Brasília tira o brilho dos balanços, e Ibovespa fecha no vermelho mais uma vez; dólar vai a R$ 5,25 com fiscal e adiamento da reforma do IR
Cautela política, risco de rompimento do teto de gastos e uma pitada de crise constitucional passaram a fazer parte do dia a dia de negócios por aqui. E isso não tem ajudado o Ibovespa

Ainda que as bolsas americanas não tivessem passado o dia oscilando entre perdas e ganhos e a variante delta não colocasse uma pulga atrás da orelha dos investidores, o dia já raiou predestinado a ser de muita cautela para o Ibovespa e todo o ambiente de negócios brasileiro.
O noticiário corporativo está movimentado, com dezenas de balanços sendo digeridos pelos investidores. O segundo trimestre de 2021 foi delicado e mostrou o impacto da segunda onda da covid-19 nas empresas brasileiras — cada linha importa e os detalhes fazem toda a diferença na reação dos investidores.
Mas de pano de fundo temos uma cautela tipicamente made in Brazil — a preocupação com o compromisso do governo em cumprir as regras fiscais e evitar o superendividamento do país, os atritos políticos que não dão garantia de base de sustentação para o governo Bolsonaro e a demora para a tramitação de reformas.
Para Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, as coisas só devem melhorar quando as coisas acalmarem na capital federal. “Esse cenário político tumultuado reforça aquela impressão dos investidores de que não tem ambiente para o andamento de reformas econômicas importantes que dariam um direcionamento um pouco melhor das contas públicas”.
E a falta de consenso entre os parlamentares fez mais uma vítima hoje. Depois de um acordo entre os líderes da Câmara, o texto da Reforma Tributária, que estava previsto para ser votado nesta quinta, ficou para outro elemento tipicamente brasileiro - a semana que vem (17). Celso Sabino deve aproveitar o tempo extra para protocolar uma nova versão para acatar as sugestões de mudanças dos deputados.
Com o S&P 500 e o Dow Jones ganhando fôlego, o Ibovespa até ensaiou uma recuperação pegando carona nos balanços e chegou a zerar a queda do dia, mas o atraso mais uma vez pegou mal. O principal índice da bolsa brasileira fechou a quinta-feira com um recuo de 1,11%, aos 120.700 pontos, mais uma vez deixando a B3 longe dos seus pares internacionais.
Leia Também
Lá fora, nem tudo foram boas notícias. Um novo indicador de inflação americano mostrou a pressão da elevação nos preços e fez o dólar operar em alta. Por aqui, a divisa até chegou a cruzar para o campo negativo quando ainda havia esperanças de que a reforma do IR pudesse ser votada hoje, mas não deu para segurar. A moeda americana fechou o dia em alta de 0,67%, a R$ 5,2564.
O desenho do novo Bolsa Família e as mudanças no pagamento de precatórios também seguem ali, gerando mais ruídos e cautela. A PEC dos precatórios, que prevê o parcelamento de quase R$ 40 bilhões em dívidas judiciais federais em 2022, voltou a ser defendida nesta manhã pelo ministro Paulo Guedes. Como o mercado ainda busca pistas do comprometimento do governo em diminuir o endividamento, os principais contratos de DI avançaram mais um dia. Confira:
- Janeiro/22: de 6,52% para 6,58%
- Janeiro/23: de 8,13% para 8,29%
- Janeiro/25: de 9,02% para 9,29%
- Janeiro/27: de 9,48% para 9,68%
Sobe e desce do Ibovespa hoje
Com a agenda de balanços carregada e a falta de novidades mais concretas em Brasília, o noticiário corporativo teve espaço para finalmente brilhar na semana mais recheada de resultados da temporada de balanços.
Em muitos setores, a segunda onda da covid-19 acabou sendo bem menos danosa do que a primeira série de fechamentos e medidas de restrição à circulação que entraram em vigor em março do ano passado. Mas esse não é o caso das operadoras de saúde.
Internações em alta, maior uso das redes próprias e credenciadas e uma crise econômica que atinge tanto os clientes corporativos quanto individuais pesaram nos balanços. No caso da Hapvida, o lucro teve uma queda brusca de 62,5%, para R$ 104,6 milhões e o Ebitda caiu 52%, a R$ 291,7 milhões, mas a empresa conseguiu seguir crescendo de forma sustentável a sua base de beneficiários.
O tíquete médio também subiu, levando a receita a ter um crescimento de 3% no trimestre. Já a NotreDame Intermédica viu o seu lucro virar prejuízo. Mas mesmo assim os investidores gostaram do que viram já que, com a aceleração da vacinação, o coronavírus logo deve ser um problema do passado e a fusão entre as companhias irá criar a maior operadora de saúde do país. Por isso, as duas foram os grandes destaques do dia.
Mas essa melhora no cenário puxou também outras companhias do setor, como Fleury e SulAmérica. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
GNDI3 | Intermédica ON | R$ 82,62 | 6,91% |
HAPV3 | Hapvida ON | R$ 14,85 | 6,38% |
FLRY3 | Fleury ON | R$ 23,61 | 4,01% |
SULA11 | SulAmérica units | R$ 29,02 | 2,80% |
RADL3 | Raia Drogasil ON | R$ 25,81 | 2,75% |
Na ponta contrária da tabela, os balanços também deram o tom. Ultrapar, Via, B3 e Inter mostraram crescimento em quase todos os indicadores no segundo trimestre, mas os detalhes não agradaram.
A queda mais brusca ficou com as ações da Ultrapar, após números fracos principalmente dos resultados da rede de postos Ipiranga.
A exceção fica com os papéis da Minerva. A companhia desmentiu a informação de que estaria estudando realizar o fechamento do capital da companhia, o que reverteu boa parte do ganho da véspera.
O dia de balanços foi cheio e você pode conferir os resultados de Aeris, Azul, Oi e SmartFit aqui no Seu Dinheiro. Confira também as maiores quedas do Ibovespa hoje:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
UGPA3 | Ultrapar ON | R$ 15,21 | -12,33% |
BEEF3 | Minerva ON | R$ 8,82 | -11,27% |
B3SA3 | B3 ON | R$ 13,89 | -7,71% |
VVAR3 | Via Varejo ON | R$ 12,07 | -7,30% |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 67,38 | -6,16% |
De olho no dragão
Sem pronunciamentos de dirigentes do Federal Reserve para guiar os negócios hoje, as bolsas em Wall Street levaram algum tempo para digerir a leitura dos dados econômicos divulgados nesta quinta-feira (12).
O dia começou com o assunto mais delicado do momento: inflação. O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) subiu acima das projeções do mercado. Segundo o Departamento do Trabalho, o índice avançou 1% em julho ante junho, enquanto a expectativa dos economistas consultados era de 0,6%. No acumulado do ano, o PPI atingiu 7,8%.
Os pedidos de auxílio-desemprego, por outro lado, vieram em linha com o esperado pelo mercado. Foram registrados 375 mil novos pedidos na semana encerrada no dia 07 de agosto. Essa mais nova leva de dados divergentes pressionou o dólar ao longo do dia e levou as bolsas americanas a operarem mistas.
Mas no fim do dia, foi recorde novamente para o S&P 500 e o Dow Jones, e um bom dia para o Nasdaq. Confira o resultado dos principais índices americanos.
- Nasdaq: 0,35% - 14.816 pontos
- S&P 500: 0,30% - 4.460 pontos
- Dow Jones: 0,04% - 35.499 pontos.
Veja as empresas que pagam dividendos e juros sobre capital próprio nesta semana
Magalu, Santander, Fleury e mais 15 empresas pagam proventos nos próximos dias; confira o calendário
Espírito olímpico na bolsa: Ibovespa flerta com novos recordes em semana de Super Quarta e balanços, muitos balanços
Enquanto Fed e Copom decidem juros, temporada de balanços ganha tração com Itaú, Bradesco e Ambev entre os destaques
Veja as empresas que pagam dividendos e juros sobre capital próprio na próxima semana
Magalu, Santander, Fleury e mais 15 empresas pagam proventos nos próximos dias; confira o calendário
Semana mais curta teve ganhos para a Bolsa brasileira e o real; veja como foram os últimos dias para Ibovespa e dólar
O destaque da semana que vem são as reuniões dos comitês de política monetária do Brasil e dos Estados Unidos para decidir sobre as taxas de juros dos seus países, na chamada “Super Quarta”
Warren Buffett não foi às compras: Berkshire Hathaway tem caixa recorde de US$ 347,7 bilhões no primeiro trimestre; lucro cai 14%
Caixa recorde indica que Buffett não aproveitou a queda do mercado de ações no primeiro trimestre para aplicar o dinheiro em novas oportunidades
Petrobras (PETR3) excluída: Santander retira petroleira da sua principal carteira recomendada de ações em maio; entenda por quê
Papel foi substituído por uma empresa mais sensível a juros, do setor imobiliário; saiba qual
IRB (IRBR3) volta a integrar carteira de small caps do BTG em maio: ‘uma das nossas grandes apostas’ para 2025; veja as demais alterações
Além do retorno da resseguradora, foram acrescentadas também as ações da SLC Agrícola (SLCE3) e da Blau Farmacêutica (BLAU3) no lugar de três papéis que foram retirados
WEG (WEGE3) tem preço-alvo cortado pelo JP Morgan após queda recente; banco diz se ainda vale comprar a ‘fábrica de bilionários’
Preço-alvo para a ação da companhia no fim do ano caiu de R$ 66 para R$ 61 depois de balanço fraco no primeiro trimestre
Um mês da ‘libertação’: guerra comercial de Trump abalou mercados em abril; o que esperar desta sexta
As bolsas ao redor do mundo operam em alta nesta manhã, após a China sinalizar disposição de iniciar negociações tarifárias com os EUA
Esta empresa mudou de nome e ticker na B3 e começa a negociar de “roupa nova” em 2 de maio: confira quem é ela
Transformação é resultado de programa de revisão de estratégia, organização e cultura da empresa, que estreia nova marca
Ficou com ações da Eletromidia (ELMD3) após a OPA? Ainda dá tempo de vendê-las para não terminar com um ‘mico’ na mão; saiba como
Quem não vendeu suas ações ELMD3 na OPA promovida pela Globo ainda consegue se desfazer dos papéis; veja como
Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?
Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram
Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento
Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis
Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI
Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira