Morreu e foi pro paraíso (do CDI): Empiricus libera relatório semanal de renda fixa a todos os seus assinantes
Temos defendido uma posição importante em renda fixa, combinada, sim, a uma boa exposição em ações, para permitir que o investidor atravesse esse período de grande incerteza macroeconômica e eleitoral brasileiro
“As notícias sobre minha morte são manifestamente exageradas.” A frase atribuída a Mark Twain poderia muito bem servir ao mercado de capitais brasileiro.
Os mais crescidinhos, que frequentavam as mesas de operações entre os anos 1980 e 1990, talvez se lembrem de conversas, permeadas por aquele sotaque carioca carregado (esclareço: nada contra; acho charmoso), do tipo: “Nada bate o dólar, nada bate o CDI”.
De fato, tínhamos uma jabuticaba curiosa: um produto de alto retorno, baixo risco e liquidez diária, capaz de desafiar a literatura clássica das Finanças Modernas.
Até quem nunca morreu está morrendo
Vivíamos no paraíso do CDI. Pelos corredores, ouvia-se insistentemente: “Esse é o nosso único bom produto em nível global” — a rigor, o histórico aponta o juro real como o efetivo bom produto brasileiro, mas nuances técnicas podem ser sublimadas numa manhã de segunda-feira.
Então, vieram vários avanços institucionais, a tal estagnação secular, juros mais baixos lá fora e uma pandemia. Teríamos juros civilizados e o financial deepening levaria a uma migração estrutural e ininterrupta das aplicações convencionais e muito conservadoras às ações, aos maiores durations e à diversificação internacional.
Era a morte da renda fixa. Mas aí tivemos a volta da pandemia e a inflação voltou com tudo. Foi então que a B3 morreu também.
Leia Também
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Então, quando parecia que a solução estava nas moedas digitais, as criptos também se juntaram ao plano espiritual com seu falecimento neste fim de semana. Até quem nunca morreu está morrendo…
“Prefiro o paraíso pelo clima e o inferno pela companhia”, recorrendo mais uma vez a Mark Twain. Ao menos o inferno deve estar mais agitado agora.
Entre mortos e feridos, salvaram-se todos
Por que essa necessidade maniqueísta de caracterizar os investimentos entre vivos e mortos?
Em muitas situações — aliás, na maioria delas —, não há essa dicotomia entre classes de ativos sobre serem boas ou ruins.
Analistas pensam (ou deveriam pensar) sob rigor científico, ponderando distribuições de probabilidades e cenários plausíveis à frente.
Um pequeno anedótico real para ilustrar o ponto
Noutro dia, minha mãe foi ao médico, que, sabendo que ela era minha mãe, lhe perguntou: “Lúcia, recebi uma liquidez agora e estou querendo ter uma nova fonte de renda. Veja com o Felipe se é melhor comprar alguns imóveis ou montar uma carteira de dividendos. Imóveis são uma boa? E ações pagadoras de dividendos?”. Ofereci a única resposta possível: “Mãe, eu não sei. Fala pra ele que depende. Quais imóveis? Em que região, qual estado de conservação, quanto ele está pagando? E de quais ações exatamente ele estava falando? Também precisaria saber um pouco o horizonte temporal dele e sua disposição a risco…”.
Obviamente, o Doutor, que era um leitor assíduo e voraz, passou a me achar um idiota, no que concordo com ele, mas por outros motivos.
Ressurreição ao terceiro dia
A renda fixa nunca morreu, como as ações também não estão mortas agora. Talvez até o contrário. Quando surge esse papo, você pode acreditar numa espécie de ressurreição ao terceiro dia.
Neste momento em que os fundos de investimento em ações enfrentam resgates e é pseudodescolado falar nas redes sociais que “a B3 morreu; agora o que pega é Bolsa gringa e cripto”, deveria ser a hora de comprar Bolsa brasileira barata. Mas é difícil convencer o ser humano de seus próprios vieses cognitivos. Todos preferem vender barato e comprar caro depois, quando já subiu, desafiando a lição elementar de finanças.
A alocação patrimonial em diversas classes de ativos se faz a partir do próprio conhecimento de perfil e respectiva associação a exposições estruturais, sobre as quais se estabelecem bandas táticas de aumento ou redução de posição conforme o cenário. É nesse contexto que a renda fixa volta a ser tática e particularmente atrativa.
Temos defendido uma posição importante em renda fixa, combinada, sim, a uma boa exposição em ações, para permitir que o investidor atravesse esse período de grande incerteza macroeconômica e eleitoral brasileiro, alojando-se em papéis de baixo risco com retorno, em especial real, atraente.
Foco em “juro real” é importante
Um dos grandes erros do investidor neste momento seria, por estar pessimista com a evolução da economia brasileira, esconder-se num prefixado, “para garantir uma boa taxa de juro num período de incerteza”.
Se você está pessimista com o Brasil e com medo da inflação, o prefixado oferece um risco enorme, porque os retornos nominais podem ser corroídos pela alta dos preços.
Esclarecimento: até gostamos dos prefixados neste momento, porque as taxas de juros das atuais cotações já nos parecem contemplar excessivo prêmio de risco, como se o Brasil tivesse perdido por completo sua capacidade de fazer política monetária e domar a inflação.
O ponto é que essa posição não pode ser vista como defensiva, tampouco representar uma parte grande do portfólio.
Para o investidor pessoa física, gostamos particularmente das NTN-Bs (Tesouro IPCA+) de prazo médio e longo, e de títulos isentos indexados à inflação.
Alta de juros vem aí
Nesta semana, o Copom atualiza a taxa Selic, com expectativa ampla de mais um aumento de 1,5 ponto no juro básico, combinado a sinalização de novos incrementos à frente. Caminhamos para os dois dígitos novamente e o investidor, claro, não pode se furtar a esse cenário de juros mais altos.
Como forma de nos adaptarmos a esse ambiente e oferecer a nossos assinantes uma orientação tão robusta quanto eles merecem, estamos trazendo uma novidade bacana, uma espécie de retribuição, aos clientes da Empiricus: a partir desta semana, nossas recomendações focadas em renda fixa passarão a ser gratuitas para todos os assinantes de alguma série da Casa.
Super Renda Fixa
Será um relatório semanal por e-mail, chamado “Super Renda Fixa”, focado em oportunidades atrativas disponíveis nas mais variadas plataformas de investimentos, para que o investidor possa aproveitar títulos interessantes e apurar rendimentos diferenciados.
Nas próximas duas semanas, esse material será excepcionalmente divulgado como Day One como forma de apresentar o conteúdo a todos os leitores. Caso pinte alguma coisa nova fora deste calendário formal, também enviaremos alertas extraordinários.
Ele será capitaneado pela Laís Helena, que faz parte do exército de intellectual navy seals da Empiricus — sim, é a mais pura verdade.
A Laís é engenheira eletricista com passagem pela University of Tennessee, pelo MIT e especialização em finanças pela Columbia University.
Iniciou a carreira no mercado financeiro com foco no mercado de bonds nos EUA. Após uma experiência na Itaú Asset em NY, ela esteve por três anos no time de Global Macro Strategy da XP Inc. também em NY, cobrindo mercados emergentes asiáticos e Brasil com foco em criação de ideias de investimento de renda fixa para clientes institucionais.
Desde maio deste ano, Laís é responsável pela alocação e seleção de fundos globais do time dos Melhores Fundos de Investimento.
Como forma de prestigiar os assinantes do Empiricus High Yield, esses, além de continuar recebendo normalmente o “Super Renda Fixa”, terão um crédito adicional de R$ 50 para gastar como quiserem em nossa loja virtual.
Ficamos felizes em poder dar esse passo neste momento e permitir que o investidor atravesse o período de mais volatilidade dos mercados locais e de maior atratividade dos títulos brasileiros devidamente orientado pelas nossas indicações de renda fixa.
Amanhã mesmo teremos a primeira edição. Fique ligado. A combinação de bons títulos de renda fixa com ações de companhias de qualidade a preços muito descontados nunca esteve tão viva.
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje