Timing the market vs Time in the market: o prejuízo de tentar adivinhar o tempo dos mercados
Se 2020 provocou um sentimento de “quanto mais tempo com a família, melhor”, para os investidores ele trouxe uma lição parecida: “quanto mais tempo investido, melhor”

Se para mim existe uma data especial no ano todo, esse dia é justamente o Natal. Mas eu acho que um Natal nunca foi tão cheio de significados como desta vez.
No lado profissional, a volatilidade da Bolsa provocou noites mal dormidas e testou todas as minhas capacidades emocionais (afinal de contas, mesmo diante de toda a loucura, a minha missão continuou sendo trazer boas recomendações para os leitores do Seu Dinheiro e assinantes da Empiricus).
E como se isso já não bastasse, o vírus ainda nos impediu de ficar próximos justamente de quem mais nos ajuda a ter forças nos momentos difíceis: nossa família.
Dizem que os momentos difíceis nos ensinam muita coisa. Acho que neste ano aprendemos da pior maneira a falta que faz estar perto da família.
Por esse motivo este Natal é tão especial para mim. É verdade que a mesa estará mais vazia desta vez, afinal de contas, ainda precisamos de todo o cuidado.
Mesmo assim, a reunião de 2020 é sem dúvidas aquela que eu mais vou aproveitar a oportunidade de estar perto de quem eu amo. Nunca estar perto da família foi tão importante para mim.
Leia Também
Bola de cristal
Se 2020 provocou um sentimento de "quanto mais tempo com a família, melhor", para os investidores ele trouxe uma lição parecida: "quanto mais tempo investido, melhor".
Apesar de todas as notícias ruins em março, abril e maio, quem ficou firme e manteve os seus investimentos o ano todo, acabou sendo recompensado pela recuperação dos mercados, e se deu muito melhor do que quem capitulou logo depois da eclosão da pandemia.
Ibovespa em 2020. Fonte: Google
Mas isso não deveria ser uma surpresa. Na verdade, existem alguns estudos gringos que afirmam que o "time in the market" ganha de lavada do "timing the market".
Em uma tradução ruim, isso significa que comprar ações e segurá-las para sempre é muito mais importante do que ficar tentando adivinhar os melhores momentos para comprar e vender esses ativos.
Infelizmente, a maioria das pessoas não pensa assim. Boa parte acha que consegue prever os movimentos do mercado. Acredita que têm o dom de tirar o dinheiro da bolsa antes das quedas, ou de aportar mais dinheiro um pouco antes de o mercado disparar.
Mas a verdade é que antecipar os movimentos do mercado é extremamente difícil – para não dizer impossível.
Nem os maiores gestores do mundo, que ficam 24 horas por dia, sete dias por semana ligados no mercado, e ainda contam com as melhores e mais bem pagas equipes de research do planeta, sabem quando a bolsa vai cair, ou subir. O que eles sabem – e fazem isso muito bem – é aumentar ou diminuir um pouco a posição em ações conforme a bolsa cai ou sobe muito.
Poucos dias fazem toda a diferença
Aliado ao fato de não conhecermos o que vai acontecer amanhã, um outro ponto que costuma passar despercebido pelos investidores e afeta bastante os resultados é que poucos dias de alta perdidos fazem toda a diferença nos retornos de longo prazo.
Na maior parte do tempo, as bolsas ficam de lado, caem um pouquinho num dia, sobem menos ainda no outro, e você vai achar que manter o dinheiro investido em ações não faz muito sentido. Você vai querer tirá-lo dali e colocar em renda fixa, por exemplo, para ter um retorno "garantido".
Só que, de uma hora para outra, surge uma notícia inesperada, a bolsa acorda e marca a maior alta do ano.
Para não ficar de fora, você, que tinha acabado de tirar o dinheiro de ações, coloca ele de volta na bolsa no dia seguinte. Mas deixa eu te contar uma coisa: o melhor dia do ano já foi, e você perdeu. Já era!
E se você acha que perder um ou outro dia de forte alta não faz muita diferença, veja só o estudo que o JP Morgan fez.
Para mostrar o impacto que esses dias perdidos têm na vida de um investidor, o banco fez a seguinte simulação:
- O que teria acontecido com o dinheiro de quem tivesse investido no S&P 500 e deixado esse montante intacto de 2000 até 2019? A resposta seria um retorno de 224%.
Elaboração: Seu Dinheiro. Fonte: JP Morgan
- E se ele tivesse ficado de fora apenas dos 10 melhores dias nesses vinte anos? Seu retorno cairia para 62%.
Sem os 30 melhores dias, o seu retorno já seria quase nulo e, a partir daí, passaria a ter perdas relevantes de capital.
Isso quer dizer que poucos dias fazem toda a diferença nos retornos de longo prazo. Mas como você não consegue adivinhar quando eles vão acontecer, o jeito é continuar com o dinheiro investido e esperar.
A hora é agora
Por isso, se você está esperando a melhor hora para começar a investir em ações, saiba que a hora é agora, como acabamos de ver no estudo do JP Morgan.
Um pouco de BOVA11 e SMAL11 me parecem duas boas pedidas para dar o pontapé inicial.
Mas hoje é Natal e eu trouxe uma oportunidade especial para você, que quer se aprofundar mais no assunto investimentos: qualquer série essencial da Empiricus pela metade do preço. Deixo aqui o convite, caso tenha interesse.
Lembre-se: quanto mais tempo você conseguir manter seu dinheiro investido em ações, melhor para o seu bolso.
E já que a dica de hoje é tempo, lembre-se do tempo que fomos forçados a ficar distantes de nossas famílias e amigos em 2020, e aproveite ao máximo o tempo com eles quando as coisas voltarem ao normal.
Um Feliz Natal e um próspero Ano Novo para você e sua família!
Investir em estatal vale a pena? Uma reflexão sobre como o Banco do Brasil (BBAS3) subverteu as máximas dos manuais de investimentos
Banco do Brasil (BBAS3) negocia com múltiplos baixos demais para a qualidade dos resultados que tem apresentado e ainda guarda um bom potencial de valorização
Com a Selic em 13,75%, ainda vale a pena investir em ações?
Com essa renda enorme de mais de 1% ao mês, sem riscos e sem sustos, será que ainda vale ter ações na carteira?
A armadilha dos dividendos: cuidado para não cometer o maior erro dos investidores que buscam ‘vacas leiteiras’ na bolsa
Quem não gosta de ver um dinheirinho pingando na conta? O problema é que muitas vezes os dividendos prometidos são insustentáveis; entenda
Bolsonaro venceu? Petrobras enfim reduz o preço da gasolina, mas até que ponto vai a influência do presidente?
Se a Petrobras tivesse baixado os preços por mera pressão do governo, as ações teriam desabado; entenda o que está por trás da redução
A Vivo (VIVT3) e sua estabilidade à prova de crise nos mostram: negócios chatos não são maus negócios
A Vivo (VIVT3) manteve suas receitas praticamente estáveis nos últimos anos. Ainda assim, esse ‘negócio chato’ gera muito valor ao acionista
Presidente novo, política nova? Por que as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) continuam atraentes mesmo com tantas trocas de comando
O que realmente preocupa na Petrobras é o risco de o novo CEO ceder e obrigá-la a vender combustíveis por preços bem abaixo da paridade internacional
É oficial: estamos em bear market — saiba como ajustar a carteira em momentos difíceis
No chamado mercado de baixa não é hora para desespero, vender tudo e comprar Tesouro Selic; existem formas de tentar incrementar os retornos
Quando crescer via aquisições pode ser uma boa para empresas na bolsa — e quando pode ser um desastre
Assim como o investimento em ações, normalmente o que define se as fusões e aquisições serão bem-sucedidas é o preço do negócio
Ações? Dividendos? Afinal, ainda vale a pena investir na bolsa com a Selic em 13,25%?
Com a Selic no maior patamar desde 2017, faz sentido correr os riscos da bolsa atrás de uma ação pagadora de dividendos? A resposta é sim
Lucro e dividendos: O que comprar na bolsa quando as ações param de subir e o humor começa a piorar
Agora é uma boa hora para vender ações que carecem de lucros e colocar na carteira mais ações pagadoras de dividendos
Livre das investigações, a Hypera está pronta para voar; entenda por que HYPE3 ainda vale a pena
Acordo de leniência após investigação sobre suspeita de pagamento de propina livra a Hypera (HYPE3) do risco de uma multa bilionária
Mesmo com toda a confusão causada pelo governo, ainda vale a pena investir na Petrobras (PETR4); entenda por quê
Petrobras negocia atualmente por 3 vezes lucros e paga mais de 20% de dividendos; é preciso muito mais do que uma troca injustificada de CEO para PETR4 desabar
Vale a pena comprar Petrobras (PETR4) por causa da possível privatização? A resposta é não — e eu te conto por quê
Se você está pensando em comprar PETR4 apenas por causa da possibilidade de privatização no curto prazo, um alerta: você vai acabar se decepcionando
A vitória dos ‘loucos’: entenda como o fim do dinheiro barato recoloca as ações de valor na mira dos investidores
Quando a situação aperta, seja por conta de juros, recessão, guerra ou qualquer outro tipo de estresse, são os lucros e dividendos que sustentam o preço das ações
Um McPicanha na bolsa: entenda os cuidados que você precisa tomar ao investir em ações pagadoras de dividendos
Assim como o McPicanha sem picanha, é preciso ter cuidado para não comprar gato por lebre na hora de ir atrás de dividendos na bolsa
Maior fatia do bolo: programa de recompra da Vale (VALE3) vai além do aumento nos dividendos
O programa de recompra abrange cerca 10% do capital da companhia — isso significa que os lucros passarão a ser divididos por um número 10% menor de ações
Entenda o estranho caso do setor em declínio que representa uma boa oportunidade de investimento
Assim como aconteceu com o tabaco, mesmo com todas as restrições, o vício da sociedade em petróleo sinaliza que o setor de óleo e gás deve manter a rentabilidade ainda por muitos anos
Por que a Petrobras (PETR4) está do lado certo do muro para aproveitar a alta das commodities
Ajuda do petróleo em alta, combinada com a melhora de eficiência, significa mais lucro e maior geração de caixa para a Petrobras
Meu fundo de previdência está com retorno negativo. Devo resgatar o dinheiro?
Se você quiser aumentar as chances de uma aposentadoria tranquila, é preciso aguentar as crises de curto prazo e ater-se a seu plano de previdência
Não espere uma mudança de cenário para mexer suas peças: o mercado sempre se antecipa ao noticiário
Por mais que o ciclo de alta de juros não tenha acabado, o mercado já se mexeu para surfar a estabilização na Selic. Saiba como se posicionar