Nos céus do mercado, uma distorção: a Eve e seus carros voadores já valem mais que a Embraer (EMBR3), a controladora
Parece difícil explicar esse caso da Embraer (EMBR3), mas de acordo com especialistas, a inversão é esperada e ainda deve levar um tempo para se ajustar
Discutir a existência de carros voadores traz um sentimento forte de que o futuro chegou — e de que todos os delírios de décadas passadas são, finalmente, realidade. Nesse sentido, a Embraer (EMBR3) e a sua controlada Eve Urban Air Mobility estão na vanguarda.
Se você não está por dentro das inovações, voltemos à outubro de 2020. Foi quando a EmbraerX — o braço da fabricante de aviões voltada para projetos de inovação — lançou a Eve, responsável por desenvolver e acelerar soluções para o mercado de Mobilidade Aérea Urbana (UAM).
E, para tal, a Eve passou a atuar no mercado de eVTOLs (sigla em inglês para "veículos elétricos de pouso e decolagem vertical"). São os famigerados 'carros voadores', uma mistura de automóvel da Tesla com helicóptero — tudo ainda está na fase de protótipo, mas a subsidiária da Embraer logo se tornou uma referência global nessa área.
Só que, desde maio, quando a Eve fez sua estreia na bolsa de Nova York, um fato curioso tem chamado a atenção do mercado: enquanto a empresa que fabrica carros voadores possui um valor de mercado estimado em US$ 1,65 bilhão, a Embraer é avaliada em aproximadamente US$ 1,6 bilhão.
Pois vamos às contas: a Embraer é dona de cerca de 90% das ações da Eve — portanto, sua fatia vale perto de US$ 1,5 bilhão. Mas vale lembrar que a empresa brasileira também tem os negócios de aviação comercial, executiva e defesa.
Ou seja, a conta não fecha: é como se as divisões "tradicionais" da fabricante de aeronaves não valessem quase nada. À primeira vista, ou a Eve parece supervalorizada, ou a Embraer está subvalorizada.
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Embraer (EMBR3) x Eve: quem está certo?
Parece difícil explicar um caso como esse, mas de acordo com especialistas do mercado, a inversão é esperada e ainda deve levar um tempo para se ajustar.
Afinal, se na hora de levantar voo a visibilidade do horizonte é fundamental para um piloto, é justamente a falta de perspectivas do que virá a seguir que impede o ajuste desses preços — especialmente no caso da Eve.
Na avaliação de Gustavo Pazos, analista de research da Warren, avaliar o valor de mercado de uma empresa como a Embraer (EMBR3) é mais fácil, uma vez que sua área de atuação já é bastante conhecida e consolidada.
A Eve, por sua vez, ainda tenta desbravar uma realidade completamente nova, por mais promissora que pareça, além de possuir 93% de suas ações sob o controle de investidores estratégicos – incluindo a Embraer.
"São dois negócios muito diferentes entre si, por isso a diferença de valuation pode ser tão grande. É mais fácil que a Eve esteja mal precificada diante de uma amplitude tão grande de variáveis que compõem esse cálculo, além da baixa liquidez", diz.
Um exemplo disso está na volatilidade das ações da companhia negociadas na Nyse, sob o código EVEX: em praticamente dois meses de negociação, o papel passou de US$ 11,32 nas máximas para US$ 5,45 no dia 28 de junho, o valor mais baixo até agora.
A listagem na bolsa americana fez parte da fusão da Eve com a norte-americana Zanite, um SPAC (sociedade de aquisição de propósito específico) — uma espécie de "casca" cujo único propósito é comprar outras empresas e viabilizar sua entrada na bolsa.
Em relatório recente, os analistas do UBS comentam justamente a insegurança do mercado diante dos números dessas empresas. Enquanto dona de 90% da Eve, a Embraer pode ter problemas sérios em caso de desinvestimentos na startup, com redução drástica de seu valor patrimonial. Isso também ajuda a pressionar as ações da fabricante de aviões até aqui.
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A Eve ainda vai voar
Apesar disso, caso tudo corra bem, a tendência é que a Eve seja capaz de destravar valor da Embraer (EMBR3). Analistas e gestores reforçam que a empresa brasileira é bem consolidada em sua área de atuação e aproveita a recuperação de todo o setor aéreo no mundo, competindo bem com as rivais Airbus e Boeing.
"A Embraer tem uma boa posição no mercado, especialmente no segmento comercial. Nos últimos anos também passou a explorar melhor a oferta de serviços e manutenção, responsáveis por aumentar as margens e diluir o custo de desenvolvimento das aeronaves", comenta Felipe Pinheiro, analista da gestora Polo Capital.
Gustavo Pazos, da Warren, ressalta que, hoje, o maior empecilho para a companhia brasileira está nos fatores macroeconômicos, citando os altos preços do petróleo diante da guerra na Ucrânia e as previsões que dão conta de uma recessão global.
"Avaliando os números, a Embraer é uma empresa mais previsível. Se eu for avaliar o preço da Eve, eu posso achar qualquer valor porque tem muitos outros elementos envolvidos", explica.
Embraer (EMBR3) no prejuízo
De acordo com seus resultados trimestrais, a Embraer (EMBR3) teve prejuízo líquido ajustado de R$ 428 milhões entre janeiro e março deste ano — o volume de perdas, no entanto, foi 18% menor em relação ao mesmo período do ano passado.
O resultado líquido atribuído a acionistas foi negativo em R$ 170,7 milhões, melhora de 65,1% na comparação anual. Já a receita líquida chegou a R$ 3,076 bilhões no período, queda de 30,9% frente ao primeiro trimestre de 2021.
Segundo a companhia, o resultado foi afetado principalmente pela redução nas entregas, tanto no segmento comercial quanto no executivo, além de descontos nas vendas de aeronaves . A receita da frente de serviços foi capaz de compensar apenas uma parte dessas baixas.
Apesar disso, em relatório recente, a XP reiterou sua visão positiva para a Embraer, com recomendação de compra baseada na recuperação da aviação comercial e potencial de valor da Eve.
A XP também elevou o preço-alvo da Embraer, de R$ 27,30 para R$ 27,50, um potencial de valorização de 137% se considerado o preço do papel a R$ 11,60 no pregão de hoje.
A expectativa é que, passado o pior momento da pandemia, a Embraer seja capaz de entregar mais aeronaves comerciais — a estimativa é a de que entre 65 e 80 aviões do tipo sejam enviadas aos clientes entre este ano e o próximo.
Para comparação, entre 2020 e 2021 foram feitas 44 e 48 entregas, respectivamente, refletindo o auge das restrições causadas pela Covid-19.
"Do ponto de vista de valuation, faz todo o sentido entrar comprado em Embraer e vendido em Eve. Não vemos, no entanto, nenhum gatilho de curto prazo que possa motivar uma correção", comenta Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.

Os sonhados carros voadores
Se o mercado ainda diverge na hora de precificar bem a Eve, a companhia não perde tempo em seu posicionamento de mercado. Nos últimos meses, a empresa fechou negócio com pelo menos 17 clientes por meio de cartas de intenções não vinculantes. Isto resultou em um “pipeline” de 1.735 veículos, avaliados em aproximadamente US$ 5,2 bilhões.
No mês passado, a Eve também fechou dois novos contratos. Um deles para a fabricação de aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVROL) para os Emirados Árabes Unidos em uma parceria com a Falcon Aviation Services, empresa de serviços de aviação executiva. Estima-se que serão entregues até 35 carros voadores até 2026.
O outro foi firmado com a empresa de aviação da Kenya Airways, Fahari Aviation, com o objetivo de expandir a mobilidade urbana aérea na região africana.
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