Apesar dos resgates, fundos multimercados conseguem fechar o 1º semestre no azul; emissões de renda variável desabam 75% no período
Período difícil para ativos de risco beneficiou a renda fixa e levou investidores a fugirem de fundos de ações e multimercados

Você já deve estar careca de ler aqui no Seu Dinheiro que um dos poucos destaques positivos do mundo dos investimentos no primeiro semestre de 2022 foi a renda fixa.
Com a escalada global dos juros e as incertezas no cenário macroeconômico, essa classe de ativos foi a única que viu alta nas emissões de ativos, e uma das poucas em que os fundos terminaram o período com captação líquida.
Os ativos de risco, por sua vez, sofreram na primeira metade do ano: as emissões de ativos de renda variável despencaram 75,1% ante o mesmo período de 2021, para apenas R$ 19 bilhões, segundo o balanço semestral divulgado nesta semana pela Anbima - Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.
Fundos de ações e multimercados terminaram o semestre com resgates líquidos, com a debandada dos investidores para ativos mais seguros, sobretudo os fundos de renda fixa e ativos isentos de imposto de renda.
Mas mesmo sendo a classe de fundos com maior volume de resgates líquidos, a maioria das subclasses dos multimercados conseguiu fechar o primeiro semestre no azul.
Esses fundos, que podem investir em diversos tipos de ativos e se proteger de quedas no mercado, foram capazes de aproveitar os ativos e operações que se saíram bem no período.
Os fundos de ações, por sua vez, terminaram o semestre majoritariamente em baixa.
Emissões de ativos no primeiro semestre
Em comparação ao primeiro semestre do ano passado, o total de emissões de ativos caiu 12,1% nos primeiros seis meses de 2022. A renda fixa foi a classe de ativos com maior volume emitido e a única a ver crescimento. A renda variável teve uma queda brusca nas emissões.
Total de emissões | Renda fixa | Renda variável | Híbridos | |
Volume | R$ 233 bilhões | R$ 202 bilhões | R$ 19 bilhões | R$ 12 bilhões |
Variação ante o 1º semestre de 2021 | -12,1% | +25,0% | -75,1% | -56,1% |
Os únicos ativos a verem crescimento nas emissões em relação ao primeiro semestre do ano passado foram os Certificados de Recebíveis do Agronegócio - CRA (+53,9%), as debêntures (+35,3%) e os Certificados de Recebíveis Imobiliários - CRI (+13,4%), todos títulos de renda fixa.
Na renda variável, os IPOs - ofertas iniciais de ações, quando uma empresa abre capital na bolsa - praticamente desapareceram. Enquanto no primeiro semestre de 2021 eles movimentaram R$ 35,7 bilhões, de janeiro a junho deste ano o volume de IPOs foi de apenas R$ 400 milhões.
O restante das emissões se referiu a ofertas subsequentes (follow ons), que totalizaram R$ 18,5 bilhões no primeiro semestre de 2022, contra R$ 40,0 bilhões no mesmo período do ano passado.
Apesar do volume baixo, a maioria das emissões deste ano, diz a Anbima, foi primária: 95,2% se referiram a recursos que foram para o caixa da empresa.
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Captações e resgates líquidos nos fundos de investimento
A indústria de fundos teve uma captação líquida de apenas R$ 8 bilhões no primeiro semestre de 2022, bem abaixo do registrado no mesmo período nos últimos cinco anos.

Os fundos de renda fixa apresentaram a maior captação líquida, seguidos dos FIDCs (que também são ativos de crédito) e dos fundos cambiais. Todas as demais grandes classes de fundos viram resgates líquidos. Os fundos de ações tiveram uma saída de quase R$ 50 bilhões, enquanto os multimercados perderam quase R$ 62 bilhões.
Classe de fundos | Captação/Resgate líquido |
Renda fixa | R$ 88,8 bilhões |
Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) | R$ 31,6 bilhões |
Cambial | R$ 1,2 bilhão |
Fundos de Investimento em Participações (FIP) | -R$ 554,7 milhões |
ETF | -R$ 667,2 milhões |
Previdência | -R$ 1,1 bilhão |
Ações | -R$ 49,5 bilhões |
Multimercados | -R$ 61,8 bilhões |
Total | R$ 8 bilhões |
Rentabilidade dos fundos por tipo
Renda fixa
Tipo de fundo | Retorno no primeiro semestre |
Renda Fixa Duração Alta Grau de Investimento | 8,22% |
Renda Fixa Duração Livre Grau de Investimento | 6,09% |
Renda Fixa Duração Baixa Crédito Livre | 6,07% |
Renda Fixa Duração Média Crédito Livre | 5,76% |
Renda Fixa Duração Alta Crédito Livre | 5,72% |
Renda Fixa Duração Livre Soberano | 5,69% |
Renda Fixa Duração Baixa Grau de Investimento | 5,68% |
Renda Fixa Duração Média Grau de Investimento | 5,61% |
Renda Fixa Duração Livre Crédito Livre | 5,39% |
Renda Fixa Indexados | 5,37% |
Renda Fixa Duração Média Soberano | 5,25% |
Renda Fixa Simples | 5,07% |
Renda Fixa Duração Baixa Soberano | 4,82% |
Renda Fixa Duração Alta Soberano | 4,61% |
Renda Fixa Investimento no Exterior | -8,65% |
Renda Fixa Dívida Externa | -12,75% |
Multimercados
Tipo de fundo | Retorno no primeiro semestre |
Multimercados Long and Short Neutro | 8,73% |
Multimercados Balanceados | 6,18% |
Multimercados Dinâmico | 6,07% |
Multimercados Trading | 5,56% |
Multimercados Juros e Moedas | 5,53% |
Multimercados Livre | 4,75% |
Multimercados Capital Protegido | 3,01% |
Multimercados Long and Short Direcional | 2,46% |
Multimercados Macro | 11,21% |
Multimercados Estratégia Específica | -1,00% |
Multimercados Investimento no Exterior | -0,58% |
Ações
Tipo de fundo | Retorno no primeiro semestre |
Ações FMP-FGTS | 8,82% |
Fundo Mono Ação | 11,51% |
Ações Índice Ativo | -9,73% |
Ações Sustentabilidade / Governança | -9,56% |
Ações Indexados | -6,64% |
Fechados de Ações | -6,33% |
Ações Setoriais | -30,35% |
Ações Investimento no Exterior | -17,07% |
Ações Small Caps | -15,56% |
Ações Valor / Crescimento | -15,52% |
Ações Livre | -13,35% |
Ações Dividendos | -1,78% |
Cambiais
Tipo de fundo | Retorno no primeiro semestre |
Cambial | -6,29% |
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Ao todo, 16 companhias abriram o capital no período, além de cinco com ofertas precificadas mas não encerradas até o mês passado.
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