Por que a Petrobras (PETR4) está do lado certo do muro para aproveitar a alta das commodities
Ajuda do petróleo em alta, combinada com a melhora de eficiência, significa mais lucro e maior geração de caixa para a Petrobras

Eu já cansei de ouvir diversos analistas e gestores dizendo que fogem de ações de empresas expostas a commodities pois seus resultados são totalmente imprevisíveis e dependentes de fatores externos.
Isso pode até ser verdade, mas como tudo que envolve a análise de companhias, as coisas nem sempre são tão simples assim.
Para começo de conversa, o simples fato de uma companhia não estar diretamente exposta ao setor de commodities não significa que ela não está vulnerável a várias outras imprevisibilidades.
Pegue o exemplo dos bancões, cujas ações estão estagnadas nos últimos três anos com o avanço das fintechs, ou as companhias de geração hidrelétrica, que apanharam em 2021 por conta da falta de chuvas, e você verá que externalidades estão presentes mesmo em setores que nem estão intimamente relacionados com commodities.
Poderíamos ainda citar diversos outros setores que foram fortemente impactados pela pandemia (varejo de moda, shoppings, aéreas, etc), mas você já entendeu o meu ponto.
- MUDANÇAS NO IR 2022: baixe o guia gratuito sobre o Imposto de Renda deste ano e evite problemas com a Receita Federal
Do lado errado do muro
Esta é uma desmistificação importante, porque no ambiente inflacionário atual as companhias ligadas às commodities oferecem uma diversificação importante para o portfólio de qualquer investidor.
Leia Também
Ficar de fora por um simples preconceito pode custar muito caro para os seus investimentos.
Em alguns casos, inclusive, essas companhias estão aproveitando o elevado preço de seus produtos para distribuir ótimos dividendos (como veremos mais à frente).
Mas é importante entender duas coisas antes de colocar o seu dinheiro nessas companhias. Primeiro, que este investimento deve servir como diversificação, e não pode estar muito concentrado no seu portfólio.
Da mesma forma que o petróleo, o minério, e os produtos agrícolas dispararam por conta da pandemia e da guerra no leste europeu, um cessar-fogo, por exemplo, acabaria sendo um forte vento contrário para esses produtos, porque a Rússia e a Ucrânia poderiam voltar a produzir.
Parece, mas não é
Segundo, e talvez ainda mais importante, é crucial saber diferenciar as companhias compradoras e as vendedoras de commodities.
Por exemplo, eu já vi muita gente enquadrando a M. Dias Branco (MDIA3) e BRF (BRFS3) na mesma categoria da Petrobras (PETR4) quando o assunto é commodity, só porque estão diretamente expostas a esse tipo de mercado.
Mas a posição delas é completamente diferente.
A BRF precisa comprar milho e soja para alimentar os frangos e os suínos que produz. E uma alta de preços dos grãos, como a que temos visto recentemente, é horrível para as margens da companhia. Especialmente em um ambiente econômico fraco e mais difícil de repassar preços.
Outra que sofre com esse tipo de ambiente é a M. Dias Branco (MDIA3), uma das líderes em vendas de massas e biscoitos no Brasil e que tem no trigo o seu principal custo.
Olha o que o preço do trigo fez com a margem bruta da companhia:
Petrobras: do lado certo do muro
A Petrobras, por outro lado, vende commodities. Ela tem custos relativamente estáveis, mas suas receitas estão diretamente relacionadas às flutuações do petróleo.
Neste caso, então, a alta das commodities é ótima. Aumenta mais a receita do que os custos, e o efeito sobre as margens é muito positivo.
Viu como a influência das commodities pode afetar de maneiras muito diferentes cada companhia?
Petrobras virou “vaca ou petroleira”
Essa "ajudinha" do petróleo combinada com a melhora de eficiência significa mais lucro e maior geração de caixa para a petroleira. E tudo isso somado com a enorme redução das dívidas nos últimos anos permite à Petrobras pagar grandes quantias de dividendos aos seus acionistas.
Aliás, esse não é um sonho distante, que pode acontecer caso o cenário continue favorável.
Na verdade, isso está acontecendo agora mesmo. Nesta semana, a Petrobras anunciou o pagamento de mais proventos aos seus acionistas por causa do bom desempenho dos últimos trimestres, e a expectativa é de dividendos fartos em 2022 e 2023 também.
Sabemos que ainda existem riscos de o governo interferir na companhia, e isso não seria nada bom para o preço das ações. Mas PETR4 negocia hoje por menos de 4 vezes os seus lucros, o que em nossa visão deixa o risco vs retorno bastante atrativo.
Isso sem falar nos mais de 10% de dividend yield (retorno com dividendos) que a companhia deve distribuir aos seus acionistas nos próximos anos, mesmo já tendo considerado em seu plano estratégico preços de petróleo 40% abaixo dos preços atuais.
De olho nos dividendos
Não é à toa que a PETR4 recentemente se juntou a outras ótimas pagadoras de dividendos na carteira da série Vacas Leiteiras, que é tocada pelo Rodolfo Amstalden, pelo Richard Camargo e por mim.
Com o Empiricus Pass, você tem acesso não somente ao Vacas, mas também a todas as séries essenciais da Empiricus pelo preço de uma. Se tiver interesse, você pode conferir aqui mais sobre essa oportunidade.
Ainda está receoso com os preços do petróleo e achando que todo esse papo de transição energética vai fazer os preços dessa commodity ir para zero nos próximos anos e arrastar para baixo as companhias do setor?
Então eu vou mostrar na semana que vem que temos bons motivos para acreditar que não será esse o destino delas, pelo menos, não para as petroleiras mais bem posicionadas, como é o caso da Petrobras. Faça parte do clube de leitores do Seu Dinheiro e não perca as atualizações.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
Leia também:
Fernando Collor torna-se o terceiro ex-presidente brasileiro a ser preso — mas o motivo não tem nada a ver com o que levou ao seu impeachment
Apesar de Collor ter entrado para a história com a sua saída da presidência nos anos 90, a prisão está relacionada a um outro julgamento histórico no Brasil, que também colocou outros dois ex-presidentes atrás das grades
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso
A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.
Dividendos extraordinários estão fora do horizonte da Petrobras (PETR4) com resultados de 2025, diz Bradesco BBI
Preço-alvo da ação da petroleira foi reduzido nas estimativas do banco, mas recomendação de compra foi mantida
Ações x títulos da Petrobras, follow-on da Azul e 25 ações para comprar após o caos: o que bombou no Seu Dinheiro esta semana
Outra forma de investir em Petrobras além das ações em bolsa e oferta subsequente de ações da Azul estão entre as matérias mais lidas da última semana em SD
Lições da Páscoa: a ação que se valorizou mais de 100% e tem bons motivos para seguir subindo
O caso que diferencia a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo das teses realmente fundamentadas em valuation e qualidade das empresas
Dividendos: Cury (CURY3), Neoenergia (NEOE3) e Iguatemi (IGTI11) distribuem juntas quase R$ 1 bilhão em proventos; veja quem mais paga
As empresas de energia, construção e shopping centers não foram as únicas a anunciar o pagamento de dividendos bilionários nesta semana
PETR4, PRIO3, BRAV3 ou RECV3? Analista recomenda duas petroleiras que podem ‘se virar bem’ mesmo com o petróleo em baixa
Apesar da queda do petróleo desde o “tarifaço” de Trump, duas petroleiras ainda se mostram bons investimentos na B3, segundo analista
Combustível mais barato: Petrobras (PETR4) vai baixar o preço do diesel para distribuidoras após negar rumores de mudança
A presidente da estatal afirmou na semana passada que nenhuma alteração seria realizada enquanto o cenário internacional estivesse turbulento em meio à guerra comercial de Trump
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Dividendos e JCP: Vibra (VBBR3) aprova a distribuição de R$ 1,63 bilhão em proventos; confira os prazos
Empresa de energia não é a única a anunciar nesta quarta-feira (16) o pagamento de dividendos bilionários
Passou: acionistas da Petrobras (PETR4) aprovam R$ 9,1 bilhões em dividendos; veja quem tem direito
A estatal também colocou em votação da assembleia desta quarta-feira (16) a indicação de novo membros do conselho de administração
Acionistas da Petrobras (PETR4) votam hoje a eleição de novos conselheiros e pagamento de dividendos bilionários. Saiba o que está em jogo
No centro da disputa pelas oito cadeiras disponíveis no conselho de administração está o governo federal, que tenta manter as posições do chairman Pietro Mendes e da CEO, Magda Chambriard
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Por que o Mercado Livre (MELI34) vai investir R$ 34 bilhões no Brasil em 2025? Aporte só não é maior que o de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3)
Com o valor anunciado pela varejista online, seria possível comprar quatro vezes Magalu, Americanas e Casas Bahia juntos; conversamos com o vice-presidente e líder do Meli no Brasil para entender o que a empresa quer fazer com essa bolada
Mais de 55% em dividendos: veja as empresas que pagaram mais que a Petrobras (PETR4) em 12 meses e saiba se elas podem repetir a dose
Ranking da Quantum Finance destaca empresas que não aparecem tanto no noticiário financeiro, mas que pagaram bons proventos entre abril de 2024 e março de 2025
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump
A lanterna dos afogados: as 25 ações para comprar depois do caos, segundo o Itaú BBA
Da construção civil ao agro, analistas revelam onde ainda há valor escondido
Gigantes da bolsa derretem com tarifas de Trump: pequenas empresas devem começar a chamar a atenção
Enquanto o mercado tenta entender como as tarifas de Trump ajudam ou atrapalham algumas empresas grandes, outras nanicas com atuação exclusivamente local continuam sua rotina como se (quase) nada tivesse acontecido