Decisão do Fed alimenta apetite ao risco em escala global e Ibovespa sobe 2%; dólar recua
Após anúncio do Fed, as bolsas americanas renovaram recordes e o Ibovespa ganhou fôlego, retomando os 116 mil pontos
O roteiro do pregão desta quarta-feira (17) já estava desenhado, mas mesmo assim ainda abriu espaço para reações positivas do mercado. Apelidado de “Super Quarta”, o dia que reúne as decisões de política monetária dos Estados Unidos e do Brasil prometia ser um dia de tensão.
Essa foi uma meia-verdade. Enquanto as bolsas de Nova York de fato mostraram um apetite menor para o risco enquanto aguardavam a decisão do Federal Reserve - que saiu às 15h -, o Ibovespa conseguiu se descolar desse compasso de espera e instabilidade, anotando ganhos de 1% antes mesmo do anúncio do Fed.
Segundo Régis Chinchilla, analista da Terra Investimentos, pela manhã pairava uma preocupação com a possibilidade de que o governo de São Paulo endurecesse ainda mais as medidas de isolamento social - além é claro da expectativa pré-Copom e Fomc (o primo americano do Copom). Porém, a coletiva do governador João Doria trouxe outras medidas de enfrentamento à crise. Com essa possibilidade deixada de lado, a bolsa brasileira abriu caminho para ganhos mais elevados.
Com a confirmação de que o Federal Reserve deve manter a sua taxa de juros na faixa de 0% a 0,25% ao ano por um bom tempo, as bolsas americanas passaram para o azul e o Ibovespa ampliou os ganhos, fechando o dia em uma alta de 2,22%, aos 116.549 pontos. Para Chinchila, a reação do mercado à possibilidade de aumento de juros pelo Copom ainda não está precificada e a repercussão deve ficar para amanhã.
O dólar à vista, que operou em alta até o momento do discurso de Jerome Powell, também inverteu o sinal e passou a operar em queda, fechando o dia com um recuo de 0,59%, a R$ 5,5891.
A decisão do Fed também refletiu na curva de juros brasileira, que mostrou uma melhora significativa após as declarações do presidente do BC americano. Anteriormente o viés era de alta expressiva. Confira as taxas de fechamento de hoje:
Leia Também
- Janeiro/2022: de 4,27% para 4,25%
- Janeiro/2023: de 6,02% para 5,95%
- Janeiro/2025: de 7,37% para 7,35%
- Janeiro/2027: de 7,89% para 7,87%
A entrada
Antes da decisão do Federal Reserve, o mercado operava em clima de espera, mas pesando outros elementos do noticiário doméstico.
Com o país renovando diariamente os recordes de casos e óbitos por covid-19, o mercado analisa o enfrentamento da pandemia por parte do governo.
A troca de ministro da Saúde trouxe uma esperança de mudança de tom no combate à pandemia. No entanto, ainda que o cardiologista Marcelo Queiroga tenha defendido o uso de máscaras em seu primeiro pronunciamento, o médico também afirmou que o seu trabalho deve dar continuidade ao que já vinha sendo feito. Essa mensagem foi reforçada hoje pelo agora ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. No último boletim divulgado, o Brasil atingiu a marca de mais de 2.500 pessoas mortas em decorrência da covid-19 em 24 horas.
Com a situação descontrolada por todo o país, novas medidas restritivas não param de ser anunciadas e foi esse temor que segurou parte da animação dos investidores pela manhã, mas o anúncio de Doria não trouxe um endurecimento nas regras como era temido.
Durante a tarde, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que irá isentar a cobrança de impostos sobre o leite pasteurizado e reduzir a cobrança de ICMS sobre as carnes bovina, suína e de aves para cerca de 7%. Além disso, o estado irá reforçar o comércio com com R$ 100 milhões em linha de crédito e adiantar a vacinação de idosos.
O prato principal
O dia começou com duas grandes expectativas: a decisão de política monetária do Federal Reserve, nos Estados Unidos, e do Comitê de Política Econômica do Banco Central, aqui no Brasil.
Embora a manutenção dos juros, confirmada pelo Federal Reserve durante a tarde, já fosse esperada, as bolsas globais repercutiram de forma muito positiva o posicionamento da instituição. Recentemente, a curva de juros futuros americana vem precificando um aumento da taxa básica antes do esperado, com a leitura de que os estímulos fiscais abundantes resultarão em uma pressão inflacionária extra.
Essas dúvidas foram endereçadas pelo Fed, que afirmou que a economia de fato apresenta melhoras, mas frisou que os setores mais afetados pela pandemia do coronavírus permanecem com desempenho fraco. Dessa forma, a política monetária acomodatícia se mantém até que os preços se estabilizem e o país atinja o pleno emprego - pelo menos até 2023.
Com relação à inflação, a entidade destacou que ela segue abaixo dos 2% (a meta perseguida) e é monitorada. Além disso, as projeções para o PIB também foram positivamente revisadas para cima.
"Com a inflação persistentemente abaixo dessa meta de longo prazo, o Comitê terá como objetivo atingir a inflação moderadamente acima de 2% por algum tempo, de forma que a inflação média seja de 2% ao longo do tempo e as expectativas de inflação de longo prazo permaneçam bem ancoradas em 2%." - Federal Reserve
As bolsas americanas, que operavam com viés de baixa pela manhã, conseguiram uma recuperação expressiva, com o S&P 500 e o Dow Jones atingindo novas máximas históricas após subirem respectivamente 0,29% e 0,58%. O Nasdaq também fechou no azul, com alta de 0,40%.
A sobremesa
No Brasil, a expectativa é de que o Banco Central eleve os juros pela primeira vez em seis anos - resta saber qual o tamanho desse ajuste. O anúncio deve ser feito 18h30 e será repercutido amanhã pelo mercado. Saiba o que esperar da reunião.
Aperitivos: destaques do dia
Maiores altas
De olho nos juros, as ações das empresas do setor de construção subiram em bloco na sessão desta Super Quarta. A Cosan também teve um bom desempenho após notícias de que sua subsidiária Raízen entrou com o pedido de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a visão favorável de analistas para os papéis. Confira as maiores altas do dia:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| SULA11 | SulAmérica units | R$ 35,83 | 9,87% |
| JHSF3 | JHSF ON | R$ 7,20 | 7,62% |
| CSAN3 | Cosan ON | R$ 95,29 | 7,37% |
| RAIL3 | Rumo ON | R$ 20,57 | 7,14% |
| CYRE3 | Cyrela ON | R$ 25,35 | 6,07% |
Maiores baixas
Dentre as maiores baixas, destaque para as ações de Hapvida e Intermédica, que além de repercutirem o balanço desta última diante da possibilidade de fusão das duas companhias, também refletem a preocupação com a situação da pandemia no país. Confira as maiores quedas:
| CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
| HAPV3 | Hapvida ON | R$ 15,60 | -2,01% |
| GNDI3 | Intermédica ON | R$ 85,04 | -1,43% |
| ENEV3 | Eneva ON | R$ 16,72 | -0,95% |
| USIM5 | Usiminas | R$ 18,37 | -0,92% |
| MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 23,94 | -0,87% |
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
Por que o mercado ficou tão feliz com a prévia da Vamos (VAMO3) — ação chegou a subir 10%
Após divulgar resultados operacionais fortes e reforçar o guidance para 2025, os papéis disparam na B3 com investidores embalados pelo ritmo de crescimento da locadora de caminhões e máquinas
Brava Energia (BRAV3) enxuga diretoria em meio a reestruturação interna e ações têm a maior queda do Ibovespa
Companhia simplifica estrutura, une áreas estratégicas e passa por mudanças no alto escalão enquanto lida com interdição da ANP
Inspirada pela corrida pelo ouro, B3 lança Índice Futuro de Ouro (IFGOLD B3), 12° novo indicador do ano
Novo indicador reflete a crescente demanda pelo ouro, com cálculos diários baseados no valor de fechamento do contrato futuro negociado na B3
FII RCRB11 zera vacância do portfólio — e cotistas vão sair ganhando com isso
O contrato foi feito no modelo plug-and-play, em que o imóvel é entregue pronto para uso imediato
Recorde de vendas e retorno ao Minha Casa Minha Vida: é hora de comprar Eztec (EZTC3)? Os destaques da prévia do 3T25
BTG destaca solidez nos números e vê potencial de valorização nas ações, negociadas a 0,7 vez o valor patrimonial, após a Eztec registrar o maior volume de vendas brutas da sua história e retomar lançamentos voltados ao Minha Casa Minha Vida
Usiminas (USIM5) lidera os ganhos do Ibovespa e GPA (PCAR3) é a ação com pior desempenho; veja as maiores altas e quedas da semana
Bolsa se recuperou e retornou aos 143 mil pontos com melhora da expectativa para negociações entre Brasil e EUA
Como o IFIX sobe 15% no ano e captações de fundos imobiliários continuam fortes mesmo com os juros altos
Captações totalizam R$ 31,5 bilhões até o fim de setembro, 71% do valor captado em 2024 e mais do que em 2023 inteiro; gestores usam estratégias para ampliar portfólio de fundos
De operário a milionário: Vencedor da Copa BTG Trader operava “virado”
Agora milionário, trader operava sem dormir, após chegar do turno da madrugada em seu trabalho em uma fábrica
Apesar de queda com alívio nas tensões entre EUA e China, ouro tem maior sequência de ganhos semanais desde 2008
O ouro, considerado um dos ativos mais seguros do mundo, acumulou valorização de 5,32% na semana, com maior sequência de ganhos semanais desde setembro de 2008.
Roberto Sallouti, CEO do BTG, gosta do fundamento, mas não ignora análise técnica: “o mercado te deixa humilde”
No evento Copa BTG Trader, o CEO do BTG Pactual relembrou o início da carreira como operador, defendeu a combinação entre fundamentos e análise técnica e alertou para um período prolongado de volatilidade nos mercados
Há razão para pânico com os bancos nos EUA? Saiba se o país está diante de uma crise de crédito e o que fazer com o seu dinheiro
Mesmo com alertas de bancos regionais dos EUA sobre o aumento do risco de inadimplência de suas carteiras de crédito, o risco não parece ser sistêmico, apontam especialistas
Citi vê mais instabilidade nos mercados com eleições de 2026 e tarifas e reduz risco em carteira de ações brasileiras
Futuro do Brasil está mais incerto e analistas do Citi decidiram reduzir o risco em sua carteira recomendada de ações MVP para o Brasil
Kafka em Wall Street: Por que você deveria se preocupar com uma potencial crise nos bancos dos EUA
O temor de uma infestação no setor financeiro e no mercado de crédito norte-americano faz pressão sobre as bolsas hoje
B3 se prepara para entrada de pequenas e médias empresas na Bolsa em 2026 — via ações ou renda fixa
Regime Fácil prevê simplificação de processos e diminuição de custos para que companhias de menor porte abram capital e melhorem governança
Carteira ESG: BTG passa a recomendar Copel (CPLE6) e Eletrobras (ELET3) por causa de alta no preço de energia; veja as outras escolhas do banco
Confira as dez escolhas do banco para outubro que atendem aos critérios ambientais, sociais e de governança corporativa
Bolsa em alta: oportunidade ou voo de galinha? O que você precisa saber sobre o Ibovespa e as ações brasileiras
André Lion, sócio e CIO da Ibiuna, fala sobre as perspectivas para a Bolsa, os riscos de 2026 e o impacto das eleições presidenciais no mercado
A estratégia deste novo fundo de previdência global é investir somente em ETFs — entenda como funciona o novo ativo da Investo
O produto combina gestão passiva, exposição internacional e benefícios tributários da previdência em uma carteira voltada para o longo prazo
De fundo imobiliário em crise a ‘Pacman dos FIIs’: CEO da Zagros revela estratégia do GGRC11 — e o que os investidores podem esperar daqui para frente
Prestes a se unir à lista de gigantes do mercado imobiliário, o GGRC11 aposta na compra de ativos com pagamento em cotas. Porém, o executivo alerta: a estratégia não é para qualquer um
Dólar fraco, ouro forte e bolsas em queda: combo China, EUA e Powell ditam o ritmo — Ibovespa cai junto com S&P 500 e Nasdaq
A expectativa por novos cortes de juros nos EUA e novos desdobramentos da tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo mexeram com os negócios aqui e lá fora nesta terça-feira (14)
