Sem pânico: Ibovespa se recupera e sobe mais de 2%, praticamente zerando as perdas no ano
O Ibovespa teve ganhos firmes nesta terça-feira, aproveitando o clima de maior otimismo dos investidores em relação ao coronavírus e os possíveis impactos da doença na economia. Já o dólar à vista continuou sob pressão e fechou em leve alta, cravando mais um recorde

Na sessão passada, o Ibovespa cravou a mínima do ano, caindo ao patamar dos 112 mil pontos; nesta terça-feira (11), o índice teve o segundo melhor pregão de 2020 em termos percentuais, fechando em alta de mais de 2%.
O comportamento errático do Ibovespa é um reflexo postura do mercado em relação ao coronavírus. Os investidores assumem visões ora pessimistas, ora otimistas — e o mercado acionário sobe ou desce de maneira brusca, de acordo com o humor do dia.
Pois a corrente positiva deu o tom às negociações nesta terça-feira, com o Ibovespa avançando 2,49%, aos 115.370,61 pontos. Desde o início do ano, apenas o pregão de 2 de janeiro terminou com o índice mostrando um desempenho melhor que o de hoje — na ocasião, a alta foi de 2,53%.
Com os ganhos contabilizados nesta terça, o Ibovespa praticamente zerou as perdas acumuladas no ano: agora, o índice tem leve baixa de 0,24% desde o começo de 2020.
No mercado de câmbio, contudo, a história tem sido diferente. O dólar à vista enfrenta uma onda praticamente constante de aversão ao risco, o que tem provocado uma alta gradual nas cotações da moeda — levando-a a novas máximas.
A divisa até chegou a operar em queda no início da sessão, chegando a recuar 0,55% na mínima, aos R$ 4,2984. Mas, ao fim do dia, o dólar à vista fechou em alta de 0,10%, a R$ 4,3264 — um novo recorde nominal de encerramento.
Leia Também
Esta é a terceira sessão consecutiva em que o dólar à vista renova as máximas. Agora, a moeda americana acumula ganhos de 7,84% no ano.
Viés otimista
O otimismo renovado nas bolsas se deve a uma série de sinalizações, ligadas direta ou indiretamente ao coronavírus, que foram bem recebidas pelos investidores mundo afora.
Como pano de fundo, aparece uma manifestação das autoridades de saúde da China, afirmando que a disseminação da doença tende a atingir um pico neste mês, mas que, a partir de março, a tendência é de queda nos contágios.
Ou seja: o posicionamento trouxe um elemento importante para acalmar os ânimos do mercado, fornecendo uma espécie de cronograma e trazendo alguma previsibilidade ao que poderá ocorrer no curto prazo — o que, consequentemente, diminuiu a aversão ao risco nas bolsas.
Com esse fator em mente, os investidores também receberam bem as sinalizações emitidas em diferentes países quanto eventuais medidas a serem tomadas para não deixar a economia global perder fôlego.
Ainda na China, o governo pediu que as indústrias mais relevantes retomem a produção — um sinal de que o país tenta evitar uma desaceleração mais intensa de sua economia em meio ao surto da doença.
No velho continente, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse que estímulos fiscais podem ser mais eficazes que a política monetária para ajudar a impulsionar a economia da região.
E, nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, disse estar atento aos desdobramentos do surto de coronavírus — a instituição, assim, irá monitorar eventuais riscos econômicos maiores em decorrência da doença para tomar suas decisões.
Esses fatores, em conjunto, serviram para trazer alívio às preocupações dos investidores quanto aos possíveis impactos do coronavírus à economia global, já que as autoridades mostram-se dispostas a agir de maneira enfática para combater a desaceleração na atividade mundial.
Agenda cheia
Por aqui, diversos fatores influenciaram o rumo das negociações, o que ajudou a justificar o ritmo mais intenso de ganhos do Ibovespa em relação às demais bolsas mundiais.
Mais cedo, o Banco Central (BC) divulgou a ata da última reunião do Copom — na ocasião, a autoridade cortou a Selic em 0,25 pontos, levando-a ao novo piso de 4,25% ao ano. O documento reforça a mensagem de que o ciclo de ajustes negativos chegou ao fim, revelando, ainda, que os dirigentes do BC também estão atentos ao surto de coronavírus.
Nesse cenário, as curvas de juros com vencimento em janeiro de 2021 — as que melhor refletem as apostas do mercado para a Selic ao fim deste ano — ajustaram-se às sinalizações do BC, convergindo para os atuais 4,25%. Já os DIs mais longos caíram, em linha com o clima mais ameno desta terça-feira.
Veja abaixo como ficaram as principais curvas de juros hoje:
- Janeiro/2021: de 4,26% para 4,23%;
- Janeiro/2023: de 5,52% para 5,42%;
- Janeiro/2025: de 6,15% para 6,07%;
- Janeiro/2027: de 6,48% para 6,42%.
Dólar pressionado
A nova valorização do dólar em relação ao real chamou a atenção porque, no exterior, a sessão foi marcada pelo enfraquecimento da moeda americana em relação às demais divisas de países emergentes, como o peso mexicano, o rublo russo, o peso chileno e o rand sul-africano.
Assim, o real foi na contramão de seus pares nesta terça-feira — apenas o peso argentino fez companhia à moeda brasileira, se desvalorizando em comparação com o dólar.
Analistas e operadores não encontraram uma razão para esse movimento, citando apenas os fatores estruturais que são vistos desde a semana passada: menor diferencial de juros em relação aos EUA, desconfiança do investidor estrangeiro e cautela quanto à recuperação da economia local.
Itaú e Vale em destaque
Dois papéis de grande peso na composição do Ibovespa tiveram ganhos firmes e ajudaram a dar força ao índice: Itaú Unibanco PN (ITUB4), com alta de 2,30%, e Vale ON (VALE3), com valorização de 3,71%.
O Itaú fechou o ano de 2019 com um lucro líquido recorrente de R$ 28,363 bilhões em 2019, alta de 10,2% em relação ao ano anterior, confirmando as expectativas do mercado. A rentabilidade do banco segue elevada: ficou em 23,7%, acima do Bradesco e do Santander Brasil.
No caso da Vale, apesar de a empresa ter reportado uma queda de 22,4% na produção de minério de ferro no quarto trimestre de 2019 na base anual, para 78,3 milhões de toneladas, o mercado viu com bons olhos o noticiário vindo da China.
Em meio à esperança de que o surto de coronavírus poderá entrar numa fase descendente em breve — e, consequentemente, ter impacto limitado sobre a economia chinesa, grande importadora de minério de ferro e produtos siderúrgicos —, os investidores apostaram nos papéis da Vale.
O minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao — cotação que serve como referência para o mercado — fechou em alta de 4,89% nesta terça-feira, mostrando o otimismo dos investidores e dando força às ações de mineradoras e siderúrgicas no mundo.
Outras ações ligadas à China, como CSN ON (CSNA3), Gerdau PN (GGBR4) e Usiminas PNA (USIM5), também tiveram um dia positivo, subindo 4,61%, 5,82% e 6,78%, nesta ordem.
Para conferir os demais destaques do Ibovespa nesta terça-feira, basta acessar esta matéria.
Top 5
Veja abaixo as cinco ações de melhor desempenho do Ibovespa nesta terça-feira:
- B2W ON (BTOW3): +7,34%
- Usiminas PNA (USIM5): +6,78%
- Natura ON (NATU3): +6,27%
- Cosan ON (CSAN3): +6,08%
- Via Varejo ON (VVAR3): +6,02%
Apenas duas ações do Ibovespa fecharam em baixa hoje: Cielo ON (CIEL3), com queda de 1,52%, e Carrefour Brasil ON (CRFB3), com perda de 0,45%
Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?
Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram
Mexendo o esqueleto: B3 inclui Smart Fit (SMFT3) e Direcional (DIRR3) na última prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre; veja quem sai para dar lugar a elas
Se nada mudar radicalmente nos próximos dias, as duas ações estrearão no Ibovespa em 5 de maio
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa
Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos
Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho
Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Azul (AZUL4) chega a cair mais de 10% (de novo) e lidera perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (28)
O movimento de baixa ganhou força após a divulgação, na última semana, de uma oferta pública primária
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
Ibovespa: Dois gatilhos podem impulsionar alta da bolsa brasileira no segundo semestre; veja quais são
Se nos primeiros quatro meses do ano o Ibovespa tem atravessado a turbulência dos mercados globais em alta, o segundo semestre pode ser ainda melhor, na visão estrategista-chefe da Empiricus
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso
A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.