Guerra na Ucrânia afunda mercados globais, mas Biden muda o jogo; Ibovespa tem queda limitada e dólar fecha longe das máximas
O Ibovespa, assim como as bolsas globais, pegou carona nas sanções anunciadas por Joe Biden e reverteu o cenário de catástrofe
Antes mesmo de a cortina abrir, já dava para perceber que o coreógrafo do espetáculo havia pensado em cada detalhe. Todos os movimentos foram muito bem ensaiados durante meses, ou até mesmo anos.
Primeiro, uma transmissão em rede nacional com uma declaração de guerra ao país vizinho e uma ameaça aos países que tentassem interferir. Depois, explosões, transmitidas ao vivo pelas câmeras de centenas de emissoras internacionais que estavam posicionadas para assistir de camarote.
Ainda nas primeiras horas da madrugada, o mercado financeiro global seguiu a música do ballet de Vladimir Putin por um caminho conhecido e familiar, com referências claras aos tempos mais gloriosos da União Soviética. Enquanto as tropas russas iniciavam sua ofensiva em território ucraniano, os índices futuros em Wall Street e as bolsas asiáticas amargavam uma queda brusca.
O petróleo disparou para além dos US$ 100, e o ouro, a mais tradicional reserva de valor para tempos de crise, atingiu a sua máxima em mais de um ano. O banho de sangue nos mercados globais parecia inevitável e indicava a proximidade do clímax do primeiro ato, mas, de forma inesperada e quase surpreendente, a música mudou, e o ballet segue um novo chefe – Joe Biden.
O Ibovespa chegou a perder mais de três mil pontos, mas encerrou a tarde com uma queda de “apenas” 0,37%, aos 111.591 pontos. O dólar à vista disparou em direção aos R$ 5,16, mas reduziu os ganhos para encerrar a sessão em alta de 2,02%, a R$ 5,1052.
As bolsas americanas foram além e fecharam o dia com avanços expressivos – o Nasdaq subiu 3,34%, o S&P 500 avançou 1,50%, e o Dow Jones teve alta de 0,28%.
Leia Também
Ainda que estejamos nos primeiros momentos dessa nova dança, é possível prever onde o novo coreógrafo quer chegar: o estrangulamento completo do sistema financeiro russo, impedindo que a guerra se espalhe para outros países e a Rússia e sua elite se tornem capazes de seguir financiando ações militares.
A resposta rápida da mudança de direção dos mercados não agradou a todos os analistas na plateia – ainda é cedo para dizer se essa reviravolta também não foi exaustivamente ensaiada pelos bailarinos russos e se, no final, todos apenas acompanham o imaginado por Putin.
Enquanto você dormia…
No início da manhã de quinta-feira no leste europeu (horário local), o presidente russo Vladimir Putin fez um pronunciamento que marcou o início do conflito armado em solo ucraniano, com o aviso claro de que qualquer interferência internacional resultaria em consequências graves.
O governo russo anunciou uma operação especial em Donbass, mas minutos após a declaração oficial de guerra, correspondentes de agências internacionais reportaram explosões em diversas cidades do país.
Antes do posicionamento oficial de Biden no meio da tarde, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, já havia se pronunciado afirmando que as novas sanções terão como objetivo suprimir o crescimento econômico da Rússia, com aumento aos custos de empréstimo, inflação, saída de capital e corrosão da base industrial.
A reação do mercado e da bolsa
O envio das tropas russas não se limitou às regiões separatistas recentemente reconhecidas pelo país, jogando os mercados internacionais e o Ibovespa em uma forte onda de aversão ao risco durante boa parte do dia.
No exterior, as bolsas de Nova York abriram o dia em queda de 2%, mas a resposta de Joe Biden ao ataque russo parece ter aliviado os investidores.
As fortes sanções econômicas visam a desestabilizar o sistema financeiro do Kremlin e miram cerca de 80% dos ativos bancários russos. Ainda que as medidas anunciadas não tenham convencido completamente a imprensa presente na coletiva e organizações internacionais, o alívio visto em Nova York também atinge o Ibovespa.
Para Enzo Pacheco, analista de investimentos da Empiricus, a recuperação das bolsas durante a tarde foi um movimento "desconfortável". "Apesar de serem importantes, não acho que as sanções farão Putin recuar".
Na visão do analista, o mercado está precificando que a redução da tensão geopolítica obrigaria o Federal Reserve a atuar de forma mais cautelosa no aperto monetário e na consequente elevação de juros.
A tensão na Ucrânia também ameaça turbinar a inflação com a valorização das commodities energéticas. Para contornar esse quadro, Biden anunciou que pode liberar as reservas americanas de petróleo para garantir que o impacto no preço dos combustíveis seja menor.
Para Ariane Benedito, economista da CM Capital, caso o conflito de fato caminhe para uma guerra por um tempo mais prolongado, essa medida está longe de ser suficiente para reduzir a pressão nos preços dos combustíveis.
Baseando-se no atual nível dos reservatórios americanos, o mais provável é que a operação apenas segure por algum tempo a elevação do petróleo.
Rússia x Ucrânia: o início
As relações no leste europeu não foram criadas da noite para o dia e envolvem diversas especificidades locais que passam por um histórico extenso de conflitos entre os territórios que hoje compõem a Rússia e a Ucrânia.
O conflito atual, no entanto, tem uma razão bem clara e fácil de entender – o convite para que a Ucrânia ingresse na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma aliança político-militar que atuou fortemente para conter o avanço da União Soviética durante a Guerra Fria.
Desde o início, a Rússia mostrou desconforto em ter um aliado do Ocidente localizado na fronteira e, com isso, a tensão entre os países vem se ampliando nos últimos meses, até culminar na ação militar inaugurada por Putin na noite de ontem.
Sobe e desce do Ibovespa
Durante a maior parte do dia, a forte alta do petróleo impulsionou as petroleiras, mas a moderação no ritmo de valorização deu espaço para que o noticiário corporativo brilhasse.
A principal movimentação ficou com a aquisição da SulAmérica pela Rede D’Or. Na noite de ontem, a rede de hospitais anunciou a fusão entre as companhias, surpreendendo o mercado. A operação foi fechada por um valor 49% maior do que o fechamento das units da companhia de seguros na última sexta-feira. Confira as maiores altas do dia:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| SULA11 | SulAmérica units | R$ 35,64 | 15,19% |
| BEEF3 | Minerva ON | R$ 10,80 | 7,04% |
| LWSA3 | Locaweb ON | R$ 10,73 | 5,61% |
| RADL3 | Raia Drogasil ON | R$ 23,19 | 3,90% |
| UGPA3 | Ultrapar ON | R$ 15,46 | 3,62% |
Enquanto SULA11 disparava, a Rede D’Or e a Qualicorp derreteram. A rede de hospitais possui participação relevante no capital da operadora de saúde, e o mercado teme um desmonte de posição após a nova aquisição. Confira também as maiores quedas do Ibovespa:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| QUAL3 | Qualicorp ON | R$ 13,85 | -14,77% |
| RDOR3 | Rede D'Or ON | R$ 51,25 | -7,66% |
| BRFS3 | BRF ON | R$ 17,34 | -6,07% |
| AZUL4 | Azul PN | R$ 26,06 | -5,85% |
| POSI3 | Positivo Tecnologia ON | R$ 8,00 | -3,73% |
Os recordes voltaram: ouro é negociado acima de US$ 4.450 e prata sobe a US$ 69 pela 1ª vez na história. O que mexe com os metais?
No acumulado do ano, a valorização do ouro se aproxima de 70%, enquanto a alta prata está em 128%
LCIs e LCAs com juros mensais, 11 ações para dividendos em 2026 e mais: as mais lidas do Seu Dinheiro
Renda pingando na conta, dividendos no radar e até metas para correr mais: veja os assuntos que dominaram a atenção dos leitores do Seu Dinheiro nesta semana
R$ 40 bilhões em dividendos, JCP e bonificação: mais de 20 empresas anunciaram pagamentos na semana; veja a lista
Com receio da nova tributação de dividendos, empresas aceleraram anúncios de proventos e colocaram mais de R$ 40 bilhões na mesa em poucos dias
Musk vira primeira pessoa na história a valer US$ 700 bilhões — e esse nem foi o único recorde de fortuna que ele bateu na semana
O patrimônio do presidente da Tesla atingiu os US$ 700 bilhões depois de uma decisão da Suprema Corte de Delaware reestabelecer um pacote de remuneração de US$ 56 bilhões ao executivo
Maiores quedas e altas do Ibovespa na semana: com cenário eleitoral e Copom ‘jogando contra’, índice caiu 1,4%; confira os destaques
Com Copom firme e incertezas políticas no horizonte, investidores reduziram risco e pressionaram o Ibovespa; Brava (BRAV3) é maior alta, enquanto Direcional (DIRR3) lidera perdas
Nem o ‘Pacman de FIIs’, nem o faminto TRXF11, o fundo imobiliário que mais cresceu em 2025 foi outro gigante do mercado; confira o ranking
Na pesquisa, que foi realizada com base em dados patrimoniais divulgados pelos FIIs, o fundo vencedor é um dos maiores nomes do segmento de papel
De olho na alavancagem, FIIs da TRX negociam venda de nove imóveis por R$ 672 milhões; confira os detalhes da operação
Segundo comunicado divulgado ao mercado, os ativos estão locados para grandes redes do varejo alimentar
“Candidatura de Tarcísio não é projeto enterrado”: Ibovespa sobe e dólar fecha estável em R$ 5,5237
Declaração do presidente nacional do PP, e um dos líderes do Centrão, senador Ciro Nogueira (PI), ajuda a impulsionar os ganhos da bolsa brasileira nesta quinta-feira (18)
‘Se eleição for à direita, é bolsa a 200 mil pontos para mais’, diz Felipe Miranda, CEO da Empiricus
CEO da Empiricus Research fala em podcast sobre suas perspectivas para a bolsa de valores e potenciais candidatos à presidência para eleições do próximo ano.
Onde estão as melhores oportunidades no mercado de FIIs em 2026? Gestores respondem
Segundo um levantamento do BTG Pactual com 41 gestoras de FIIs, a expectativa é que o próximo ano seja ainda melhor para o mercado imobiliário
Chuva de dividendos ainda não acabou: mais de R$ 50 bilhões ainda devem pingar na conta em 2025
Mesmo após uma enxurrada de proventos desde outubro, analistas veem espaço para novos anúncios e pagamentos relevantes na bolsa brasileira
Corrida contra o imposto: Guararapes (GUAR3) anuncia R$ 1,488 bilhão em dividendos e JCP com venda de Midway Mall
A companhia anunciou que os recursos para o pagamento vêm da venda de sua subsidiária Midway Shopping Center para a Capitânia Capital S.A por R$ 1,61 bilhão
Ação que triplicou na bolsa ainda tem mais para dar? Para o Itaú BBA, sim. Gatilho pode estar próximo
Alta de 200% no ano, sensibilidade aos juros e foco em rentabilidade colocam a Movida (MOVI3) no radar, como aposta agressiva para capturar o início do ciclo de cortes da Selic
Flávio Bolsonaro presidente? Saiba por que o mercado acendeu o sinal amarelo para essa possibilidade
Rodrigo Glatt, sócio-fundador da GTI, falou no podcast Touros e Ursos desta semana sobre os temores dos agentes financeiros com a fragmentação da oposição frente à reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva
‘Flávio Day’ e eleições são só ruído; o que determina o rumo do Ibovespa em 2026 é o cenário global, diz estrategista do Itaú
Tendência global de queda do dólar favorece emergentes, e Brasil ainda deve contar com o bônus da queda na taxa de juros
Susto com cenário eleitoral é prova cabal de que o Ibovespa está em “um claro bull market”, segundo o Santander
Segundo os analistas do banco, a recuperação de boa parte das perdas com a notícia sobre a possível candidatura do senador é sinal de que surpresas negativas não são o suficiente para afugentar investidores
Estas 17 ações superaram os juros no governo Lula 3 — a principal delas entregou um retorno 20 vezes maior que o CDI
Com a taxa básica de juros subindo a 15% no terceiro mandato do presidente Lula, o CDI voltou a assumir o papel de principal referência de retorno
Alta de 140% no ano é pouco: esta ação está barata demais para ser ignorada — segundo o BTG, há espaço para bem mais
O banco atualizou a tese de investimentos para a companhia, reiterando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo para os papéis de R$ 14 para R$ 21,50
Queda brusca na B3: por que a Azul (AZUL4) despenca 22% hoje, mesmo com a aprovação do plano que reforça o caixa
As ações reagiram à aprovação judicial do plano de reorganização no Chapter 11, que essencialmente passa o controle da companhia para as mãos dos credores
Ibovespa acima dos 250 mil pontos em 2026: para o Safra é possível — e a eleição não é um grande problema
Na projeção mais otimista do banco, o Ibovespa pode superar os 250 mil pontos com aumento dos lucros das empresas, Selic caindo e cenário internacional ajudando. O cenário-base é de 198 mil pontos para o ano que vem
