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Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
Diretor de redação do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA, trabalhou nas principais publicações de economia do país, como Valor Econômico, Agência Estado e Gazeta Mercantil. É autor dos romances O Roteirista, Abandonado e Os Jogadores
Lupa dos Fundos - SD Premium

Contrate uma tesouraria para trabalhar por você com este fundo multimercado

Com um objetivo de retorno de 7% acima do CDI, o fundo desta edição da Lupa é de uma gestora formada por ex-profissionais da tesouraria de um grande banco

Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
23 de setembro de 2020
5:52 - atualizado às 20:58
Selo Lupa dos Fundos sem logo

Os grandes bancos costumam colocar alguns de seus melhores funcionários para trabalhar na área de tesouraria. A escolha não é casual. Afinal, é a equipe da tesouraria que cuida, entre outras coisas, do dinheiro do próprio banco.

São profissionais habituados a operar com agilidade em diferentes mercados, mas ao mesmo tempo com limites rigorosos de risco. Pois se tem algo que banqueiro não gosta é de perder dinheiro.

Também não é por acaso que alguns dos melhores gestores de fundos do mercado brasileiro tiveram passagem pelas tesourarias dos bancos. Só do antigo BBM nasceram duas gestoras estreladas: a SPX Capital e a Kapitalo.

Até bem pouco tempo, o acesso a fundos desse tipo era restrito a clientes endinheirados do segmento private. Mas hoje a maioria dos gestores tem produtos disponíveis na prateleira tanto dos bancões como das plataformas de investimento das corretoras.

Isso significa que você pode “contratar” um time de tesoureiros para administrar e fazer o seu dinheiro render ao investir em um desses fundos.

Com a busca dos investidores por alternativas de investimento mais rentáveis — e com mais risco — no atual cenário de juros baixos, as gestoras formadas por executivos que deixaram os bancos se proliferaram.

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Habituados a operar em várias frentes, não só no Brasil como também no exterior, essas gestoras têm como carro-chefe fundos multimercados, que podem investir em diversas classes de ativos e, em tese, podem ganhar tanto em momentos de alta como de queda.

É claro que nem todos os ex-tesoureiros são bem sucedidos. Muitas gestoras acabam não sobrevivendo por uma série de fatores, como a separação da antiga equipe e as obrigações burocráticas de tocar um negócio próprio. Essa é mais uma razão para analisar com atenção os produtos disponíveis e não se guiar apenas pelo retorno de curto prazo.

A gestora que eu apresento para você nesta edição da Lupa dos Fundos já passou por essa “fase de arrebentação”. Formada há pouco mais de dois anos por ex-profissionais da tesouraria do Santander, a Legacy Capital já se tornou um dos nomes de destaque do mercado, com R$ 15,5 bilhões em patrimônio.

A receita da Legacy foi basicamente dar continuidade ao trabalho que os gestores faziam no banco. Os três principais sócios responsáveis pela gestão — Felipe Guerra, Gustavo Pessoa e Pedro Jobim — trabalham juntos desde 2010.

Até mesmo a rotina de reuniões e almoços da época do Santander foram mantidos na Legacy, segundo me contou José Eduardo Araujo, o Duda, único dos sócios fundadores que não veio do banco. Ele toca o lado operacional da gestora enquanto o trio que veio da tesouraria se concentra exclusivamente na gestão. “Somos uma empresa nova, mas com uma história longa.”

Teste e crescimento na crise

A Legacy conta hoje com 39 funcionários. Do time de gestão, todos operam em mercados específicos, como bolsa, moedas e renda fixa, mas em prol de uma única estratégia do produto principal da casa, o Legacy Capital FIC Multimercado.

O rápido crescimento da gestora foi fruto, claro, do bom desempenho do fundo, que entregou retorno de 29% em pouco mais de dois anos de vida — mais que o triplo do CDI no mesmo período.

É verdade que a Legacy surfou uma fase de relativa bonança no mercado, com o processo de queda da taxa básica de juros (Selic) e alta do Ibovespa. Mas acabou passando em um primeiro e duríssimo teste: o pânico nos mercados provocado pela pandemia do coronavírus.

A gestora estava no grupo dos mais otimistas quando foi surpreendida pela crise. No pior momento, o fundo chegou a amargar uma perda de 12%. A decisão naquele momento foi “simplificar” o portfólio e dar uma maior liquidez às posições para facilitar eventuais pedidos de resgate pelos clientes.

Passado o baque — ou melhor, ainda no meio dele —, a Legacy percebeu que havia muitos ativos de qualidade na mesa, e foi às compras. A agilidade rendeu frutos com a recuperação rápida do fundo, em linha com o que aconteceu no mercado. No acumulado do ano até agosto, o retorno era positivo em 6,42%, contra 2,12% do CDI.

Também foi no meio da quarentena que a gestora tomou a decisão de reforçar a equipe com mais dez contrações, nas áreas de bolsa e renda fixa, além da criação de novas estratégias para compor a carteira, como a compra de títulos de crédito de empresas.

A “cabeça de tesoureiro” também tem ajudado a Legacy a navegar conforme a maré dos mercados, que tem virado bruscamente nos últimos tempos. “Não foi só comprar e carregar, tivemos de ajustar as posição de forma relevante várias vezes.”

Indicações e contraindicações

É claro que ter uma tesouraria trabalhando para você tem um custo — e não é pequeno. A Legacy cobra nos fundos o tradicional “dois com vinte”, ou seja, 2% de taxa de administração mais 20% de performance sobre o que exceder o CDI. Um peso ainda maior no atual cenário de juros a 2% ao ano.

O sócio da gestora diz que não está nos planos uma redução nas taxas, e que a cobrança está compatível para um fundo com o perfil da Legacy, que tem como objetivo um retorno de 7% acima do CDI — líquido de taxas.

É claro que para mirar uma rentabilidade bem superior ao indicador de referência o fundo também precisa correr mais riscos. Mas eu entendo que, se for para correr riscos, que seja ao lado de gente boa do mercado.

De todo modo, trata-se de um produto recomendado para aquele investidor que suporta ver perdas de curto prazo na carteira. Aliás, o horizonte mínimo para se avaliar o desempenho de um fundo como o da Legacy é de pelo menos dois anos.

Também vale destacar que a sua reserva de emergência, ou seja, aquele dinheiro que você pode precisar a qualquer momento, também deve ficar longe do fundo da Legacy. Até porque o resgate só cai na conta 30 dias após o pedido, sendo que em algumas plataformas o produto só está disponível na versão D+60.

Fundo na lupa

Formada por profissionais da Tesouraria do Santander em 2018, a Legacy Capital já se tornou uma das principais gestoras independentes do mercado. Com perfil de risco sofisticado, o principal fundo da casa tem como objetivo entregar um retorno de CDI mais 7% ao ano.

Legacy Capital FIC FIM*

Aplicação mínima: R$ 20 mil
Taxa de administração total: 2% ao ano (mais 20% de performance sobre o CDI)
Resgate: 30 dias após o pedido (disponível apenas na versão D+60 em algumas plataformas)
Data de início: Junho de 2018
Retorno desde o início: 28,09% (o equivalente a 240% do CDI até 17 de setembro de 2020)
Por onde investir: Andbank, Ativa, Azimut Banco Alfa, Banco Inter, BB, Bocom BBM, Bradesco, BS2, BTG Pactual Digital, C6 Bank, Coinvalores, Easyinvest, Genial, Guide, ICAP, Itaú, Modalmais, Nova Futura, Órama, Pi, RB Capital, Safra, Santander, Socopa, Solidus, Terra, Vitreo, Votorantim, Warren e XP.

*As condições e a disponibilidade do fundo podem variar de acordo com a plataforma

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