Vai investir seu FGTS na Eletrobras (ELET3)? Veja os fundos disponíveis até agora e saiba qual escolher

Começa nesta sexta-feira (03) o período de reservas para quem for participar da oferta pública de ações que resultará na privatização da Eletrobras (ELET3; ELET6). Os investidores têm de hoje até o dia 8 de junho para reservar suas ações e indicar o preço que estão dispostos a pagar, num procedimento conhecido como bookbuilding.

Como já ocorreu no passado com outras ofertas públicas de estatais, os trabalhadores residentes no Brasil que tiverem saldo no FGTS - em contas ativas ou inativas - poderão destinar até 50% dos recursos do seu fundo de garantia a fundos de investimento constituídos especialmente para comprar ações da Eletrobras nesta oferta: os chamados Fundos Mútuos de Privatização - FGTS (FMP-FGTS).

Assim, esses trabalhadores têm a chance de investir uma parte do seu FGTS em um ativo com potencial de apresentar, no longo prazo, um retorno bem superior ao do fundo de garantia.

É claro que isso vai depender do quanto a companhia vai se tornar mais eficiente após a privatização - o investimento em ações tem risco, e elas podem tanto se valorizar quanto se desvalorizar.

Mas se a Eletrobras seguir um caminho minimamente parecido com o da Vale, quem investir seu FGTS nas ações da companhia e permanecer com o investimento por um prazo longo vai ficar bem contente.

Nesta outra matéria, eu já falei sobre se vale a pena investir parte do seu fundo de garantia nas ações da Eletrobras e expliquei o que você precisa fazer para participar da oferta com seu fundo de garantia.

O primeiro passo do processo é escolher a instituição financeira administradora do FMP-FGTS na qual você vai investir seus recursos. E é isso que eu vou detalhar nesta matéria.

Os Fundos Mútuos de Privatização - FGTS disponíveis até agora

Até agora, 15 instituições financeiras já registraram 24 Fundos Mútuos de Privatização - FGTS para investir na oferta de ações que vai resultar na privatização da Eletrobras. São elas:

• Alfa
• Banco do Brasil;
• BNB;
• Bradesco;
• BTG Pactual
• Caixa Econômica Federal;
• Daycoval;
• Genial;
• Guide;
• Itaú;
• MAM;
• Safra;
• Santander;
• Warren;
• XP.

Vai funcionar assim: quem tiver saldo no fundo de garantia disponível para o investimento vai escolher um desses fundos, da instituição financeira que desejar, e vai permitir que a administradora consiga visualizar seu saldo e reservar, junto ao FGTS, a parcela dos recursos a serem investidos.

Esse dinheiro, então, será aplicado no FMP-FGTS escolhido, e este fundo é que vai participar da oferta pública. Trata-se, portanto, de um investimento indireto nas ações da Eletrobras, como se o investidor estivesse aplicando em um fundo de ações comum.

Veja a seguir a lista completa dos fundos registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) até agora, com suas respectivas taxas de administração:

*Tabela atualizada em 06 de junho com a redução de algumas taxas de administração.

Mas como escolher o FMP-FGTS? E qual desses fundos é o melhor?

Bem, todos os FMP-FGTS Eletrobras são praticamente iguais. Além da administradora em si, eles têm basicamente duas diferenças: a taxa de administração e o tipo - se são destinados à migração de recursos de outros FMP-FGTS ou não.

Quem for investir recursos atualmente depositados em contas no FGTS, ativas ou inativas, deverá optar por um FMP-FGTS; já quem decidir migrar recursos de outro FMP-FGTS - como os das ações da Petrobras ou da Vale, constituídos no início dos anos 2000 - deverá escolher um FMP-FGTS Migração. Note que nem todas as instituições financeiras que oferecem um FMP-FGTS oferecem também uma versão Migração.

Quanto às taxas de administração, atualmente elas variam de zero a 0,5% ao ano. Desde que foram lançados, diversos fundos já reduziram as suas taxas, de olho na concorrência. A taxa de administração é cobrada sobre o saldo investido no fundo, independentemente de o fundo ter lucro ou não. Ela sempre impacta o retorno final, então quanto menor a taxa, maior a rentabilidade.

É possível visualizar o impacto da taxa de administração nos Fundos Mútuos de Privatização - FGTS de Vale e Petrobras:

Repare que, no caso da Petrobras, a diferença entre o fundo mais caro e o mais barato para um investimento de R$ 10 mil feito 22 anos atrás é de R$ 16.160; já no caso dos fundos da Vale, R$ 39.410 nesses 20 anos.

Então, no longo prazo, a taxa de administração faz uma boa diferença. Nesse sentido, o melhor FMP-FGTS é o do Daycoval, que não cobra taxa de administração alguma - você fica com o eventual retorno das ações todo para você. Em seguida viriam aqueles fundos que cobram taxa de 0,20% ao ano, oferecidos por BTG, Caixa, Genial, Itaú e XP. E, nesses casos, há opções de fundos Migração também.

Mas o preço não é tudo. Outros dois fatores bem importantes a se levar em consideração na hora de escolher uma instituição administradora são a sua solidez, seu eventual relacionamento com ela e a qualidade do atendimento.

Dependendo da sua estabilidade profissional e do seu momento de vida, pode ser que você passe muitos anos sem sacar o seu fundo de garantia e consiga manter os recursos no FMP por bastante tempo - quem sabe até a sua aposentadoria.

Se isso ocorrer, você vai acabar resgatando esses recursos apenas num futuro distante. Convém que a instituição financeira escolhida ainda exista até lá - para que seja fácil você localizar o fundo, e não por risco de você perder seu dinheiro, pois fundos têm CNPJ próprio e não estão expostos ao risco das suas administradoras e gestoras.

Também é interessante que os futuros colaboradores do banco escolhido saibam o que fazer quando um cliente pedir o resgate de um fundo que não está ali na prateleira do banco. Então escolha uma instituição de cujo atendimento você goste.

Fora as diferenças mencionadas entre os fundos, todo o resto é basicamente o mesmo: a aplicação mínima de todos eles é de R$ 200, e há uma carência de 12 meses. Isso significa que, após a oferta, os investidores terão que manter seus recursos aplicados nesses fundos por um ano, sem conseguir resgatá-los.

Após este prazo, o resgate se torna possível. Mas lembre-se de que, ao resgatar um FMP-FGTS, os recursos simplesmente voltam para a sua conta no FGTS. Você só conseguirá sacá-los de fato quando se enquadrar em uma das regras tradicionais de saque do fundo de garantia (demissão sem justa causa, aquisição da casa própria, aposentadoria, saque-aniversário etc.).

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