🔴 ONDE INVESTIR EM OUTUBRO? MELHORES AÇÕES, FIIS E DIVIDENDOS – CONFIRA AQUI

O dilema da empresa XYZ: Entenda como o Magazine Luiza e a Via competem com novos concorrentes no e-commerce

Barreiras de entrada são a força competitiva mais importante em um negócio. Na busca pela criação de barreiras, empresas como Magazine Luiza, Via Varejo, Americanas e Mercado Livre têm acirrado a disputa no setor

16 de agosto de 2022
9:12 - atualizado às 14:39
Montagem mostrando, ao lado esquerdo, o Baianinho das Casas Bahia, rede pertencente à Via (VIIA3); ao lado direito, aparece a Lu, mascote do Magazine Luiza (MGLU3)
Via (VIIA3) e Magazine LUiza (MGLU3) disputam até no front dos mascotes digitais - Imagem: Casas Bahia / Magazine Luiza / Shutterstock, com intervenção de Andrei Morais

Barreiras de entrada são talvez a força competitiva mais importante a ser estudada em um negócio. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Um setor sem barreiras a novos entrantes levará o retorno dessa indústria para patamares onde não existe lucro econômico e no qual não há retorno sobre o dinheiro investido acima do custo de capital (em outras palavras, onde ROIC ≤ WACC). Eu te explico.

A empresa XYZ, cuja especialidade é produzir chuteiras, não tem concorrentes e seu valor de mercado na bolsa é R$ 150 milhões. 

Nos últimos 5 anos, ela conseguiu entregar um lucro médio anual de R$ 10 milhões vendendo chuteiras. 

Nesse exemplo hipotético, considere lucro reportado como o lucro que pode ser distribuído aos acionistas da XYZ.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Retorno aos investidores

Se os investidores estiverem dispostos a aceitar um retorno de 10% ao ano, a XYZ deveria valer R$ 100 milhões com base no lucro que ela entrega (R$ 10 milhões/10% = R$ 100M). 

Leia Também

A esses R$ 100M, a escola de negócios de Columbia - considerada o berço do Value Investing - dá o nome de Earnings Power Value (EPV) ou, em outras palavras, o valor do lucro sustentável que a empresa é capaz de entregar pra sempre.

Assumindo que a empresa possui R$ 40M em ativos tangíveis (fábrica, equipamento, estoque, contas a receber) e intangíveis (reconhecimento de marca, reputação, software, canal de distribuição etc), significa que ela dará um belo retorno de 25% ao ano (R$ 10M/R$ 40M = 25%).

Repare na diferença entre o quanto os investidores estariam dispostos a pagar pelo atual lucro da empresa (EPV = R$ 100M), o quanto ela possui em ativos (R$ 40M) e seu valor de mercado (R$150M). 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A variável mais importante

Diante desse cenário, é possível concluir que o setor atrairá a atenção de um competidor interessado em morder uma fatia do lucro da XYZ. Afinal, com R$ 40M de investimento é possível criar um negócio que retorne 25% ao ano.

O competidor então começa a produzir chuteiras similares às da empresa XYZ e contrata vendedores experientes para acelerar as vendas. 

Assumindo que chuteira é um produto que qualquer empresa consegue produzir, preço é a variável mais importante na decisão de compra do consumidor (aqui estou obviamente ignorando o poder de influência de um Neymar usando determinada chuteira).

Novos competidores no mercado

Após a entrada do competidor, o número de chuteiras disponíveis para venda aumenta, o que leva a menores preços por unidade vendida.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Com a queda dos preços e a entrada do competidor, o lucro da XYZ cai para R$ 8M. Com esse lucro, o EPV da empresa cai para R$ 80M. Tendo em vista que com R$ 40M ainda é possível criar um negócio de R$ 80M, um novo competidor entra no setor.

Diante da nova ameaça e temendo que seus lucros caiam ainda mais, a empresa XYZ tenta se diferenciar dos demais. 

Investimentos em novas áreas

Passa a investir em marketing e muda o design das chuteiras - iniciativas que talvez atrasem o processo de queda dos preços de seus produtos. 

Mas seus concorrentes continuam ali, buscando uma fatia do seu mercado.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Como dinheiro não é problema, os competidores conseguem promover os mesmos investimentos da XYZ. 

Ainda que a XYZ não baixe os preços, ela provavelmente passará a vender menos unidades. 

Como ela possui custos fixos, a menor produção também gera margens menores. Consequentemente, os lucros caem de R$8M para R$6M.

Valor dos ativos e lucro sustentável

Ainda não é o fim da história. A competição tende a continuar até que o lucro da XYZ chegue a R$ 4M. Nesse cenário, R$ 40M em ativos produziriam R$ 4M de lucro, que é o retorno de 10% que o investidor ainda está disposto a conseguir.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quando o valor dos ativos se iguala ao valor do lucro sustentável da empresa, já não existe dinheiro fácil a ser conquistado no setor. Ótimo para os consumidores, mas péssimo para as empresas.

O setor de e-commerce

Qualquer semelhança com o setor de e-commerce não é mera coincidência. 

Na busca pela criação de barreiras à entrada, empresas como Magazine Luiza, Via Varejo, Americanas e Mercado Livre têm acirrado a disputa no setor, “promocionando” mercadorias, oferecendo frete grátis, investindo em logística etc. 

Isso tudo leva o ROIC para cada vez mais próximo (ou mesmo abaixo) do seu custo de capital no curto prazo. Não significa que será assim pra sempre.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Criação de valor somente existe quando o incumbente possui habilidades que os novos entrantes não conseguem replicar. Tais barreiras somente são construídas através de vantagens competitivas.

Mas isso é assunto para uma próxima CompoundLetter.

Food For Thought

A carta semestral da Organon Capital - gestora que tem uma predileção por investir em small caps e que participou do episódio #03 do Market Makers - trouxe uma análise clássica de value investing ao explicar o racional do investimento em BR Properties. 

Apesar de terem vendido parte da posição, a asset ainda enxerga potencial de geração de valor aos acionistas a ser extraído via distribuição extraordinária de dividendos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

"Apesar da geração de valor do deal [venda de ativos para a Brookfield] e perspectivas de uma alta remuneração aos acionistas no curto prazo, acreditamos que o preço em bolsa ainda não incorporou todo o potencial da transação. Com o preço de tela em R$ 8,40, a companhia após a transação estaria sendo negociada com um desconto acima de 70% caso a distribuição de dividendos seja próxima do potencial." (Link da carta aqui).

Abraço,

Matheus Soares

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?

13 de outubro de 2025 - 7:40

Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano

TRILHAS DE CARREIRA

ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho

12 de outubro de 2025 - 7:04

Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)

10 de outubro de 2025 - 7:59

No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação

SEXTOU COM O RUY

Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe

10 de outubro de 2025 - 6:03

Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)

9 de outubro de 2025 - 8:06

No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: No news is bad news

8 de outubro de 2025 - 19:59

Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)

8 de outubro de 2025 - 8:10

No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje

7 de outubro de 2025 - 8:26

No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso

7 de outubro de 2025 - 7:37

Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard

6 de outubro de 2025 - 20:00

O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo para ontem — ou melhor, amanhã, no caso do e-commerce — e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (6)

6 de outubro de 2025 - 7:54

No cenário local, investidores aguardam a balança comercial de setembro; no exterior, mudanças de premiê na França e no Japão agitam as bolsas

DÉCIMO ANDAR

Shopping centers: é melhor investir via fundos imobiliários ou ações?

5 de outubro de 2025 - 8:00

Na última semana, foi divulgada alteração na MP que trata da tributação de investimentos antes isentos. Com o tema mais sensível retirado da pauta, os FIIs voltam ao radar dos investidores

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A volta do campeão na ação do mês, o esperado caso da Ambipar e o que move os mercados nesta sexta-feira (3)

3 de outubro de 2025 - 8:06

Por aqui, investidores ainda avaliam aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; no exterior, todos de olho no shutdown nos EUA, que suspendeu a divulgação de dados econômicos

SEXTOU COM O RUY

Tragédia anunciada: o que a derrocada da Ambipar (AMBP3) ensina sobre a relação entre preço e fundamento

3 de outubro de 2025 - 7:03

Se o fundamento não converge para o preço, fatalmente é o preço que convergirá para o fundamento, como no caso da Ambipar

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As críticas a uma Petrobras ‘do poço ao posto’ e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (2)

2 de outubro de 2025 - 8:04

No Brasil, investidores repercutem a aprovação do projeto de isenção do IR e o IPC-Fipe de setembro; no exterior, shutdown nos EUA e dados do emprego na zona do euro

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Bolhas de pus, bolhas de sabão e outras hipóteses

1 de outubro de 2025 - 20:00

Ainda que uma bolha de preços no setor de inteligência artificial pareça improvável, uma bolha de lucros continua sendo possível

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um ano de corrida eleitoral e como isso afeta a bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta quarta-feira (1)

1 de outubro de 2025 - 7:59

Primeiro dia de outubro tem shutdown nos EUA, feriadão na China e reunião da Opep

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tão longe, tão perto: as eleições de 2026 e o caos fiscal logo ali, e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (30)

30 de setembro de 2025 - 7:53

Por aqui, mercado aguarda balança orçamentária e desemprego do IBGE; nos EUA, todos de olho nos riscos de uma paralisação do governo e no relatório Jolts

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Eleições de 2026 e o nó fiscal: sem oposição organizada, Brasil enfrenta o risco de um orçamento engessado

30 de setembro de 2025 - 7:18

A frente fiscal permanece como vetor central de risco, mas, no final, 2026 estará dominado pela lógica das urnas, deixando qualquer ajuste estrutural para 2027

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: O Fed e as duas economias americanas

29 de setembro de 2025 - 20:00

Um ressurgimento de pressões inflacionárias ou uma fraqueza inesperada no mercado de trabalho dos EUA podem levar a autarquia norte-americana a abortar ou acelerar o ciclo de queda de juros

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar