Ufa! Ibovespa avança quase 5% em semana de alta volatilidade, mas dólar vai a R$ 5,68
A PEC emergencial e a disparada dos títulos públicos norte-americanos monopolizaram o noticiário, pressionando o câmbio e a bolsa

Pode respirar aliviado! A semana, que foi marcada por um intenso movimento de altos e baixos e reviravoltas, finalmente chegou ao fim.
A volatilidade reinou, mas, no final, o saldo foi positivo. Com a aprovação da PEC emergencial encaminhada e a leitura de que o cenário fiscal no país não deve se deteriorar de forma irreversível, os investidores recuperaram o fôlego e foram às compras.
A alta do retorno dos títulos públicos americanos, que vem tirando dinheiro estrangeiro dos mercados emergentes, deu uma trégua hoje, o que permitiu às bolsas internacionais e brasileira uma tarde de ganhos expressivos. O principal índice da B3 fechou o dia em alta de 2,23%, aos 115.202 pontos. Na semana, o ganho foi de 4,70%.
O mercado de juros foi outro que teve um dia de alívio. Ainda repercutindo a aprovação da PEC e acompanhando o movimento do mercado de juros nos Estados Unidos, o dia foi de queda, após semanas sob intensa pressão. Confira as taxas de fechamento:
- Janeiro/2022: de 3,83% para 3,82%
- Janeiro/2023: de 5,53% para 5,44%
- Janeiro/2025: de 7,15% para 7,00%
- Janeiro/2027: de 7,83% para 7,64%
O câmbio, no entanto, conta uma outra história. A pressão da preocupação com a taxa inflacionária nos Estados Unidos falou mais alto. Na semana, a moeda americana avançou 1,39%, mesmo com diversas atuações do Banco Central para tentar conter a moeda. Hoje, mesmo em um dia extremamente positivo para a bolsa, o dólar à vista terminou em alta de 0,45%, a R$ 5,6835.
Soltando o fôlego
A aprovação da PEC emergencial nos dois turnos no Senado foi o fator que mais trouxe alívio aos negócios nesta semana. A pauta vinha sendo arrastada desde o início do ano e era a raiz das incertezas que pesavam sobre o mercado financeiro.
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Com a piora da situação da pandemia no país, uma nova variante ainda mais contagiosa e a adoção de medidas de lockdown em quase todos os estados, a liberação de uma nova rodada de pagamento do auxílio emergencial se tornou uma necessidade cada vez mais urgente para contornar os impactos do vírus na nossa já fraca economia.
A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, ressalta que o texto não tem contrapartidas fiscais que “de fato irão resolver a situação, mas traz alguma segurança na promoção” dos novos pagamentos, o que aliviou o mercado financeiro e permitiu que a semana fosse positiva.
O texto final aprovado retirou os trechos que causaram polêmica na semana passada - o principal deles sendo o dispositivo que desobrigaria os entes da federação de cumprir um teto mínimo de recursos investidos em saúde e educação -, mas trouxe alguns gatilhos para impedir o governo de dar um passo maior que a perna e comprometer ainda mais as contas públicas, principalmente em um momento que o Executivo flerta com medidas populistas para melhorar a sua imagem.
A PEC estabelece um limite de até R$ 44 bilhões acima do teto de gastos para o pagamento do benefício e também acabou deixando as despesas do Bolsa Família dentro do teto, outro ponto que vinha trazendo insegurança fiscal ao país.
Agora o texto precisa ser aprovado na Câmara. A estimativa do presidente da casa, Arthur Lira, é que isso ocorra já na próxima quarta-feira (10). Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos, ressalta que para a próxima semana a atenção dos investidores deve ficar com o avanço da pandemia e maiores restrições, a taxa de juros nos EUA, liberação do pacote Biden, inflação no Brasil e a expectativa para reunião do Copom, que deve trazer um aumento da taxa Selic.
Ancorando os ganhos
Se o Ibovespa não conseguiu alçar voos mais altos foi porque a apreensão com a taxa de juros americana acabou roubando parte do brilho e manteve o câmbio pressionado.
Assim como tem sido frequente nas últimas semanas, o rendimento dos títulos do Tesouro americano continuaram subindo e sendo gatilho para uma migração de recursos para esses ativos considerados mais seguros que a renda variável.
Vamos relembrar: isso ocorre porque o mercado passou a precificar que os estímulos fiscais e monetários abundantes devem resultar em um superaquecimento da economia americana, pressionando a inflação, o que obrigaria o Federal Reserve a mexer nos juros antes do esperado - o que não agrada Wall Street.
Nesta semana, alguns dados voltaram a pressionar essa leitura e declarações recentes do presidente do Fed, Jerome Powell, azedou ainda mais o humor dos investidores. Ontem, em entrevista ao The Wall Street Journal, o comandante do Fed disse que a alta do rendimento dos títulos americanos chamam "notavelmente" a atenção, mas que o movimento reflete apenas uma melhora da perspectiva para a economia americana.
O presidente garantiu que, embora a inflação deva de fato sofrer uma pressão no curto prazo, o índice não deve sair da meta perseguida de 2% ao ano. Chamou atenção a fala de Powell onde ele frisou ter consciência dos efeitos de uma possível disparada dos índices e disse que o Federal Reserve não deixará que isso ocorra. Em seguida, reforçou o discurso de que as políticas monetárias da instituição devem seguir firmes até que a economia americana esteja de fato recuperada.
A fala de Powell aumentou a leitura de que, caso necessário, o Federal Reserve pode sim voltar a elevar os juros antes do esperado. Por isso os números do relatório de emprego, payroll, divulgado nesta manhã provocaram um período de incertezas.
Segundo os dados divulgados, a maior economia do mundo criou 379 mil novas vagas em fevereiro, acima da expectativa do mercado, que era de 200 mil. O radar de superaquecimento da economia voltou a apitar. Foi preciso a declaração de diversos dirigentes do Fed, afirmando que o país ainda se encontra longe de atingir a meta do pleno emprego, para acalmar o mercado. O presidente americano Joe Biden também comentou os números, afirmando que o pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão se faz mais necessário do que nunca.
Antes das bolsas americanas fecharem em alta firme - o S&P 500 avançou 1,95%, o Dow Jones teve alta de 1,85% e o Nasdaq, índice que mais tem sofrido com o avanço dos Treasuries avançou 1,55% - o dia foi de intensa volatilidade e muitos altos e baixos, acompanhando o movimento do mercado de juros, que no fim teve um dia de estabilidade.
Ficou esquecido
No meio do turbilhão de notícias e dados que movimentaram a semana, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2020 ficou quase esquecido, ainda que tenha vindo melhor do que o esperado pelo mercado.
O PIB de 2020 confirmou uma retração anual de 4,1%. No terceiro para o quarto trimestre a elevação foi de 3,2%. Confira aqui cinco pontos que você precisa entender sobre o número de hoje.
Sobe e desce
Os papéis da Cogna ficaram com a maior alta do dia, com os investidores repercutindo a aquisição recente da Sociedade Educacional da Lagoa (SEL), que, segundo os analistas, pode pode acelerar a digitalização da companhia. Marcio Lórega, analista técnico da Ativa Investimentos, indica que o dia foi marcado por um forte fluxo comprador estrangeiro para COGN3, com destaque para operações feitas pelo JPMorgan, UBS e Morgan Stanley.
A Natura também foi um dos destaques do dia após a divulgação do resultado do quarto trimestre de 2020. A companhia reverteu o prejuízo do ano anterior e registrou um lucro de R$ 175,7 milhões no período.
Acompanhando a alta do petróleo no mercado internacional - que foi impulsionado pela decisão da Opep+ em manter o corte na produção da commodity - e repercutindo um acordo para aumentar a sua participação no campo de Wahoo, a PetroRio segue sendo um dos principais destaques positivos do Ibovespa.
As commodities, principalmente aquelas ligadas ao minério de ferro, seguiram mostrando força e impulsionaram o Ibovespa. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
COGN3 | Cogna ON | R$ 4,07 | 10,00% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 100,06 | 7,60% |
NTCO3 | Natura ON | R$ 50,51 | 6,52% |
BRAP4 | Bradespar PN | R$ 66,80 | 6,35% |
USIM5 | Usiminas PNA | R$ 17,79 | 5,83% |
As ações das Lojas Americanas e da B2W recuam em reação ao balanço do quarto trimestre, que mostrou um crescimento mais lento do que o esperado nas vendas online, refletindo o desaquecimento da economia brasileira. Confira as maiores quedas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
BTOW3 | B2W ON | R$ 71,49 | -4,27% |
CPLE6 | Copel PN | R$ 61,11 | -2,77% |
LAME4 | Lojas Americanas PN | R$ 23,92 | -2,61% |
SBSP3 | Sabesp ON | R$ 37,50 | -2,06% |
BPAC11 | BTG Pactual units | R$ 96,85 | -2,01% |
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