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O tipo de teoria que nunca vai morrer

“Grunch of Giants” fala desde os reis e rainhas de milhares de anos atrás até os tempos modernos. Ele explica como os ricos e poderosos sempre dominaram as massas.

25 de abril de 2020
6:00 - atualizado às 19:38
Investidor acompanha os negócios de fusão e aquisição
Imagem: Shutterstock

Em 1983, eu li um livro de R. Buckminster Fuller chamado "Grunch of Giants" (“A Patifaria dos Gigantes”, em tradução livre).

A palavra "grunch" é um acrônimo para "Gross Universe Cash Heist" (“O Roubo de Todo o Dinheiro do Universo”, em tradução livre). É um livro sobre os super-ricos e super-poderosos e como eles vêm roubando e explorando pessoas há séculos.

É um livro sobre uma conspiração dos ricos.

"Grunch of Giants" fala desde os reis e rainhas de milhares de anos atrás até os tempos modernos. Ele explica como os ricos e poderosos sempre dominaram as massas. Também explica que os modernos assaltantes de banco não usam máscaras. Em vez disso, usam ternos e gravatas, têm diplomas universitários e roubam os bancos por dentro, não por fora.

Após ter lido o livro há tantos anos, eu pude ver nossa atual crise financeira se aproximando — só não sabia exatamente quando ela chegaria. Uma razão pela qual meus investimentos e negócios têm bom resultado, apesar das crises econômicas, é porque eu li "Grunch of Giants". O livro me ajudou a me preparar para esta crise.

Livros sobre conspirações costumam ser escritos por alguém "marginalizado". O Dr. R. Buckminster Fuller, embora à frente de seu tempo em termos de pensamento, não era um indivíduo marginalizado. Ele estudou na Universidade de Harvard e, embora não tenha se graduado lá, se saiu muito bem (como outro famoso desistente de Harvard, Bill Gates).

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O Instituto Americano de Arquitetos homenageia Fuller como um dos maiores arquitetos e designers do país. Ele é considerado um dos americanos mais reconhecidos da história, possuindo um número substancial de patentes em seu nome. Ele era um respeitado visionário e serviu de inspiração para John Denver como “o avô do futuro” na letra da música “What One Man Can Do” (“O Que Um Homem Pode Fazer”). Fuller se tornou um ambientalista antes que a maioria das pessoas soubesse o que a palavra significava.

Mas, acima de tudo, ele é respeitado porque usou sua genialidade para trabalhar por um mundo que beneficiava a todos… não apenas a si mesmo ou aos ricos e poderosos.

Eu li vários livros do Dr. Fuller antes de ler "Grunch of Giants". A dificuldade para mim foi que a maioria dos seus primeiros livros eram sobre matemática e ciências. Aqueles livros estavam muito além da minha compreensão. Mas este livro eu entendi.

O livro do Dr. Fuller confirmou muitas das minhas suspeitas não ditas sobre a maneira como o mundo funciona. Comecei a compreender por que não ensinamos sobre dinheiro às crianças na escola. Eu também entendi por que fui enviado ao Vietnã para lutar em uma guerra que nunca deveríamos ter travado.

Em poucas palavras, a guerra é lucrativa. A guerra é geralmente sobre ganância, não patriotismo. Depois de nove anos no serviço militar, quatro numa academia militar federal e cinco como piloto do Corpo de Fuzileiros Navais que serviu no Vietnã por duas vezes, pude concordar totalmente com o Dr. Fuller.

Eu entendi por experiência própria por que ele se refere à CIA como o Exército Invisível do Capitalismo.

A melhor coisa sobre "Grunch of Giants" foi que o livro despertou o estudante em mim. Pela primeira vez na minha vida, eu queria estudar um assunto, saber sobre como os ricos e poderosos exploram o restante de nós — legalmente.

Desde 1983, estudei e li mais de 50 livros sobre esse tema. Em cada um deles, encontrei uma ou duas peças do quebra-cabeça.

Existe uma conspiração?

As teorias da conspiração existem aos montes. Todos nós as ouvimos.

Existem teorias da conspiração sobre quem matou os presidentes americanos Lincoln e Kennedy, assim como sobre quem matou o ativista negro Martin Luther King Jr. Também existem teorias da conspiração sobre o ataque de 11 de setembro de 2001.

Essas teorias nunca morrerão. Teorias são teorias. Elas são baseadas em suspeitas e perguntas não respondidas.

Não estou escrevendo isso para lhe vender outra teoria da conspiração. Minha pesquisa me convenceu de que houve muitas conspirações dos ricos, tanto no passado quanto no presente, e haverá mais conspirações no futuro. Quando dinheiro e poder estão em jogo, sempre haverá conspirações. Dinheiro e poder sempre levarão as pessoas a cometer atos corruptos.

Em 2008, por exemplo, Bernard Madoff foi acusado de administrar um esquema Ponzi (pirâmide financeira) de US$ 50 bilhões para fraudar não apenas clientes ricos, mas também escolas, instituições de caridade e fundos de pensão. Ele já ocupou a posição altamente respeitada de presidente da bolsa americana Nasdaq. Ele não precisava de mais dinheiro, ainda assim por anos ele supostamente roubou pessoas muito inteligentes e organizações valiosas que dependiam de sua competência nos mercados financeiros.

Outro exemplo da corrupção motivada por dinheiro e poder é gastar mais de meio bilhão de dólares para ser eleito presidente dos Estados Unidos, um emprego que paga apenas US$ 400.000 por ano. Gastar tanto dinheiro assim em uma eleição não é algo saudável para o país.

Então, houve uma conspiração? Acredito que sim, de certa forma.

Mas a questão é: e daí? O que você e eu vamos fazer a respeito? A maioria das pessoas que provocaram as crises financeiras passadas estão mortas, mas a consequência de seus atos continua viva. Discutir com pessoas mortas é inútil.

Independentemente de haver uma conspiração, há certas circunstâncias e eventos que afetam sua vida de uma forma profunda e invisível.

Educação financeira

Vamos considerar, por exemplo, a educação financeira. Muitas vezes fiquei surpreso com a falta de educação financeira em nosso sistema escolar moderno.

Na melhor das hipóteses, nossas crianças aprendem a equilibrar suas contas, especular no mercado de ações, economizar dinheiro em bancos e investir em um plano de aposentadoria a longo prazo. Em outras palavras, aprendem a entregar seu dinheiro aos ricos, que supostamente têm as melhores das intenções.

Toda vez que um educador leva para a sala de aula alguém de um banco ou um planejador financeiro, supostamente em nome da educação financeira, na verdade está permitindo que a raposa entre no galinheiro.

Não estou dizendo que eles sejam pessoas ruins. Tudo o que estou dizendo é que são agentes dos ricos e poderosos. O trabalho deles não é educar, mas recrutar futuros clientes. É por isso que pregam a doutrina de economizar e investir esse dinheiro em fundos mútuos. Isso beneficia o banco, não você.

Mais uma vez, reitero que isso não é ruim. É um bom negócio para o banco. Não é diferente do que fizeram recrutadores do Exército e da Marinha quando foram à minha escola, quando eu estava no ensino médio, e apresentaram a nós alunos o quão glorioso é servir ao nosso país.

Bom conselho x Mau conselho

Uma das causas dessa crise financeira é que a maioria das pessoas não sabe distinguir bons conselhos financeiros de maus conselhos financeiros.

A maioria delas não consegue diferenciar um bom consultor financeiro de um vigarista. A maioria não diferencia um bom e um mau investimento. A maioria das pessoas vai para a escola para conseguir um bom emprego, trabalhar duro, pagar impostos, comprar uma casa, economizar e entregar qualquer dinheiro extra a um planejador financeiro — ou a um especialista como Bernie Madoff.

A maioria das pessoas sai da escola sem sequer distinguir as diferenças básicas entre uma ação e um título, entre dívida e patrimônio. Poucos sabem por que as ações preferenciais são chamadas preferenciais e por que os fundos mútuos são mútuos ou a diferença entre um fundo mútuo, um fundo de hedge, um fundo negociado em bolsa e um fundo de fundos.

Muitos pensam que dívidas são ruins, mas a dívida pode torná-lo rico. Uma dívida pode aumentar seu retorno sobre os investimentos, mas apenas se você souber o que está fazendo.

Poucos sabem a diferença entre ganhos de capital e fluxo de caixa e qual deles é menos arriscado. A maioria das pessoas aceita cegamente a ideia de fazer uma faculdade para conseguir um bom emprego e nunca sabe por que os funcionários pagam alíquotas mais altas do que o empresário que é dono do negócio. Hoje muitas pessoas estão em apuros porque acreditavam que sua casa era um ativo, quando era na verdade um passivo.

Estes são conceitos financeiros básicos e simples. Ainda assim, por alguma razão, nossas escolas convenientemente deixam de fora um assunto importante para que se seja bem-sucedido na vida — dinheiro.

Em 1903, John D. Rockefeller criou o Conselho Geral de Educação. Parece que seu objetivo era garantir um suprimento constante de funcionários que sempre estivessem precisando de dinheiro, de um emprego e de segurança no emprego.

Há indícios de que Rockefeller fora influenciado pelo sistema prussiano de educação, um sistema criado para formar bons funcionários e bons soldados, pessoas que cegamente obedecem a ordens como “Faça isso ou seja demitido” ou “Entregue seu dinheiro para mim para que eu o mantenha seguro, eu o investirei para você”.

Independentemente da intenção de Rockefeller ao criar o Conselho Geral de Educação, o resultado hoje é que mesmo aqueles com boa educação e um emprego seguro estão se sentindo inseguros financeiramente.

Sem uma educação financeira básica, a segurança financeira a longo prazo é quase impossível. Em 2008, milhões dos baby boomersamericanos (pessoas nascidas entre 1946 e 1964) começaram a se aposentar a uma taxa de 10.000 pessoas por dia, esperando que o governo lhes garantisse assistência financeira e médica.

Hoje, muitas pessoas estão finalmente aprendendo que a segurança no emprego não garante segurança financeira a longo prazo.

Abraço!

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