Três ações para evitar — e três para comprar — em meio à crise das empresas endividadas na B3
Neste momento, é importante evitar ações de companhias com dívidas elevadas e mais expostas a uma possível deterioração do cenário econômico; confira três nomes para manter distância na B3
O assunto de maior destaque no mercado de ações brasileiro desde o início de 2023 é o caso Americanas.
Muito já se falou sobre a possível fraude, a recuperação judicial e as enormes dificuldades que a Americanas terá para pagar as suas dívidas.
O que pouco tem sido comentado é que, talvez, a Americanas seja apenas a primeira em uma longa lista de empresas que terão muitas dificuldades para pagar suas dívidas, pelo menos enquanto a Selic continuar em patamares tão elevados como o atual.
Uma das grandes notícias de ontem (16) foi a de que a varejista Tok&Stok, até pouco tempo atrás cotada para fazer seu IPO na bolsa, deixou de pagar o aluguel de um dos seus galpões.
A lista está aumentando
Mas a lista de companhias em dificuldade não para por aí. Dá uma olhada nas notícias que surgiram nos últimos dias:
Antes de continuar, é muito importante dizer que, diferente das Americanas, esses casos não estão relacionados a uma provável fraude, mas sim a dívidas elevadas em um contexto de mercado amplamente desfavorável.
Leia Também
- O Seu Dinheiro acaba de liberar um treinamento exclusivo e completamente gratuito para todos os leitores que buscam receber pagamentos recorrentes de empresas da Bolsa. [LIBERE SEU ACESSO AQUI]
A farra dos juros baixos estimulou endividamento
Com a Selic em 13,75% ao ano, parece até impossível que há poucos anos algumas grandes empresas conseguiam captar dívidas com taxas menores de 6% ao ano. Mas, acredite, isso acontecia.
A Light, é um exemplo. Mesmo não sendo uma companhia lá muito eficiente, as boas condições de mercado permitiram a ela conseguir taxas de financiamento baixíssimas (linha verde).
A empresa, inclusive, aproveitou os juros baixos para aumentar o seu endividamento (barras pretas), como podemos ver no gráfico abaixo.
Mas, como você já sabe, a Selic aumentou muito nos últimos anos. Isso significa não só que as empresas estão pagando taxas de juros maiores, mas o tamanho da dívida sobre a qual elas estão pagando esses juros também cresceu.
Para você ter uma ideia deste efeito duplo perverso, as despesas com juros da Light subiram de R$ 600 milhões em 2017 para R$ 1,7 bilhão no período de 12 meses que abrange out/21 até set/22.
Mas, calma, porque não acabou. Ainda nem falamos sobre uma possível desaceleração econômica.
Nesse caso, essas companhias não só seriam obrigadas a pagar mais juros como também veriam os resultados operacionais (receita e Ebitda) retraindo.
Menos Ebitda, mais despesas com juros… uma combinação que pode vir a ser fatal para algumas companhias.
- LEIA TAMBÉM: Mais problemas para sócio de Lemann: Light (LIGT3) é rebaixada para nível perto de calote por agência de risco
Três ações para manter distância na B3...
Não temos como saber se as condições realmente vão piorar e nem se as taxas de juros se manterão elevadas por muito tempo.
Mas, neste momento, é importante evitar ações de companhias com dívidas elevadas e com maior exposição a uma possível deterioração do cenário econômico.
Além dos nomes que já apareceram na lista de manchetes acima, eu manteria distância de BRF (BRFS3), Via (VIIA3) e Movida (MOVI3).
No caso dos CDBs, começaria a prestar muito mais atenção na qualidade do emissor do que nas taxas envolvidas, apesar da garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Além disso, é sempre bom lembrar que o Tesouro Selic já está com um belo rendimento neste momento.
...E três ações para comprar
No caso das ações, eu focaria mais em nomes defensivos, com geração de caixa elevada, bons dividendos e sem problemas de alavancagem. Nomes como Itaú (ITUB4) e Hypera (HYPE3) são ótimos para surfar uma possível deterioração.
Aliás, elas fazem parte da série Vacas Leiteiras que tem exatamente esse perfil mais defensivo para os momentos mais difíceis. Se quiser conferir todos os nomes, deixo aqui o convite.
Outro nome que tem ganhado algum destaque nesse momento difícil é o banco BR Partners (BRBI11), que trabalha na reestruturação de dívidas de empresas em dificuldades financeiras. Como podemos ver no print abaixo, ele conseguiu alguns trabalhos importantes nos últimos dias.
O BR Partners é uma Microcap, com um perfil um pouco mais arriscado que as Vacas Leiteiras Itaú e Hypera, e por isso deve ter um peso menos relevante no seu portfólio.
Mas negociando por apenas oito vezes lucros, as ações estão baratas e vemos um bom upside, especialmente quando a taxa de juros voltar para patamares um pouco mais saudáveis no futuro. Até lá, sabemos que não vai faltar trabalho para o banco.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas