Como ficam os seus investimentos em renda fixa com a Selic em 7,75%
Agora até a poupança ganha da inflação projetada. Veja como fica o retorno das aplicações conservadoras de renda fixa agora que o Banco Central elevou a Selic mais uma vez

Depois de alguma expectativa, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 1,5 ponto percentual nesta quarta-feira (27), confirmando as principais estimativas do mercado. Com isso, a Selic passa de 6,25% para 7,75% ao ano.
Diferentemente do que ocorreu nas últimas reuniões, desta vez o mercado se viu um pouco dividido quanto ao rumo que a autoridade monetária iria tomar na decisão de juros.
No seu último encontro, o Copom havia acenado com uma nova elevação de 1,00 ponto percentual nesta reunião de outubro, mas depois do drible do governo ao teto de gastos, as apostas do mercado subiram para alta de 1,25 ou, principalmente, de 1,50 ponto percentual.
O IPCA-15 de outubro, prévia da inflação para o mês, também contribuiu para o aumento nas apostas em uma alta mais dura na Selic. A variação de 1,20% do indicador foi a maior para o mês em 26 anos e veio acima da mediana das projeções do mercado, que era de 1,00%.
Desde a semana passada, quando o governo anunciou que o Auxílio Brasil contaria com recursos fora do teto de gastos, os agentes de mercado vêm revisando para cima suas estimativas para inflação e Selic em 2021 e 2022, com base na deterioração do risco fiscal. Já o crescimento econômico vem sendo revisado para baixo.
Segundo o último Boletim Focus do Banco Central, a inflação prevista para 2021 é de 8,96%, enquanto a Selic deve fechar o ano em 8,75%. Já para 2022, a estimativa é de um IPCA de 4,40% e uma Selic de 9,50%. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é estimado em 4,97% neste ano e apenas 1,40% no ano que vem.
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Mesmo assim, já há instituições financeiras que esperam uma Selic na casa dos 11% em 2022 e um crescimento econômico pífio ou até negativo no ano que vem.
Seja como for, do ponto de vista do investidor, um retorno aos juros de dois dígitos volta a deixar a renda fixa mais conservadora atrativa. É o caso do Tesouro Selic (LFT), da caderneta de poupança, dos fundos DI e de títulos bancários, como os CDB, LCI e LCA pós-fixados.
Em outras palavras, é um bom momento para investir nesses papéis pós-fixados (atrelados à Selic e ao CDI) para além da reserva de emergência, pois o retorno dessas aplicações tende a aumentar com a elevação da taxa básica. Além disso, aumenta a diferença entre a remuneração desses papéis e a da caderneta de poupança.
No vídeo a seguir, eu explico o que é a reunião do Copom e como a definição da Selic afeta a sua vida. Assista:
Vencendo o dragão
No patamar de 7,75% ao ano, a Selic já não perde para a inflação oficial projetada para os próximos 12 meses (de 4,90%, segundo o último Focus), como vinha acontecendo há algum tempo.
As aplicações financeiras cuja remuneração é atrelada à Selic ou à taxa DI - taxa de juros que costuma acompanhar a taxa básica - também já começam a vencer o dragão com alguma facilidade.
Com a perspectiva de que a Selic continue em alta, o que tende também a controlar a inflação, essas aplicações devem encontrar cada vez menos dificuldades de preservar o poder de compra do investidor.
Como ficam os investimentos conservadores com a Selic em 7,75% ao ano
Para você ter uma ideia de como o retorno da renda fixa conservadora está neste momento, eu fiz uma simulação de rentabilidade com quatro aplicações pós-fixadas no novo cenário de juros: caderneta de poupança, Tesouro Selic (LFT), fundo de renda fixa/CDB e Letra de Crédito Imobiliário (LCI). Considerei Selic constante de 7,75% ao ano e o CDI constante de 7,65%, um pouco abaixo, como costuma acontecer.
Escolhi quatro prazos de forma a contemplar as quatro alíquotas de IR possíveis, no caso das aplicações tributadas (Tesouro Selic e fundos/CDB).
Usei datas reais para poder usar o simulador do Tesouro Direto para calcular o retorno do Tesouro Selic, de modo a incluir a taxa de custódia e o spread nos cálculos no caso de uma venda antes do vencimento.
Para calcular o retorno da poupança utilizei os prazos em meses e anos. Já para simular os retornos do fundo/CDB e da LCI, levei em conta o número de dias úteis entre as duas datas reais consideradas em cada prazo.
Todas as rentabilidades estão líquidas de taxas, spread e imposto de renda, quando for o caso.
Prazo | Poupança | Tesouro Selic | Fundo de renda fixa / CDB 100% do CDI | LCI 100% do CDI |
3 meses | 1,33% | 1,43% | 1,46% | 1,89% |
8 meses | 3,58% | 3,91% | 3,98% | 4,98% |
1 ano | 5,43% | 6,23% | 6,31% | 7,65% |
2 anos | 11,14% | 13,35% | 13,47% | 15,85% |
Parâmetros
A poupança atualmente paga 70% da taxa Selic mais Taxa Referencial (TR), que no momento encontra-se zerada. Não tem taxas nem imposto de renda, e sua rentabilidade é mensal, apenas no dia do aniversário.
Já o Tesouro Selic é um título público que paga, no vencimento, a Selic mais um ágio ou deságio. Se vendido antes do vencimento, o retorno é levemente sacrificado em função de uma diferença entre as taxas de compra e venda do papel (spread), o que pode deixar a rentabilidade inferior à Selic do período.
O rendimento do Tesouro Selic é diário, e há cobrança de IR e de uma taxa de custódia obrigatória de 0,25% ao ano, paga à B3, apenas sobre o que exceder o saldo investido de R$ 10 mil.
É possível, porém, que a rentabilidade do título seja um pouco maior do que aparece na tabela. Isso porque, nos casos de venda antes do vencimento, a calculadora do Tesouro Direto não confere a isenção de taxa de custódia para o valor investido inferior a R$ 10 mil.
Levei em conta, ainda, que a corretora utilizada para operar no Tesouro Direto não cobra taxa de agente de custódia, que é aquela taxa de administração que as corretoras podem cobrar para oferecer acesso à plataforma do Tesouro - mas que a maioria já não cobra.
Considerei também os fundos de renda fixa que só investem em Tesouro Selic e não cobram taxa de administração, supondo que seu retorno represente a variação do CDI no período menos o imposto de renda. Assim, esses fundos se equiparam, por exemplo, aos CDBs, RDBs ou contas de pagamentos que remuneram 100% do CDI.
Vale aqui uma observação: os fundos Tesouro Selic não costumam pagar exatamente 100% do CDI. Sua remuneração tem ficado um pouco abaixo disso, e eles também estão sujeitos a eventuais quedas nos preços dos títulos, que são raras, mas podem acontecer. A simulação é apenas ilustrativa.
Por fim, simulei o retorno da LCI porque se trata de um título isento de taxas e de IR. Considerei um papel que pague 100% do CDI (às vezes surge uma dessas por aí), apenas para você ver o que seria receber uma rentabilidade líquida de 100% do CDI.
A renda fixa voltou
Com a Selic em 7,75% ao ano, já dá para dizer que os investimentos de renda fixa atrelados à taxa básica de juros, mesmo os mais conservadores, "voltaram para o jogo".
Repare que, no prazo de um ano e considerando uma Selic constante, as rentabilidades líquidas projetadas para o Tesouro Selic (6,23%), os fundos Tesouro Selic ou CDBs que rendem 100% do CDI (6,31%) e as LCIs que rendem 100% do CDI (7,65%) já vencem a inflação projetada para 12 meses, de 4,90%.
Essa diferença tende a aumentar à medida que a Selic subir mais, conforme o previsto, e a inflação for, consequentemente, sendo controlada.
Repare ainda que a poupança se mantém desvantajosa frente aos demais investimentos conservadores, e assim deve continuar, ao menos enquanto a Selic estiver abaixo de 8,50%, e o retorno da caderneta for de 70% da Selic mais Taxa Referencial (TR). Mas agora, mesmo a poupança já se mostra capaz de repor a inflação projetada em 12 meses, o que ainda não acontecia na data da última reunião do Copom, em setembro.
Além disso, nos atuais patamares de juros, o Tesouro Selic ganha da poupança nova em todos os cenários, mesmo quando há cobrança de taxa de custódia, no resgate antecipado e nos prazos mais curtos, quando a alíquota de IR é maior. Porém, como víamos no início do ano, nos patamares mais baixos de Selic, nem sempre isso é verdade.
Seja como for, é preciso lembrar que 7,75% ainda é uma Selic baixa para patamares brasileiros. Agora já é possível dizer que a reserva de emergência voltou a render alguma coisa, mas com a inflação nas alturas, o retorno real (rentabilidade acima da inflação) permanece baixo.
Ou seja, já é possível preservar o poder de compra da sua reserva de emergência, e até mesmo ganhar um trocado a mais. Isso não estava acontecendo com a Selic nas mínimas históricas, quando a renda fixa havia se transformado em "perda fixa", mesmo quando a inflação ainda estava comportada.
Mas para ganhar consideravelmente acima da inflação, uma diversificação da carteira se faz necessária - nem que seja em outros ativos de renda fixa menos conservadores, como os títulos públicos ou bancários prefixados e atrelados à inflação ou os títulos de crédito privado.
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