Com Biden, acabou a era do dólar forte?
Entendo que o movimento de desvalorização do dólar possa ser repetido não só nos próximos dois meses, mas também durante o governo Biden como um todo
Durante o fim de semana, o democrata Joe Biden foi declarado vencedor das eleições americanas. Ainda que a vitória do candidato seja contestada e que haja também a recontagem dos votos em alguns estados, Biden já foi congratulado por diversos líderes mundiais. Os mercados já estão precificando Biden no comando da semana passada para esta. E o que aconteceu? O dólar acentuou seu movimento ladeira abaixo.
Ainda que o resultado formal das eleições leve mais tempo para sair do que o previsto, a verdade é que pouco da contestação de Donald Trump de fato se baseia em fatos e provas concretas; logo, boa parte de suas alegações de fraude eleitoral derivam somente de um narcisismo exuberante, de quem se recusa a perder.
O novo cenário dos mercados é de uma presidência de Joe Biden e uma manutenção da balança de poder no Congresso (Câmara democrata e Senado republicano). Além, claro, de outras novidades recentes, como a possibilidade de reabertura das economias, com a eclosão de boas notícias relacionadas com vacinas ao redor do mundo.
Abaixo, um gráfico com os movimentos dos mercados durante o processo de recontagem dos votos em 2000. Note como o dólar, que havia apresentado um forte desempenho durante o ano, perdeu ímpeto e caiu 2% em relação ao euro no mês seguinte à eleição.
Entendo que o movimento de desvalorização do dólar possa ser repetido não só nos próximos dois meses, mas também durante o governo Biden como um todo.
Depois de um grande bull market da moeda americana nos últimos anos, 2020 foi o momento em que o mercado passou a questionar a força soberana da divisa. Já vínhamos questionando a força do dólar ao longo do ano, norteados principalmente pelo expansionismo fiscal e monetário sem precedentes na história. Agora, com a presidência de um multilateralista, soma-se o fluxo de dólares para outras regiões do mundo, no fomento do comércio mundial.
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Veja abaixo a performance do euro versus o dólar (EUR / USD) antes e depois das eleições americanas. O euro deve continuar subindo daqui em diante – pelo menos de acordo com o padrão das eleições presidenciais dos EUA desde o ano 2000.
As forças que pesam contra o dólar
Dois fatores, portanto, levam a uma desvalorização do dólar:
- Impressão de dinheiro nos EUA: a expansão da base (oferta) monetária por meio dos estímulos do governo e do Fed (banco central dos EUA), desvalorizando a moeda;
- Migração de capital para emergentes: o fluxo de dólares para o resto do mundo, principalmente para países emergentes, devido ao multilateralismo comercial.
Ademais, poderíamos ainda argumentar que os democratas tenderiam a um maior gasto do Estado, expandindo ainda mais o estímulo fiscal. A aparente vitória até aqui dos republicanos no Senado, contudo, limita um pouco da atuação democrata nesse sentido.
Destaque aqui, como podemos ver abaixo, para os países emergentes. Existem várias apostas que podem rapidamente se materializar nos próximos meses devido à presidência de Biden, sendo a de moedas dos países emergentes uma das mais óbvias.
Emergentes voltam ao radar
A verdade é que nós, emergentes, ainda estamos muito baratos em comparação às grandes economias mundiais (moedas do G10). Nas últimas décadas, a diferença entre as grandes potências e os grandes países emergentes não foi relevante, como podemos ver acima.
Nesse caso, há um potencial para um catch-up das moedas emergentes. O movimento é ainda maior se você considerar que o dólar entrou em uma tendência estrutural de queda – fatores fortes de desvalorização para os próximos anos, conforme já argumentado.
Os mercados não são bobos e, justamente por isso, o MSCI Latam tem sido um dos queridinhos desde o dia das eleições, na última terça-feira. Pode ser uma excelente oportunidade para fortalecer suas posições locais e, em termos internacionais, em países emergentes – Ásia e América Latina são cavalos bem óbvios para surfar esta onda.
Como eu posso lucrar com isso?
Imagine o que deve acontecer com a bolsa brasileira quando chegar esse capital todo que vem de fora. Sim, é possível que o Brasil veja um rali de fim de ano nos mercados. Isso já começou a acontecer, basta olhar para a disparada do Ibovespa em novembro.
Se você está interessado em aproveitar este movimento, deixo aqui o link com mais informações sobre o rali de fim de ano. Você também vai encontrar orientações sobre como investir e quais ações comprar para se beneficiar da possível alta dos mercados emergentes.
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