Um fundo de ações para turbinar a sua previdência em tempos de juros baixos
Se a bolsa de valores é um investimento de longo prazo, nada melhor do que ter na sua carteira um fundo de ações que multiplicou por 15 o capital dos investidores
Talvez fosse a chegada da idade, o nascimento do meu primeiro filho, ou mesmo o início de alguma estabilidade financeira. O fato é que foi por volta dos 30 anos que comecei a guardar dinheiro pensando na aposentadoria.
O primeiro aporte no meu plano de previdência foi feito no começo de 2008. Naquela época nem tão distante assim, a única escolha viável para uma pessoa de renda média como eu era um fundo sob gestão de um grande banco.
O produto era caro e ruim, mas o benefício tributário e os juros de dois dígitos da época serviam como um anestésico para a “mordida” da instituição financeira.
De lá para cá, a situação melhorou bastante graças à chegada da concorrência das plataformas de investimento. Mas isso não significa que a vida de quem pretende construir um patrimônio para complementar a previdência ficou mais fácil.
Se de um lado as cobranças foram reduzidas ou praticamente extintas, como no caso da taxa de carregamento, por outro a queda dos juros diminuiu sensivelmente a rentabilidade da maioria dos planos.
Isso significa que você precisa rever urgentemente a sua alocação em previdência, do contrário vai chegar à idade de se aposentar com muito menos dinheiro do que o planejado.
Na prática, você tem duas saídas: ou aumenta os aportes no seu plano atual ou escolhe um produto com uma composição maior de renda variável. Lembrando que você pode fazer a portabilidade do seu plano para qualquer instituição financeira sem custos.
A decisão vai depender de uma série de fatores, como a sua idade e momento de vida. Mas eu entendo que, para um investimento com horizonte de longo prazo — neste caso de pelo menos dez anos — você deveria ter um plano de previdência com alocação em bolsa.
Algumas das melhores gestoras do país também passaram a oferecer fundos de previdência. Esse é o caso da Brasil Capital, o destaque desta edição da Lupa dos Fundos.
Retorno de 15 vezes
Com um total de R$ 8,5 bilhões sob gestão, a Brasil Capital nasceu no mesmo ano em que eu comecei a fazer aportes para a previdência. Nos últimos 12 anos, a gestora que conta hoje com 18 pessoas, sendo 11 sócios, se dedicou a uma única estratégia: investir em ações de empresas brasileiras — listadas na B3 ou no exterior — com foco no médio e longo prazo.
A criação da gestora aconteceu em um momento emblemático, quando o país havia acabado de conquistar a condição de “grau de investimento”, o selo de bom pagador das agências de classificação de risco, conforme me contou André Ribeiro, sócio-fundador da Brasil Capital.
Parecia o momento perfeito tanto para dar início a um novo negócio como para investir na bolsa. Mas logo em seguida os mercados globais foram tragados pela crise financeira. Como resultado, o fundo da Brasil Capital amargou uma queda de 27% logo nas primeiras duas semanas de vida.
Mas os investidores que aplicaram na “cota 1”, o que inclui os próprios sócios da gestora, não têm do que reclamar. A gestora não só recuperou a perda inicial com multiplicou por 15 o capital desde então.
O fundo também superou em quase dez vezes o desempenho do Ibovespa no mesmo período. E tudo isso incluindo o amargo ano de 2020, em que o fundo chegou a cair 36% no fatídico mês de março, mas se recuperou e acumula queda da ordem de 10% no ano.
O segredo da Brasil Capital foi mirar em empresas capazes de empregar bem o capital e entregar resultados mesmo em momentos adversos. “Se dependêssemos do cenário macroeconômico não investiríamos nunca.”
A Brasil Capital possui hoje pouco mais de 20 ações na carteira. Para fazer parte do fundo, os gestores buscam três características nas empresas investidas.
O primeiro é o modelo de negócio, que precisa ser estruturalmente dominante e com vantagens competitivas claras. Ribeiro citou como exemplo Vale e Suzano, empresas que possuem o menor custo de produção global de seus respectivos produtos — minério de ferro e celulose.
As pessoas por trás das companhias são outro fator que conta na decisão de investimento da gestora, que procura virar sócia de empresários que saibam inovar e gerar valor para os acionistas ao longo do tempo.
A última — e não menos importante — variável é o preço. “Tentamos captar distorções entre o valor de mercado e o valor potencial que a companhia pode ter ao longo dos anos”, disse Ribeiro. Em outras palavras, não basta a empresa ser boa, é preciso estar barata.
O fundo de ações da gestora, portanto, é uma ótima pedida para quem deseja aumentar a exposição à renda variável na carteira. O produto de previdência da gestora é mais recente, mas incorpora a mesma estratégia, segundo Ribeiro.
A principal diferença é que, por questões regulatórias, não pode deter papéis de empresas brasileiras listadas no exterior. Os planos voltados para o investidor de varejo também não podem deter até 100% do patrimônio em ações, como o fundo tradicional
Fundos na Lupa
Se a bolsa de valores é um investimento de longo prazo, nada melhor do que ter uma parcela de renda variável naquela parcela da sua carteira destinada à aposentadoria. Com a queda dos juros para as mínimas históricas, o que era apenas uma alternativa virou praticamente uma obrigação.
Criada em 2008, a Brasil Capital se logo se destacou como uma das principais gestoras do país. Todos os fundos da casa seguem uma única estratégia, que acumula um retorno de quase 1500% desde o início, contra 160% do Ibovespa no mesmo período.
As diferenças entre os produtos são apenas regulatórias e tributárias. O fundo de previdência destinado ao público de varejo, por exemplo, pode deter no máximo 70% do patrimônio em ações e não pode investir em empresas listadas nas bolsas estrangeiras.
Em compensação, conta com o benefício tributário da tabela regressiva do Imposto de Renda e a possibilidade de dedução das contribuições até o limite de 12% da renda bruta tributável nos planos PGBL.
A seguir você confere as principais informações sobre os fundos da Brasil Capital disponíveis para investimento. Lembrando que as condições e a disponibilidade podem variar de acordo com a plataforma. No caso do fundo de previdência, o produto está aberto hoje apenas na XP, mas a gestora em breve terá uma versão no BTG Pactual.
Brasil Capital 30 FIC FIA - Fundo de ações
- Aplicação mínima: R$ 500
- Taxa de administração total: 1,5% ao ano (mais 20% de performance sobre o Ibovespa)
- Resgate: 32 dias após o pedido
- Data de início: 13/10/2008*
- Retorno desde o início: 1.485% (contra 156% do Ibovespa)*
- Por onde investir: Ágora, Andbank, BRE, BTG Pactual, C6, Easynvest, Genial, Guide, Itaú Mirae, Órama, Pi, RB Investimentos, Rico, Vitreo e XP
*Dados desde o início da estratégia. Criado em 2012, o Brasil Capital 30 segue a mesma estratégia do fundo original e rende 215% desde então, contra 85% do Ibovespa
Brasil Capital 70 XP FIM - fundo de previdência**
- Aplicação mínima: R$ 10.000
- Taxa de administração total: 1,60% ao ano (mais 20% de performance)
- Resgate: 6 dias úteis após o pedido
- Por onde investir: XP
**Existe uma segunda versão do fundo, voltada a investidores qualificados (com pelo menos R$ 1 milhão em recursos), que investe 100% do patrimônio em bolsa e cobra 2% de taxa de administração mais 20% de performance.
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