Rodolfo Amstalden: Entre 65 e 380 eu compro
“O que vai acontecer com X?”. É uma pergunta errada e perigosa, que nem sequer deve ser formulada em decisões de investimento; entenda

Eu nem sempre fui analista de valores mobiliários, graças a deus.
Quando nasci, era apenas um rapaz latino-americano.
Mas, desde que eu virei analista, de repente, muitas pessoas à minha volta começaram a me fazer uma mesma e estranhíssima pergunta:
O que vai acontecer?
O que vai acontecer com X? – em que X é uma variável que admite infinita gama de ativos financeiros.
“O que vai acontecer com o dólar?”.
“O que vai acontecer com Magazine Luiza?”.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
Rodolfo Amstalden: Escute as feras
“O que vai acontecer com o bitcoin?”.
Perguntas e respostas
Não vou entrar no mérito de discutir se esse é um tipo de pergunta passível de resposta epistemologicamente honesta.
Não vou entrar no mérito porque não preciso, porque a pergunta em pauta – “o que vai acontecer com X?” – é uma pergunta errada e perigosa, que sequer deve ser formulada em decisões de investimento.
- ESTÁ GOSTANDO DESTE CONTEÚDO? Tenha acesso a ideias de investimento para sair do lugar comum, multiplicar e proteger o patrimônio.
O petróleo
Por exemplo: o que vai acontecer com o preço do barril de petróleo?
Nessa semana, duas visões aparentemente irreconciliáveis sobre o petróleo esquentaram os debates em Wall Street.
De um lado, o research do Citi dizendo que o barril pode voltar aos 65 dólares até o fim do ano.
De outro, o research do JP Morgan cogitando um preço estratosférico de 380 dólares.
Quem está certo?
Obviamente, ambos podem estar errados, e isso é provavelmente o que vai acontecer sob o júdice do resultado observado a posteriori.
Porém, eu realmente acredito que ambos estão certos.
Eu acredito nisso porque entendo que o dever primeiro de um bom analista – e aqui estamos falando de alguns dos maiores experts em petróleo do mundo – não é o de dizer o que vai acontecer, mas sim o de dizer o que pode acontecer.
O investidor inteligente
Mais especificamente, o investidor inteligente (não o de Ben Graham, mas sim o de Kelly-Thorpe) precisa ouvir sobre coisas que podem acontecer com alguma chance, mesmo que baixa, mas que estão correntemente precificadas sem nenhuma chance.
Somos candidatos a obter ganhos respeitáveis fazendo apostas em cenários improváveis, só que tratados como impossíveis.
Talvez uma dura recessão que derrube o petróleo a 65 dólares, talvez um corte de produção na Rússia que eleve o petróleo a 380 dólares. Por que não?
Vez ou outra, a realidade nos convence de seu absurdo, até que volte a ser real de novo.
O que aconteceu com o Benedetto? E com o Washington Olivetto?
Felipe Miranda: Dedo no gatilho
Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.
Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas
A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante
Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial
Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump
Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes
Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso
O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.
Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º
Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação
Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump
Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump
Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável
Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa
Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio
Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias
Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808
A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.
Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek
Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor
Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?
Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares
Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente
Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar
Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal
Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem
Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”
Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores
Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou
Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2
Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa
Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo
A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal