China e Estados Unidos aumentam cautela dos mercados globais e Ibovespa amarga queda de 3%; dólar avança
Apesar de a Petrobras ter mais uma vez protagonizado atritos no cenário local, os maiores focos de cautela vieram do exterior, e o Ibovespa acompanhou o ritmo

Os dois principais palcos da economia mundial estão com peças bem distintas em cartaz, mas ambas têm roteiros carregados de dramas que convergem um ao outro.
Na maior economia do mundo, o mercado de juros volta a ficar pressionado após alguns meses de quase estabilidade. As últimas indicações do Federal Reserve sobre o rumo da política monetária dos Estados Unidos mostram que uma redução dos estímulos deve acontecer ainda este ano, com uma possível elevação dos juros já em 2022.
Já a China passa por uma forte turbulência que obriga os economistas e analistas a refazerem suas contas e estimativas ao redor do globo. Além dos problemas financeiros da Evergrande, que ameaçam contaminar o restante da economia e já se arrastam por mais de uma semana, a segunda maior economia do mundo passa por problemas de distribuição de energia, o que impacta toda a cadeia produtiva.
Os roteiros se cruzam no impacto gerado no mercado financeiro global - muita cautela. Os temores em Nova York voltam a pressionar os retornos de um dos investimentos mais seguros do mundo, os títulos do Tesouro americano, o que tira dinheiro de ativos mais arriscados, principalmente empresas de tecnologia e países emergentes.
No caso da China, uma redução drástica da demanda e do crescimento gera uma reação em cadeia no mundo. Um exemplo disso é o preço do minério de ferro, que voltou a cair mais de 6% num dia, arrastando junto a Vale e as siderúrgicas brasileiras.
Também temos fatores domésticos estressores, mas para Nicolas Borsoi, economista da Nova Futura Investimentos, eles foram secundários. Em Wall Street, o dia foi de perdas expressivas. O Nasdaq caiu 2,83%, o S&P 500 recuou 2,04%, e o Dow Jones encerrou em queda de 1,63%.
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Por aqui, pesaram as preocupações com a saúde fiscal do país. Circulam informações de que o governo pode optar por estender o auxílio emergencial, o que pressionou o câmbio e o mercado de juros. O Ibovespa fechou a sessão em queda de 3,05%, aos 110.123 pontos. Já o dólar à vista subiu 0,85%, a R$ 5,4243.
Para o economista, parte da queda de hoje se explica também pelos múltiplos elevados em que as bolsas internacionais vinham sendo negociadas, já que o mercado precificou quase que uma “perfeição” da retomada econômica.
Roteiro repetido
O clima de cautela internacional se soma aos nossos demônios próprios. Em meio a nova disparada do petróleo, a inflação deve seguir acelerando, mas a ata da última reunião do Copom, divulgada hoje, deixou espaço aberto para a interpretação do mercado.
Há quem diga que existe espaço para uma atuação mais dura do BC, outros afirmam que o plano de voo já está bem desenhado. Para Borsoi, essa leitura dúbia desancora a curva de juros doméstica.
Os rumores de que o governo estuda uma nova extensão do auxílio emergencial pressiona ainda mais o ambiente. Em entrevista, o ministro da Cidadania, João Roma, afirmou que a proposta está na mesa. Para o economista da Nova Futura, estamos correndo o risco de não só estourar o teto, mas também fazer um impulso fiscal para o próximo ano. Confira o fechamento dos principais contratos de DI:
- Janeiro de 2022: de 7,16% para 7,18%
- Janeiro de 2023: de 9,06% para 9,16%
- Janeiro de 2025: de 10,17% para 10,28%
- Janeiro de 2027: de 10,58% para 10,65%
Guerra declarada?
Se no começo do pregão a alta do petróleo compensou em partes a queda do índice doméstico, uma nova rodada de desconfiança em torno da Petrobras e a virada do petróleo no exterior influenciaram para o resultado negativo de hoje.
Essa é uma história de algumas reviravoltas. Com o Brent voltando ao patamar dos US$ 80 por barril, no que parecia ser o sexto dia de alta consecutiva, a Petrobras reajustou os valores do diesel para o consumidor final - notícia que, no geral, é bem recebida pelo mercado, já que mostra o compromisso da companhia com os seus acionistas.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, que já havia mostrado desconforto com a atual política há duas semanas, voltou a declarar o seu descontentamento nesta manhã, convocando uma reunião de líderes do Congresso para tratar do assunto.
Vale lembrar que a gasolina e o gás de cozinha não sofreram reajustes desta vez, e o presidente da estatal, Silva e Luna, deixou claro que a política de preços da companhia não irá mudar, na coletiva marcada de última hora nesta segunda-feira (27). Para Lira, "o Brasil não pode tolerar a gasolina a quase R$ 7 e o gás R$120".
Confira o preço de fechamento das ações da estatal:
PETR3 | Petrobras ON | R$ 27,69 | -1,07% |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 26,90 | -0,88% |
Sobe e desce do Ibovespa
Em dia de queda generalizada do Ibovespa, poucas empresas fecharam o dia no azul. O destaque vai mais uma vez para as empresas do setor de proteínas, favorecidas pelo câmbio pressionado e ainda repercutindo a expectativa de retomada de exportações para a China.
Fora do top 5, mas ainda assim digno de nota, está o desempenho das operadoras de saúde Hapvida e Intermédica. Além de repercutirem novas investigações da CPI da covid, as duas companhias receberam um sinal amarelo do Cade para a sua fusão. Confira as maiores altas do Ibovespa:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
BEEF3 | Minerva ON | R$ 10,45 | 1,46% |
BRFS3 | BRF ON | R$ 26,53 | 0,95% |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 24,32 | 0,16% |
TAEE11 | Taesa units | R$ 36,71 | 0,08% |
Com o cenário de alta de juros prejudicando as empresas de tecnologia e o noticiário negativo em torno do Inter, as units e ações preferenciais do banco fecharam o dia em forte queda. Na sequência, CSN e Usiminas seguiram repercutindo a revisão de expectativas para o crescimento chinês e a nova queda de 6% do minério de ferro. Confira as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 51,52 | -12,25% |
BIDI4 | Banco Inter PN | R$ 17,25 | -11,90% |
CASH3 | Méliuz ON | R$ 6,01 | -8,80% |
CSNA3 | CSN ON | R$ 27,63 | -7,81% |
USIM5 | Usiminas PNA | R$ 14,74 | -7,59% |
*Colaboraram Rafael Passos, sócio da Ajax Capital; Rodrigo Barreto, analista da Necton Investimentos; e Nicolas Borsoi, economista da Nova Futura Investimentos.
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