🔴 ONDE INVESTIR EM NOVEMBRO: AÇÕES, DIVIDENDOS, FIIS E CRIPTOMOEDAS – CONFIRA

Quem não tem teto de vidro? As implicações das ameaças ao teto de gastos sobre seus investimentos

Ameaça ao teto fiscal exige atenção redobrada sobre a necessidade de diversificação e algumas proteções para a carteira – e há possíveis bons hedges para o momento

20 de outubro de 2021
11:21 - atualizado às 19:31
Congresso Mercados Baixa
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

Dizem que o Brasil não é para amadores. Outros falam o contrário. O Brasil seria só para amadores. Os profissionais já teriam saído daqui há muito tempo, migrando em direção ao bull market em Wall Street, onde os prêmios de risco fazem algum sentido — aqui, ficamos achando também que as ações são o ativo do futuro: em algum momento, como carregam mais risco e os mercados são minimamente eficientes, elas vão pagar mais do que a renda fixa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quem está certo? Difícil dizer. Sextus Empiricus preocupava-se mais com a dialética do que com as respostas prontas. Há sempre bons argumentos de um lado, sendo rebatidos com contra-argumentos de igual intensidade e qualidade. Um duelo sem necessariamente haver vencedores entre tese e antítese.

A verdade é que estamos diante de uma encruzilhada. Não há muitas dúvidas de que os preços dos ativos locais estão baratos, sob uma perspectiva histórica (comparando a seu passado), relativa (contra pares internacionais) ou frente a sua capacidade de geração de caixa futuro.

Ao mesmo tempo, parece também existir razoável consenso de que o cenário não é bom. Somos baratos, porque ruins. Se vamos ficar ainda piores e, portanto, mais baratos ou se, ao menos, pararemos de piorar e poderemos ter o início de alguma apreciação dos ativos, depende da preservação de algum tipo de âncora fiscal. Mais objetivamente: acabou o teto de gastos e, com ele, toda a responsabilidade fiscal?

Falso dilema

Antes de prosseguir, esclarecimento importante: embora a conversa aqui esteja centrada em preços dos ativos e comentários de mercado, por dever de ofício, ela é muito mais ampla do que isso. Esse falso dilema de “eu estou preocupado com o pobre e você se preocupa com os ricos do mercado financeiro” precisa ser combatido a qualquer custo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quando o governo sugere o Auxílio Brasil de R$ 400, com R$ 30 bilhões fora do teto, o dólar explode, o juro longo dispara, as empresas brasileiras perdem valor. O dólar mais alto alimenta (ainda mais) a inflação, que acaba justamente com o pobre — o rico pode se defender nos altos rendimentos reais do mercado financeiro, onde tem estacionado o estoque de sua riqueza; o pobre, coitado, nem estoque tem e se dilacera com a deterioração dos fluxos em termos reais. O Banco Central reage elevando os juros, o que reforça o desemprego. As empresas, menos capitalizadas, crescem menos, param de contratar, demitem mais gente.

Leia Também

Enquanto nos perdemos na falsa retórica do “nós contra eles”, resta caminhar sobre o gelo fino. Só a educação financeira e de economia pode salvar. Assunto para médio e longo prazos, quando, se não cuidarmos delas, também nossas carteiras estarão mortas. Então, precisamos falar disso.

Como tudo foi muito confuso e feito até de forma atabalhoada, vale um contexto.

A proposta original

A proposta original do Ministério da Economia era levar o escopo do Bolsa Família a um universo de 17 milhões de famílias, para R$ 300, num gasto de cerca de R$ 40 bilhões.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Duas considerações sobre isso: já representava uma flexibilização do teto de gastos, depois do tal “meteoro” do ministro Paulo Guedes, com implicações inesperadas previamente sobre o Orçamento de 2022.

Se confirmada a proposta, significaria um expressivo aumento de 50% para o Bolsa Família. Importante notar: frente ao último reajuste do Bolsa Família, ocorrido em maio de 2018, teríamos um incremento real de 20%.

Mesmo diante de críticas de que a inflação da baixa renda foi mais acentuada por conta da alta dos preços dos alimentos e, portanto, o reajuste real, de fato, seria menor, ainda assim seria uma importante (e com méritos) conquista. Preservaríamos o poder de compra depois de um período de pandemia e forte alta dos preços dos alimentos.

Não há limites para o Leviatã

O monstro macunaímico Venceslau Pietro Pietra tem um apetite insaciável. A demanda da ala política era grotesca: levar o Bolsa Família a R$ 300 e dar um auxílio adicional de R$ 200, fazendo o total de R$ 500 fora do teto, permitindo, assim, outras emendas parlamentares ao longo de 2022.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Era um absurdo completo. Sob o argumento de que “o mercado esperava uma dívida/PIB de mais de 100% ao final deste ano; terminaremos em 81%, logo temos espaço para gastar, como se não houvesse amanhã”. Claro que as coisas não funcionam assim. E, como não poderia deixar de ser, houve forte resistência da equipe econômica, acertadamente. Arrisco dizer que poderíamos, sim, ter visto baixas no ministério caso as coisas caminhassem por essa direção tão irresponsável fiscalmente.

Dourando a pílula?

Ainda que possa soar contraintuitivo e surpreendente para quem não acompanha a questão de perto, a verdade é que, ainda que de forma bastante parcial, o Ministério da Economia conseguiu evitar o pior.

Não se trata de dourar a pílula. Longe disso. A notícia de ontem é muito ruim. Estamos dando um aumento nominal de 100% no Bolsa Família, que vai para 0,95%, sem que diminuamos qualquer outro programa de auxílio (sendo que há vários ineficientes), sem justificativa técnica para isso e, pior, sem qualquer sinalização de que o estouro do teto para mesmo nesses R$ 30 bilhões. Sabemos como essas coisas começam, mas nunca sabemos onde termina. Não há nada mais permanente do que um gasto temporário do governo. E parece que também este será sempre o penúltimo estouro do teto de gastos.

Contudo, as coisas poderiam, sim, ser muito piores. O tamanho do rombo fora do teto defendido pela ala política girava em torno de R$ 70 bilhões a R$ 100 bilhões, sem que fosse apenas por um ano. Ficamos, ao menos até agora, em R$ 30 bilhões, para 2022 somente.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Qual é a encruzilhada?

Ainda não há certeza de que, de fato, ficaremos em R$ 400 por um ano, com a questão sendo estancada em R$ 30 bilhões. Se tivermos algo como R$ 500 (R$ 300 + R$ 200), alguma sinalização de extensão para além de 2022 e/ou tudo sendo alocado fora do teto (e não somente o adicional de R$ 100), as coisas podem piorar bastante em termos de preço de ativos.

Existe o contraponto, claro. Quais seriam potenciais saídas? Primeiramente, a equipe econômica ainda luta por conseguir algo inferior aos R$ 100 fora do teto — embora eu considere esse cenário improvável.

Talvez outras amenizações sejam possíveis, capazes de transmitir uma tranquilidade mínima para as coisas pararem de piorar e haver alguma melhora de preços de ativos, dado o caráter extremamente depreciado e algumas cotações em níveis de ruptura fiscal.

Uma delas é construir uma boa justificativa técnica para os R$ 30 bilhões, combinada a alguma sinalização crível de que o estouro do teto é este e somente este, criando algum outro tipo de âncora fiscal tácita e efetiva.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Fundamental também não haver qualquer outro recuo da equipe econômica. Em sendo o caso, talvez seja possível defender a narrativa de que a surpresa de arrecadação é bastante grande e que a despesa do governo central antes de juros caminhava para 18,2% do PIB, contra 19,3% do governo Temer.

Se conseguirmos algo nessa direção, as coisas podem se acalmar. Por ora, atenção redobrada sobre a necessidade de diversificação e algumas proteções para a carteira. Não à toa, o Palavra do Estrategista de hoje fala de possíveis bons hedges para o momento. Fica o convite à leitura.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998

3 de novembro de 2025 - 22:11

Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.

DÉCIMO ANDAR

Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários

2 de novembro de 2025 - 8:00

Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje

31 de outubro de 2025 - 7:58

A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi

SEXTOU COM O RUY

Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado

31 de outubro de 2025 - 6:07

A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje

30 de outubro de 2025 - 7:34

A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas

29 de outubro de 2025 - 20:00

Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje

29 de outubro de 2025 - 8:10

Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje

28 de outubro de 2025 - 7:50

A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul

28 de outubro de 2025 - 7:31

Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje

27 de outubro de 2025 - 8:09

Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo

24 de outubro de 2025 - 8:03

Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje

SEXTOU COM O RUY

Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel

24 de outubro de 2025 - 6:01

Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje

23 de outubro de 2025 - 8:21

Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada

22 de outubro de 2025 - 20:00

A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje

22 de outubro de 2025 - 7:58

Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje

21 de outubro de 2025 - 8:00

Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem

21 de outubro de 2025 - 7:35

O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico

20 de outubro de 2025 - 19:58

Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje

20 de outubro de 2025 - 7:52

Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana

BOMBOU NO SD

CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana

19 de outubro de 2025 - 15:02

Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar