FIIs de tijolos voltam ao radar: veja um portfólio bem descontado
FIIs de lajes corporativas, shoppings e logística saltam mais de 8% em agosto, com altas expressivas em portfólios tradicionais; conheça um dos meus ativos favoritos

O respiro da inflação – ou melhor, da deflação – em julho, aliado às perspectivas mais otimistas dos investidores globais, trouxe um bom fluxo comprador para os ativos listados em bolsa. No caso do Ibovespa, que acumulava queda em 2022, observamos um salto de dois dígitos em agosto.
Já o Ifix, o principal índice de fundos imobiliários (FIIs), que já sustentava uma performance positiva no ano, sobe quase 4% no período. Mesmo que seja um percentual mais tímido, é importante analisar a composição do índice para uma conclusão mais adequada.
Com a queda da inflação no curtíssimo prazo, alguns investidores têm evitado os fundos de crédito e migrado recursos para tijolos, movimento que não víamos desde dezembro do ano passado.
Enquanto a cesta de papéis está praticamente estável em agosto, FIIs de lajes corporativas, shoppings e logística saltam mais de 8%, com altas expressivas em portfólios tradicionais.
Primeiro, é importante mencionar que os fundos de crédito seguem bem vivos. Com o CDI de quase 14% ao ano, boa parte das operações continua com rendimentos bem interessantes. Além disso, existe possibilidade de o IPCA ressurgir a partir de 2023, com o encerramento de algumas medidas de contenção do governo.
Outro ponto importante é o impacto da deflação no risco de crédito: para os devedores que possuíam dívidas indexadas a inflação, a queda temporária do índice representa um alívio. Este é um ponto bem importante para algumas estratégias, especialmente high yield (maior risco de crédito, atrelado a um maior retorno).
Leia Também
Deste modo, entendo que este não seja o momento de inversão de ciclo no universo de FIIs e espero uma recuperação dos papéis no médio prazo. Ainda assim, é impossível ignorar os tijolos...
Chegou mesmo a hora dos FIIs de tijolo?
Há algum tempo, os FIIs de tijolo apresentam descontos elevados em diversas métricas de preço. Diante do impacto operacional em alguns setores durante a pandemia, aliado à escalada das taxas de juros, esses ativos passaram a ser ignorados por players do mercado.
Gradualmente, mesmo com um cenário de estresse, conseguimos observar o avanço em alguns indicadores importantes. Os shoppings voltaram a performar bem, com número de vendas favoráveis aos lojistas e inadimplência controlada.
No caso dos galpões logísticos, a taxa de vacância nacional alcançou patamar mínimo histórico de 9,8%, de acordo com a Buildings, e os preços de aluguéis continuam em alta.
Por fim, o ambiente das lajes corporativas tem melhorado desde o início do ano, com a volta dos funcionários aos escritórios físicos. Com isso, a ocupação do segmento registrou melhora nos últimos três trimestres em São Paulo, principal centro corporativo do país.
Nesta última classe, ainda enxergo FIIs bem descontados, especialmente em relação ao valor patrimonial, na ordem de 20%. Somado a esse desconto, existe a oportunidade de acessar yield (retorno com proventos) real próximo de 8%, mesmo com certa defasagem de ocupação nos portfólios.
Portanto, com a inflação arrefecendo e o mercado de escritórios registrando absorção líquida positiva, a janela segue favorável para a montagem de posição em lajes corporativas.
Dito isso, vamos para um dos meus ativos favoritos.
Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11): call de retomada
Fundado em 1999, o Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11) é um fundo de lajes corporativas com o objetivo de auferir ganhos por meio de locações e gestão patrimonial de imóveis de natureza comercial em centros urbanos.
O portfólio do RCRB11 consiste em nove ativos localizados nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que 93,6% da sua área bruta locável (ABL) está concentrada na capital paulista, conforme podemos checar na tabela e gráfico abaixo.
Ativo | Região | Classificação | ABL do fundo | Participação do fundo | Vacância física |
Continental Square | SP | AA | 7.696 m2 | 23,0% | 35,9% |
Girassol 555 | SP | B | 4.114 m2 | 34,9% | 0,0% |
Jatobá | SP | A | 1.712 m² | 12,0% | 100% |
JK Financial Center | SP | A | 10.411 m² | 73,0% | 0,0% |
Parque Cultural Paulista | SP | BB | 5.034 m² | 20,3% | 11,1% |
Parque Santos | SP | B | 5.135 m² | 100% | 0,0% |
Bravo! Paulista | SP | A | 6.207 m² | 100% | 84,0% |
Candelária Corporate | RJ | BB | 1.297 m² | 8,0% | 100% |
Internacional Rio | RJ | C | 1.480 m² | 14,0% | 0,0% |
Nota-se que 80,1% dos imóveis se encontram nas regiões da Paulista, Faria Lima e Vila Olímpia, mais tradicionais e com taxas de ocupação historicamente mais elevadas do que a média nacional, principalmente quando analisamos edifícios classificados como A+.
Por exemplo: atualmente, a taxa de vacância dos edifícios da Faria Lima é de 7,7%, enquanto a cidade de São Paulo apresenta 20,7% de áreas vagas.
Vale comentar que a maior exposição do FII se encontra na região da Paulista, que representa 38% da ABL total. Trata-se de uma área que leva vantagem por sua localização central na cidade e pela alta infraestrutura de transportes.
Partindo para as movimentações recentes do FII, foi finalizado no final do último ano o retrofit do edifício Bravo! Paulista, que se situa a uma quadra de distância da Avenida Paulista.
A gestão realizou duas novas locações no ativo, reduzindo a vacância física para 84%, com carências que devem terminar ao longo deste semestre.
O empreendimento é o campeão de visitas entre os ativos presentes no portfólio, o que traz uma sinalização positiva para um aumento no nível de ocupação nos próximos meses.
Na última semana, o RCRB11 concluiu a venda do décimo andar do Bravo! pelo valor de R$ 9 milhões, equivalente a R$ 25,2 mil por metro quadrado – retorno de 40% em relação ao valor de compra em fevereiro de 2020 mais o custo do retrofit.
O ganho de capital para o fundo foi de R$ 2,6 milhões (R$ 0,72 por cota), que será distribuído de forma linear nos próximos meses.
No mais, a gestão anunciou outras duas locações no último semestre, sendo uma delas no Internacional Rio, localizado na cidade do Rio de Janeiro, zerando a vacância da sua participação no ativo.
As locações são favoráveis ao combate da vacância do RCRB11, que saiu de 34,4% em janeiro para 26,2% atualmente. Inclusive, com os términos das carências neste semestre, devemos enxergar um aumento nas distribuições do fundo, com projeção de chegar em R$ 0,78 por cota (yield anualizado de 7,4%) – sendo que essa estimativa não considera novas locações, que provavelmente serão realizadas.
Ademais, o RCRB11 apresenta uma dívida no valor de R$ 109 milhões, que gera um loan to value (LTV) de 13,2%. O CRI conta com carência de principal até dezembro de 2023 e vencimento em 2031 – com os recursos em liquidez que o FII possui hoje, estimamos que esteja confortável durante os próximos cinco anos.
Em suma, o case reúne uma série de características interessantes para uma tese de investimento em fundos de tijolo, que proporcionam uma janela de oportunidade neste momento. Tais como:
- Valor por metro quadrado muito descontado, na casa de R$ 13,4 mil, bem abaixo da média da região e seu respectivo custo de reposição;
- Portfólio diferenciado em termos de localização e qualidade dos imóveis;
- Desconto de 35% em relação ao valor patrimonial, bem acima da média do segmento;
- Proventos em trajetória crescente;
- Endividamento controlado.
É claro que existem riscos envolvendo a tese, especialmente quando se trata de um FII com vacância elevada em um momento de estresse do mercado corporativo. Além disso, é importante pontuar que sua liquidez já viveu dias melhores e hoje ronda na casa de R$ 625 mil por dia.
Considerando esses riscos em nosso modelo, estimamos um potencial de valorização na casa de 15,5% para o RCRB11, aliado a um yield real anualizado próximo de 7%, crescendo a cada semestre.
Deste modo, considero um dos melhores FIIs para composição do portfólio neste momento, capaz de capturar uma boa retomada do mercado no curto / médio prazo.
B3 se prepara para entrada de pequenas e médias empresas na Bolsa em 2026 — via ações ou renda fixa
Regime Fácil prevê simplificação de processos e diminuição de custos para que companhias de menor porte abram capital e melhorem governança
Carteira ESG: BTG passa a recomendar Copel (CPLE6) e Eletrobras (ELET3) por causa de alta no preço de energia; veja as outras escolhas do banco
Confira as dez escolhas do banco para outubro que atendem aos critérios ambientais, sociais e de governança corporativa
Bolsa em alta: oportunidade ou voo de galinha? O que você precisa saber sobre o Ibovespa e as ações brasileiras
André Lion, sócio e CIO da Ibiuna, fala sobre as perspectivas para a Bolsa, os riscos de 2026 e o impacto das eleições presidenciais no mercado
A estratégia deste novo fundo de previdência global é investir somente em ETFs — entenda como funciona o novo ativo da Investo
O produto combina gestão passiva, exposição internacional e benefícios tributários da previdência em uma carteira voltada para o longo prazo
De fundo imobiliário em crise a ‘Pacman dos FIIs’: CEO da Zagros revela estratégia do GGRC11 — e o que os investidores podem esperar daqui para frente
Prestes a se unir à lista de gigantes do mercado imobiliário, o GGRC11 aposta na compra de ativos com pagamento em cotas. Porém, o executivo alerta: a estratégia não é para qualquer um
Dólar fraco, ouro forte e bolsas em queda: combo China, EUA e Powell ditam o ritmo — Ibovespa cai junto com S&P 500 e Nasdaq
A expectativa por novos cortes de juros nos EUA e novos desdobramentos da tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo mexeram com os negócios aqui e lá fora nesta terça-feira (14)
IPO reverso tem sido atalho das empresas para estrear na bolsa durante seca de IPOs; entenda do que se trata e quais os riscos para o investidor
Velocidade do processo é uma vantagem, mas o fato de a estreante não precisar passar pelo crivo da CVM levanta questões sobre a governança e a transparência de sua atuação
Ainda mais preciosos: ouro atinge novo recorde e prata dispara para máxima em décadas
Tensões fiscais e desconfiança em moedas fortes como o dólar levam investidores a buscar ouro e prata
Sparta mantém posição em debêntures da Braskem (BRKM5), mas fecha fundos isentos para não prejudicar retorno
Gestora de crédito privado encerra captação em fundos incentivados devido ao excesso de demanda
Bolsa ainda está barata, mas nem tanto — e gringos se animam sem pôr a ‘mão no fogo’: a visão dos gestores sobre o mercado brasileiro
Pesquisa da Empiricus mostra que o otimismo dos gestores com a bolsa brasileira segue firme, mas perdeu força — e o investidor estrangeiro ainda não vem em peso
Bitcoin (BTC) recupera os US$ 114 mil após ‘flash crash’ do mercado com Donald Trump. O que mexe com as criptomoedas hoje?
A maior criptomoeda do mundo voltou a subir nesta manhã, impulsionando a performance de outros ativos digitais; entenda a movimentação
Bolsa fecha terceira semana no vermelho, com perdas de 2,44%; veja os papéis que mais caíram e os que mais subiram
Para Bruna Sene, analista de renda variável na Rico, “a tão esperada correção do Ibovespa chegou” após uma sequência de recordes históricos
Dólar avança mais de 3% na semana e volta ao patamar de R$ 5,50, em meio a aversão ao risco
A preocupação com uma escalada populista do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o real apresentar de longe o pior desempenho entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities
Dólar destoa do movimento externo, sobe mais de 2% e fecha em R$ 5,50; entenda o que está por trás
Na máxima do dia, divisa chegou a encostar nos R$ 5,52, mas se desvalorizou ante outras moedas fortes
FII RBVA11 avança na diversificação e troca Santander por nova locatária; entenda a movimentação
O FII nasceu como um fundo imobiliário 100% de agências bancárias, mas vem focando na sua nova meta de diversificação
O mercado de ações dos EUA vive uma bolha especulativa? CEO do banco JP Morgan diz que sim
Jamie Dimon afirma que muitas pessoas perderão dinheiro investindo no setor de inteligência artificial
O que fez a Ambipar (AMBP3) saltar mais de 30% hoje — e por que você não deveria se animar tanto com isso
As ações AMBP3 protagonizam a lista de maiores altas da B3 desde o início do pregão, mas o motivo não é tão inspirador assim
Ação do Assaí (ASAI3) ainda está barata mesmo após pernada em 2025? BB-BI revela se é hora de comprar
Os analistas do banco decidiram elevar o preço-alvo das ações ASAI3 para R$ 14 por ação; saiba o que fazer com os papéis
O que esperar dos mercados em 2026: juros, eleições e outros pilares vão mexer com o bolso do investidor nos próximos meses, aponta economista-chefe da Lifetime
Enquanto o cenário global se estabiliza em ritmo lento, o país surge como refúgio — mas só se esses dois fatores não saírem do trilho
Tempestade à vista para a Bolsa e o dólar: entenda o risco eleitoral que o mercado ignora
Os meses finais do ano devem marcar uma virada no tempo nos mercados, segundo Ricardo Campos, CEO e CIO da Reach Capital