Ibovespa supera susto com inflação salgada e fecha em alta pelo segundo dia consecutivo — mas otimismo não convence
Com as bolsas americanas renovando recordes e a alta do setor de commodities refletindo também no Ibovespa, o dia foi positivo, após semanas de realização de lucros. Os riscos, no entanto, permanecem os mesmos
A falta de chuvas e o tempo seco que castiga boa parte do país carregam desdobramentos muito maiores do que apenas a necessidade de tirar o umidificador de ar de dentro do armário — a crise hídrica, que já vinha salgando a conta de energia elétrica e pressionando os índices de inflação, tem tudo para ser pior do que inicialmente previsto.
Antes do Ibovespa engatar o segundo dia consecutivo de alta, o susto dos investidores brasileiros veio justamente daí. A elevação do preço da tarifa de energia elétrica pressionou o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial. O índice veio acima do teto das estimativas do mercado, com um avanço de 0,89% em julho e 9,3% nos últimos 12 meses.
Com os analistas já projetando novas elevações no custo da energia elétrica e uma maior pressão inflacionária, a convocação de uma coletiva de imprensa por parte do Ministério de Minas e Energia cimentou o clima de cautela até a reta final do pregão.
Mas as palavras que reforçaram o compromisso do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do presidente da Câmara, Arthur Lira, com o compromisso fiscal e o combate à inflação ainda estão frescas na memória dos investidores.
A alta das commodities no mercado internacional também voltou a ajudar e o Ibovespa conseguiu encerrar a sessão na máxima do dia, em alta de 0,50%, aos 120.817 pontos. Com a perspectiva de uma Selic mais elevada, o dólar à vista recuou 0,97%, aos R$ 5,2113.
A arrecadação de R$ 170,270 bilhões em julho, o melhor resultado do mês na série histórica que começou em 1995, veio acima da expectativa do mercado, contribuindo para uma melhora marginal do preocupante cenário fiscal dos últimos dias. Com isso, a curva de juros conseguiu encerrar o dia em queda nos vencimentos mais longos. Confira:
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- Janeiro/22: de 6,69% para 6,72%
- Janeiro/23: de 8,42% para 8,45%
- Janeiro/25: de 9,56% para 9,42%
- Janeiro/27: de 9,98% para 9,78%
Esse otimismo todo, no entanto, não convence e boa parte do mercado segue apenas ‘cautelosamente otimista’, como apontou Victor Benndorf, analista da Apollo Investimentos. “Não se trata de uma mudança de tendência. Estamos apenas saindo do fundo do poço, com a bolsa bem barata após as quedas recentes”.
Eduardo Cubas, head de alocações de recursos e sócio da Manchester Investimentos, também não vê mudanças significativas nos riscos estruturais de longo prazo, que permanecem os mesmos e devem seguir dando o tom nas próximas semanas - crise política, fiscal e institucional, além de uma inflação que pode ser mais persistente do que o BC tenta fazer parecer.
Compasso de espera
Para boa parte do mercado financeiro, o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, no simpósio de Jackson Hole, deve marcar o anúncio da redução do volume de compras de ativos por parte do banco central americano. A medida deve entrar em vigor ainda este ano, conforme apontou a última reunião de política monetária da instituição.
Foram meses de especulação e cautela enquanto o mercado tentava adivinhar o momento exato em que a redução dos estímulos viraria uma realidade. Às vésperas da data do provável anúncio, o mercado financeiro parece absorver melhor a decisão, ainda que muita volatilidade seja aguardada para o fim da semana.
Embora o rendimento dos títulos do Tesouro americano tenha voltado a avançar, as bolsas em Wall Street fecharam no azul. Victor Benndorf, da Apollo Investimentos, aponta que diante de uma expectativa de elevação de juros, setores mais cíclicos como bancos, energia e commodities se favorecem e acabam impulsionando os índices para cima.
Em resumo: bom para os setores mais tradicionais e um cenário mais complicado para as empresas de tecnologia - uma dinâmica que também pode ser sentida na bolsa brasileira. Mesmo assim, o Nasdaq, índice que reúne as principais empresas de tecnologia, acompanhou o S&P 500 e também renovou o seu topo histórico de fechamento. Confira o fechamento dos principais índices americanos:
- Nasdaq: 0,15% - 15.041 pontos ?
- S&P 500: 0,22% - 4.496 pontos ?
- Dow Jones: 0,11% - 35.405 pontos
Sobe e desce do Ibovespa
O destaque do dia ficou com o setor de papel e celulose. Klabin e Suzano são favorecidas pelas projeções mais otimistas do mercado para o preço da celulose e também para a elevação da demanda. Confira as maiores altas do dia:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| SUZB3 | Suzano ON | R$ 62,26 | 5,44% |
| TOTS3 | Totvs ON | R$ 39,08 | 4,16% |
| CVCB3 | CVC ON | R$ 22,90 | 4,00% |
| BRKM5 | Braskem PNA | R$ 62,86 | 3,92% |
| KLBN11 | Klabin units | R$ 26,67 | 3,90% |
Com a elevação da taxa de juros e a perspectiva de uma inflação mais salgada, as empresas de tecnologia seguem sofrendo e encabeçam a lista de piores desempenhos do Ibovespa, replicando o movimento visto nos Estados Unidos.
A forte alta de ontem de alguns papéis, como CSN e Americanas, também cobrou o seu preço hoje, e as companhias passaram por um movimento de realização de lucros. Confira as maiores quedas da bolsa hoje:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 64,19 | -4,42% |
| CSNA3 | CSN ON | R$ 37,70 | -2,31% |
| AMER3 | Americanas S.A | R$ 42,42 | -1,35% |
| LAME4 | Lojas Americanas PN | R$ 5,81 | -1,02% |
| SULA11 | SulAmérica units | R$ 30,00 | -0,86% |
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