O decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 7 de maio, flexibilizando o acesso de civis ao porte de armas, pode ter facilitado a compra de armamento ideal para uso militar, como o fuzil T4 da Taurus, pela população. Pelo menos é o que diz a fabricante de armas brasileiras, que já tem uma fila de espera de 2 mil clientes para o produto.
A declaração teve impacto nos papéis da empresa na Bolsa, e dispararam na abertura do mercado. Por volta das 10h40, as ações preferenciais da empresa (FJTA4) subiam 10,23%, enquanto os papéis ON (FJTA3) apresentavam alta de 10,54%. No Twitter, a fabricante de armas entrou para os Trending Topics da rede, se tornando um dos assuntos mais comentados da manhã desta terça-feira (21), com quase 50 mil menções.
O fuzil T4 é um semiautomático de calibre 5,56 e, de acordo com a TV Globo, a empresa só espera que a medida comece a valer para atender os seus clientes. A expectativa da companhia é que consiga supria a demanda em até três dias. No site da empresa, o armamento está listado como "ideal para o uso militar e policial".
Procurado pela equipe do jornal O Estado de São Paulo, a Casa Civil, do Palácio do Planalto, informou que a informação dada pela fabricante de armas não procede, já que o decreto não enquadra armamento de uso restrito, como seria o caso do fuzil T4 .
Mas segundo a Taurus, a energia cinética do fuzil é de 1.320 joules, inferior ao permitido pelo decreto do presidente. A medida aumenta o limite de energia cinética das armas para 1.620 joules .
Além disso, o decreto também liberou o uso de armas e armamentos antes restritos a militares e membros das Forças Armadas para civis. O texto também permite que 19 categorias tenham acesso facilitado para portar armas.