Incerteza antes do Copom faz Ibovespa ter tarde de realização de lucros, mas dólar fica próximo do zero a zero em dia volátil
Nos Estados Unidos, os balanços das empresas de tecnologia patrocinaram o dia de alta, na contramão do movimento da bolsa brasileira
Não é preciso voltar muito no tempo para que falar em uma taxa básica de juros na casa dos dois dígitos parecesse uma ousadia extrema, mas agora se trata da realidade.
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a Selic em 1,5 ponto base jogou a taxa básica de juros de volta ao clube dos 10% pela primeira vez desde 2017, a 10,75%. O desfecho já era aguardado, mas nem por isso os investidores tiveram um pregão fácil de navegar nesta quarta-feira (02).
Não foi como andar em um corredor escuro sem ideia para onde o caminho leva, mas foi como dirigir por uma estrada em noite de nevoeiro. O cenário inflacionário ainda é desafiador, com as expectativas para a inflação de 2022 acima do teto da meta e as estimativas para 2023 começando a se afastar do alvo de 3,25% estipulado pelo Banco Central.
A elevação dos preços não é a única variável na mesa, o que levou os principais contratos de DI a operarem em queda, mesmo com a elevação de 1,5 p.p. contratada para o começo da noite. Os investidores tentam antecipar até onde o Banco Central está disposto a ir, ainda que isso acelere ainda mais a desaceleração da atividade econômica, com o forte recuo da taxa de câmbio para o patamar de R$ 5,30 também pesando a favor da desaceleração do ritmo.
Como diante do desconhecido a melhor saída é não se apressar, a B3 teve um dia de volume financeiro negociado abaixo da média dos últimos 21 dias, com realização de lucros. No comunicado divulgado junto com a decisão do Copom, o Banco Central confirmou a intenção de desacelerar o ritmo de ajuste da taxa básica de juros, como você confere nesta matéria do Victor Aguiar.
Em Wall Street, o dia foi de instabilidade, mas os bons números da temporada de balanços permitiram que o pregão fosse de ganhos. Por aqui, o balanço do Santander não ajudou e fez com que o setor bancário e financeiro se destacasse entre os piores desempenhos do dia.
Leia Também
A última dança de Warren Buffett: 'Oráculo de Omaha' vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Depois da expressiva valorização recente, apoiada na entrada de recursos estrangeiros, o Ibovespa encerrou a quarta-feira (02) em queda de 1,18%, aos 111.894 pontos. O mercado de câmbio também passou por um movimento de realização, mas o dólar à vista fechou longe das máximas, em leve alta de 0,07%, aos R$ 5,2763.
Confira o fechamento do mercado de juros:
| CÓDIGO | NOME | TAXA | FECHAMENTO |
| DI1F23 | DI jan/23 | 12,13% | 12,17% |
| DI1F25 | DI Jan/25 | 10,97% | 11,06% |
| DI1F26 | DI Jan/26 | 10,88% | 10,98% |
| DI1F27 | DI Jan/27 | 10,95% | 11,06% |
Para além do Copom
A decisão do Copom e o futuro da política monetária local não foram as únicas preocupações dos investidores. O dia foi cheio de números para serem digeridos. Nos Estados Unidos, o relatório de empregos do setor privado (ADP), considerado uma prévia do payroll, frustrou a expectativa dos investidores, com o pior resultado desde dezembro de 2020, após o corte de 301 mil empregos em janeiro.
O Federal Reserve, o banco central americano, utiliza os dados de emprego para decidir sobre os estímulos à economia e a taxa de juros. Portanto, o próximo payroll pode ser decisivo para o direcionamento do tapering (a retirada desses estímulos à economia).
O resultado frustrante deixou as bolsas em Wall Street instáveis ao longo do dia, mas os bons números divulgados pelas gigantes de tecnologia conseguiram guiar os índices americanos para um dia de ganhos. O Nasdaq avançou 0,50%, enquanto o S&P 500 e o Dow Jones subiram 0,87% e 0,63%, respectivamente.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma alta de 2,9% da produção industrial em novembro, interrompendo cinco meses de queda. No acumulado do ano, 2021 viu um crescimento de 3,9%.
Sobe e desce do Ibovespa
Para Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, o mercado mostrou disposição para realizar lucro nos ativos mais líquidos da bolsa e migrar para empresas que possam entregar resultados semelhantes aos vistos na temporada de balanços norte-americano. A Cielo (CIEL3) subiu em antecipação aos resultados que serão divulgados nesta noite. Confira as maiores altas do dia:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| POSI3 | Positivo Tecnologia ON | R$ 9,58 | 3,57% |
| QUAL3 | Qualicorp ON | R$ 18,37 | 1,60% |
| CIEL3 | Cielo ON | R$ 2,33 | 1,30% |
| BRAP4 | Bradespar PN | R$ 28,13 | 1,15% |
| RDOR3 | Rede D'Or ON | R$ 45,59 | 0,89% |
A BRF foi um dos principais destaques negativos do dia, após a confirmação do valor de sua oferta subsequente de ações. A operação foi precificada em R$ 20 por ação, movimentando R$ 5,4 bilhões, menos do que os R$ 7,7 bilhões inicialmente esperados. O valor representa um desconto de 7,75% com relação ao fechamento de ontem.
O IRB também teve queda expressiva, puxado pela notícia de que a resseguradora pode buscar um novo aumento de capital para financiar o restante de sua reestruturação. Confira também as maiores quedas:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 25,40 | -9,54% |
| IRBR3 | IRB ON | R$ 3,02 | -9,04% |
| BRFS3 | BRF ON | R$ 19,95 | -7,77% |
| BPAN4 | Banco Pan PN | R$ 9,60 | -7,34% |
| MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 6,51 | -7,13% |
*Colaboração de Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, Fernando Bresciani, analista de investimentos Andbank, e Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
