Surpresas e oportunidades: um balanço desta temporada de resultados
Com receita e lucro em queda, números gerais das empresas listadas no Ibovespa ficaram abaixo das expectativas do mercado, mas alguns setores se destacaram
Ontem se encerrou oficialmente a temporada de resultados do 3T21, que, em geral, foi inferior à expectativa do mercado.
De acordo com o compilado do Bloomberg, as empresas que compõem o Ibovespa apresentaram, na média, uma queda de receita da ordem de 2% e de lucro, de 16%.
Setorialmente, os destaques foram para os segmentos financeiro e o de utilities, com faturamento superior ao consenso em 18% e 38%, respectivamente. Em contrapartida, o setor de energia surpreendeu negativamente em 26%.
Oportunidades para quem tem fôlego e visão de longo prazo
No patamar atual e após as quedas recentes em função do cenário macroeconômico desafiador, a Bolsa brasileira apresenta boas oportunidades para aqueles investidores com fôlego e visão de longo prazo.
Curiosamente, as duas companhias que mais se destacaram no meu entendimento não se encaixam em nenhum dos setores listados acima.
Gerdau
Em primeiro lugar, a Metalúrgica Gerdau (GOAU4). Após um bem-sucedido processo de turnaround iniciado em 2014 e desinvestimentos da monta de R$ 8 bilhões, a empresa evoluiu suas operações e reduziu despesas operacionais e alavancagem financeira para se preparar para um próximo ciclo positivo do aço, que chegou em 2021.
Leia Também
Beneficiada pela recuperação global e pelo aumento da demanda pela commodity, a companhia apresentou Ebitda, margem, lucro líquido e distribuição de proventos recordes. Altamente geradora de caixa, a Gerdau reduziu seu endividamento para 0,4 vez seu Ebitda e negocia a 3 vezes Ebitda para o ano que vem, com um dividend yield superior a 10%.
A despeito dos bons resultados, a ação cai 2% no mês com receios de que eventualmente estaríamos no topo do ciclo para o aço. É difícil cravar, mas, além das boas perspectivas da construção civil e recuperação dos setores de O&G e automotivo, o pacote de infraestrutura do governo Biden e os compromissos assumidos pelas nações na COP26 deverão trazer uma demanda incremental duradoura pelos seus produtos.
Não custa lembrar que o aço é o principal componente de uma turbina eólica, representando 84% do seu peso e, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), utiliza-se nove vezes mais aço em uma planta eólica offshore do que em uma termelétrica.
Grupo SBF
Outro destaque foi o Grupo SBF (SBFG3), que sobe 20% no mês, a despeito da forte queda de ontem.
Embora atue no segmento de varejo, que foi bastante castigado pelos problemas da cadeia de suprimentos, inflação e menor poder de compra dos consumidores, o nicho esportivo tem ganhado tração tanto pela maior preocupação com a saúde, quanto pela mudança de comportamento do consumidor em prol da utilização de roupas mais confortáveis.
O índice de venda nas mesmas lojas da Centauro avançou 16% na comparação com o mesmo trimestre de 2019. Já a operação da Nike apresentou crescimento em todos os três canais (plataforma digital, outlet e atacado), e as sinergias capturadas entre as operações do grupo promoveram ganhos de margem.
Com poucos meses sendo operada pelo Grupo SBF, já fica nítido o potencial da operação da Nike, que já representa quase metade do faturamento do grupo.
A empresa americana, que foi fundada por Phil Knight (aliás, fica a dica do livro “A Marca da Vitória”, que conta a história do nascimento da companhia), possui um amplo track record de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, de forma a se tornar uma das marcas mais poderosas do planeta, embora ainda esteja aquém do seu potencial no Brasil.
Através da parceria com o Grupo SBF, que possui um longo histórico de execução no varejo, será possível explorar de forma mais intensa os canais de relação direta com os clientes (DTC), que possuem maior margem, e aumentar a participação de mercado da Nike no país, transformando uma operação não rentável em 2019 em uma verdadeira máquina de geração de valor.
Negociando a 24 vezes seus lucros, a companhia tem tudo para seguir com seus projetos estruturantes de logística, tecnologia e inovação para que se consolide como a plataforma de esportes do país.
Cada qual a seu modo
Do outro lado do espectro, as empresas que apresentaram as piores performances foram mal cada uma à sua maneira.
Empresas cujo mercado consumidor é mais sensível a preço, companhias ditas de tecnologia que não crescem ou as que atuam em um segmento menos resiliente certamente merecerão um escrutínio maior dos investidores.
A capacidade de identificar se os resultados apresentados nesse trimestre foram estrutural ou conjunturalmente ruins diferenciará o bom investimento do mau.
Forte abraço,
Fernando Ferrer
Ibovespa atinge marca inédita ao fechar acima dos 150 mil pontos; dólar cai a R$ 5,3574
Na expectativa pela decisão do Copom, o principal índice de ações da B3 segue avançando, com potencial de chegar aos 170 mil pontos, segundo a XP
A última dança de Warren Buffett: ‘Oráculo de Omaha’ vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Lucro operacional da Berkshire Hathaway saltou 34% em relação ao ano anterior; Warren Buffett se absteve de recomprar ações do conglomerado.
Ibovespa alcança o 5º recorde seguido, fecha na marca histórica de 149 mil pontos e acumula ganho de 2,26% no mês; dólar cai a R$ 5,3803
O combo de juros menores nos EUA e bons desempenhos trimestrais das empresas pavimenta o caminho para o principal índice da bolsa brasileira superar os 150 mil pontos até o final do ano, como apontam as previsões
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui