O poeta escocês Robert Louis Stevenson uma vez escreveu que vinho é poesia engarrafada. Na era vitoriana, o autor não imaginava que dali a mais de 100 anos estaríamos transformando essa poesia em investimento.
Pelo menos é o que pretende o novo fundo da Vitreo que vai permitir não apenas alocar em rótulos de vinhos de luxo, mas também receber o resgate do aporte na forma de garrafas.
O produto é uma parceria da Vitreo Gestão, que faz parte do grupo Empiricus (assim como o Seu Dinheiro), com a gestora e administradora de vinhos Oeno Group.
Estruturado como um multimercado, o Empiricus Oeno Vinhos Finos nasce com a proposta de oferecer ao investidor profissional no Brasil um ativo que já é relativamente comum em mercados maduros, como o americano e o europeu. Porém, adequando-se à realidade verde-amarela.
“Na Europa, por exemplo, o ticket médio de um family office nesse tipo de investimento gira em torno de 1 a 3 milhões de euros. No Brasil, estimamos entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão”, diz Victor Hugo Cotoski, gestor sênior de portfólios da Oeno Group.

Como vai funcionar o Empiricus Oeno Vinhos Finos
A estrutura do fundo conta com um feeder local que espelha o fundo master baseado nas Ilhas Cayman. O investidor que aportar no fundo master, via offshore, vai poder fazer o resgate em garrafas de vinho ou no valor equivalente.
A intenção é captar R$ 100 milhões no primeiro ano de operação do fundo, mas o alvo total é de R$ 150 milhões.
Para chegar nesse montante, o aporte inicial está fixado em R$ 50 mil, um valor pequeno se comparado com os preços dos vinhos que estarão na carteira do fundo.
O fundo deve ficar disponível para investidores profissionais até o final desta semana, de acordo com a Vitreo.
Segundo Cotoski, há possibilidade do francês Petrus 2000, hoje avaliado em US$ 1 milhão, entrar na carteira. O vinho passou 14 meses em órbita na Estação Espacial Internacional (ISS) como parte de um estudo sobre alimentos.
Assim como investimentos tradicionais, a carteira também será diversificada, com vinhos de todos os tipos, regiões e anos.
Quem decidir aportar no fundo ganhará acesso a uma espécie de confraria, com reuniões a cada três e seis meses nas quais haverá degustação dos vinhos investidos e apresentação dos resultados da carteira. Além disso, será possível comprar vinhos finos pelo preço primário, como se fosse direto do produtor.
A expectativa de retorno do fundo é de 10% em libra sobre o Liv-Ex, a bolsa de valores dos vinhos finos de Londres.
Ficha técnica
Gestão | Vitreo/Oeno Asset |
Estrutura | Feeder Local FIM + Master em Cayman |
Administrador | Feeder Local (BTG) + Master (IQEQ) |
Condomínio | Aberto |
Prazo | Indeterminado |
Prazo de resgate | D + 180 |
Taxa de administração | 2% |
Taxa de performance | 20% sobre GBP + 5% |
Taxa de saída | Ainda em discussão |
Aplicação mínima Local/Offshore | R$ 50 mil / £ 50 mil |
Movimentação mínima Local/Offshore | R$ 50 mil / £ 50 mil |
Saldo mínimo Local/Offshore | R$ 50 mil / £ 50 mil |
Público-alvo | Investidor profissional |
Política de investimento | Rótulos negociados na Liv-Ex |
Vinhos de luxo, o ouro líquido
Mas como funciona o investimento em vinhos de luxo?
Primeiramente, esqueça o vinho mais caro que você já viu num mercado. Não é dele que estamos falando.
O vinho de luxo é aquele que tem uma oferta restrita a algumas centenas de garrafas para atender a uma demanda mundial - e crescente.
Algumas garrafas demoram mais de uma década para alcançar a maturação ideal para consumo, mas mesmo assim vão sendo consumidas ao longo do tempo.
Dessa forma, quando o vinho atinge a qualidade ideal, há poucas unidades com a rolha intacta, o que puxa os preços para cima.
Na bolsa de valores de vinhos finos de Londres, a Liv-Ex, é possível acompanhar a variação de preços por meio de índices que funcionam de maneira similar aos índices de ações que estamos acostumados, como o Ibovespa ou o S&P 500.
De acordo com George ‘Jojo’ Wachsmann, se seguirmos na tese de que o vinho de alta qualidade tem um grande mercado e uma produção pequena, é possível fazer um paralelo com o ouro.
“O ouro historicamente é tido como um ativo ‘porto seguro’ porque as pessoas recorrem a ele como reserva de valor. Da mesma forma, se acreditarmos nessa mesma tese para os vinhos finos, eles também serão reserva de valor”, afirma.
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