandemia serão recompensados?
"O mercado de capitais é cíclico. Eu preciso cuidar dos fundamentos da empresa, que estão melhorando", diz.
Fora do Rock in Rio
Isso não significa que não o trabalho esteja concluído. Alguns números do último balanço frustraram não só o mercado como o próprio CEO da CVC.
Um deles foi o chamado take rate, o percentual da receita com a venda de pacotes que fica com a companhia.
Mas Andrade projeta uma melhora no indicador nos próximos trimestres. Entre outras razões, ele destaca a decisão da empresa de não operar mais eventos específicos, como por exemplo o Rock in Rio, Cirque du Soleil e cruzeiros temáticos.
"Não é que esses eventos sejam ruins, mas eles não são a cara da CVC."
Dividendos e JCP: Ambev (ABEV3) anuncia distribuição farta aos acionistas; Banrisul (BRSR6) também paga proventos
Confira quem tem direito a receber os dividendos e JCP anunciados pela empresa de bebidas e pelo banco, e veja também os prazos de pagamento
Correios não devem receber R$ 6 bilhões do Tesouro, diz Haddad; ajuda depende de plano de reestruturação
O governo avalia alternativas para reforçar o caixa dos Correios, incluindo a possibilidade de combinar um aporte com um empréstimo, que pode ser liberado ainda este ano
Rede de supermercados Dia, em recuperação judicial, tem R$ 143,3 milhões a receber do Letsbank, do Banco Master
Com liquidação do Master, há dúvidas sobre os pagamentos, comprometendo o equilíbrio da rede de supermercados, que opera queimando caixa e é controlada por um fundo de Nelson Tanure
Nubank avalia aquisição de banco para manter o nome “bank” — e ainda pode destravar vantagens fiscais com isso
A fintech de David Vélez analisa dois caminhos para a licença bancária no Brasil; entenda o que está em discussão
Abra Group, dona da Gol (GOLL54) e Avianca, dá mais um passo em direção ao IPO nos EUA e saída da B3; entenda
Esse é o primeiro passo no processo para abertura de capital, que possibilita sondar o mercado antes de finalizar a proposta
Por que a Axia Energia (AXIA3), ex-Eletrobras, aprovou um aumento de capital de R$ 30 bilhões? A resposta pode ser boa para o bolso dos acionistas
O objetivo do aumento de capital é manter o equilíbrio financeiro da empresa ao distribuir parte da reserva de lucros de quase R$ 40 bilhões
Magazine Luiza (MGLU3) aposta em megaloja multimarcas no lugar da Livraria Cultura para turbinar faturamento
Com cinco marcas sob o mesmo teto, a megaloja Galeria Magalu resgata a memória da Livraria Cultura, cria palco para conteúdo e promete ser a unidade mais lucrativa da varejista
Dividendos e bonificação em ações: o anúncio de mais de R$ 1 bilhão da Klabin (KLBN11)
A bonificação será de 1%, terá como data-base 17 de dezembro e não dará direito aos dividendos anunciados
Dividendos e recompra de ações: a saída bilionária da Lojas Renner (LREN3) para dar mais retorno aos acionistas
A varejista apresentou um plano de proventos até 2030, mas nesta segunda-feira (8) divulgou uma distribuição para os acionistas; confira os prazos
Vale (VALE3) é a ação preferida dos investidores de commodities. Por que a mineradora não é mais a principal escolha do UBS BB?
Enquanto o banco suíço prefere outro papel no setor de mineração, Itaú BBA e BB-BI reafirmam a recomendação de compra para a Vale; entenda os motivos de cada um
Cemig (CMIG4) ganha sinal verde da Justiça de Minas para a venda de usinas
A decisão de primeira instância havia travado inclusive o contrato decorrente do leilão realizado em 5 de dezembro de 2024
Nubank (NU/ROXO34) pode subir cerca de 20% em 2026, diz BB Investimentos: veja por que banco está mais otimista com a ação
“Em nossa visão o Nubank combina crescimento acelerado com rentabilidade robusta, algo raro no setor, com diversificação de receitas, expansão geográfica promissora e a capacidade de escalar com custos mínimos sustentando nossa visão positiva”, escreve o BB Investimentos.
“Selic em 15% não tem cabimento”, diz Luiza Trajano. Presidente e CEO do Magazine Luiza (MGLU3) criticam travas ao varejo com juros nas alturas
Em evento com jornalistas nesta segunda-feira (8), a empresária Luiza Trajano voltou a pressionar pela queda da Selic, enquanto o CEO Frederico Trajano revelou as perspectivas para os juros e para a economia em 2026
IRB (IRBR3) dispara na bolsa após JP Morgan indicar as ações como favoritas; confira
Os analistas da instituição também revisaram o preço-alvo para 2026, de R$ 54 para R$ 64 por ação, sugerindo potencial de alta de cerca de 33%
SpaceX, de Elon Musk, pode retomar posto de startup mais valiosa do mundo, avaliada em US$ 800 bilhões em nova rodada de investimentos, diz WSJ
A nova negociação, se concretizada, dobraria o valuation da empresa de Musk em poucos meses
Localiza (RENT3) propõe emitir ações preferenciais e aumento de capital
A Localiza, que tem uma frota de 600.000 carros, disse que as novas ações também seriam conversíveis em ações ordinárias
Fitch elevou rating da Equatorial Transmissão e de suas debêntures; veja o que baseou essa decisão
Sem grandes projetos à vista, a expectativa é de forte distribuição de dividendos, equivalente a 75% do lucro líquido regulatório a partir de 2026, afirma a Fitch.
Correios vetam vale-natal de R$ 2,5 mil a funcionários, enquanto aguardam decisão da Fazenda
A estatal negocia uma dívida de R$ 20 bilhões com bancos e irá fazer um programa de desligamento voluntário
Por que o Itaú BBA acredita que há surpresas negativas na compra da Warner pela Netflix (NTFLX34)
Aquisição bilionária amplia catálogo e fortalece marca, mas traz riscos com alavancagem, sinergias e aprovação regulatória, diz relatório
3tentos (TTEN3): veja por que Bank of America, XP e BBA compartilham otimismo com a ação, que já avança 30% em 2025
Vemos a 3tentos como uma história de crescimento sólida no setor agrícola, com um forte histórico, como demonstrado pela sua expansão no MT nos últimos 4 anos, diz Bank of America
