NuConta e CDB não servem para investir a reserva de emergência?
Apesar de terem as características necessárias para serem utilizados como reserva de emergência, eu não indiquei esses dois produtos para esta finalidade; entenda por que e também como eles podem ser bem utilizados

Em outra matéria aqui do Seu Dinheiro, eu falei sobre os melhores investimentos para você deixar a sua reserva de emergência. Caso você tenha lido a reportagem (se não leu, sugiro que leia), talvez tenha estranhado a ausência de duas aplicações financeiras na lista: a NuConta (ou outras contas de pagamento similares) e os CDB de bancos médios.
É comum que leitores me perguntem sobre utilizar a NuConta ou um CDB de liquidez diária e que pague 100% do CDI como reserva de emergência.
Afinal, essas duas aplicações atendem a vários dos pré-requisitos de um bom investimento para a reserva de emergência - em certos aspectos, são até melhores do que as que eu indiquei na matéria anterior. Além de, é claro, serem mais vantajosas que a caderneta de poupança em qualquer prazo.
Ambas constituem investimentos de renda fixa de baixo risco, sem taxa de administração, com alta liquidez e rentabilidade diária de exatamente 100% do CDI. O investidor só precisa pagar o IR pela tabela regressiva e, no caso de aplicações inferiores a 30 dias, também o IOF.
Mas, então, por que NuConta e CDB não estão na minha lista de recomendações? A seguir, eu vou falar um pouquinho de cada um desses instrumentos, responder a esta pergunta e dizer para que finalidade eles podem se destinar.
CDB
Bancos de porte médio que investiram pesado em tecnologia costumam oferecer Certificados de Depósito Bancário (CDB) de emissão própria com liquidez diária e remuneração também diária de 100% do CDI.
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Como os CDB são protegidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) - a mesma garantia da poupança - eles acabam sendo sugeridos como opções para a reserva de emergência pelos bancos que os emitem. É o caso, por exemplo, do Banco Inter e do Sofisa Direto.
NuConta e outras contas de pagamento remuneradas
Já as contas de pagamento remuneradas garantem, ao cliente, um retorno diário de 100% do CDI, sem a cobrança de qualquer taxa a não ser a tributação. É o caso da NuConta e da conta digital do PagBank, da Pagseguro.
Diferentemente do que ocorre com as contas-correntes dos bancos, nas contas de pagamento os recursos dos clientes não se misturam ao patrimônio da instituição financeira que as oferece, ficando completamente protegidos de um eventual calote.
Assim, essas contas são bem seguras do ponto de vista de risco de crédito. No caso da NuConta e do PagBank, os recursos ainda ficam investidos em Tesouro Selic, estando expostos apenas ao risco do governo federal.
Assim, não há cobertura do FGC, mas ela nem é necessária, já que os recursos não permanecem na instituição.
E como o investimento é feito via Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), também não há cobrança de taxa de custódia, como ocorre no Tesouro Direto.
Ou seja, na prática, é mais eficaz investir em Tesouro Selic por uma conta dessas do que pelo Tesouro Direto ou por um fundo Tesouro Selic. Não há taxa de custódia, nem spread, e o rendimento de 100% do CDI é garantido pela instituição mantenedora da conta.
Inclusive eu já mostrei aqui no Seu Dinheiro que a NuConta rende mesmo 100% do CDI.
Alternativamente, o cliente da NuConta pode investir seus recursos em um Recibo de Depósito Bancário (RDB) de emissão da financeira do Nubank, sem taxas, com retorno de 100% do CDI e liquidez diária, assim como a NuConta tradicional.
O RDB é um título semelhante ao CDB e conta com a mesma cobertura do FGC (nesta outra matéria, eu falo mais sobre o funcionamento dos RDB). Porém, eu também já falei aqui sobre por que não vejo vantagem em trocar a NuConta tradicional pelo RDB do Nubank.
Mas se esses investimentos são tão interessantes, por que não usá-los para reserva de emergência?
No caso dos CDB e RDB, é bom manter em mente que, mesmo com a proteção do FGC, ainda existe o risco da instituição financeira. E o risco de um banco médio ou uma fintech é maior que o dos títulos públicos.
Caso a instituição venha a quebrar, vai levar alguns dias ou semanas até o FGC devolver o dinheiro aos clientes. Por sinal, não há prazo definido para o pagamento ocorrer, isso varia de caso a caso. E, nesse meio tempo, não há rentabilidade.
Imagina se o banco quebra e toda a sua reserva de emergência está aplicada num CDB emitido por ele. Agora imagina se, enquanto espera o FGC pagar, você precisa do dinheiro. Tensão desnecessária, certo? Isso vai contra o princípio da reserva de emergência.
Tudo bem, pode ser que o banco, apesar do porte médio, seja financeiramente muito saudável. Mas entre CDB e Tesouro Selic, o título público ainda vence no quesito risco de crédito. E, para a reserva de emergência, a questão do risco se sobrepõe à da rentabilidade, ainda mais considerando que, se houver diferença de retorno entre os ativos, ela será mínima.
A mesma lógica se aplica às contas de pagamento, mas desta vez não sob o ponto de vista do risco de crédito.
Não se trata de esperar pelo FGC, porque isso não será sequer necessário, já que os recursos estão separados da instituição.
E no caso das contas em que o dinheiro fica aplicado em títulos públicos, o risco é apenas o do governo federal, e o rendimento não deve cessar em caso de quebra da instituição mantenedora da conta.
A questão aqui é que, se a instituição financeira quebrar, é possível que as contas fiquem congeladas e que leve algum tempo até que possam ser movimentadas novamente. Mais uma vez, não há prazo certo, cada caso é um caso. E se o investidor tiver uma emergência justamente nessa hora?
Então, veja: essas situações podem até ser improváveis, dependendo da instituição financeira. Mas não são impossíveis. E, sob esse ponto de vista, o investimento em Tesouro Selic, diretamente ou via fundos, ainda ganha.
Como utilizar esses investimentos
Eu, pessoalmente, acho esse tipo de investimento interessante para manter apenas uma parcela da reserva de emergência.
Afinal, eles são muito práticos. Se você já é, por exemplo, cliente do Banco Inter ou do Nubank, deixar algum dinheiro à mão no CDB com liquidez diária do Inter ou na NuConta faz sentido.
Eu só não faria isso se utilizasse o banco em questão como banco principal. No caso da reserva de emergência, eu prefiro mantê-la separada da conta onde eu recebo meu salário e que uso para fazer os pagamentos do dia a dia, para não acabar perdendo o controle.
Esses investimentos também são interessantes para objetivos de curto prazo e com data marcada para acontecer, ou ainda para deixar aquela “reserva em caixa para futuras oportunidades”.
Às vezes é bom ter algum dinheiro numa aplicação conservadora e fácil de resgatar para quando surgir alguma boa oportunidade de investimento, desde que já tenhamos a reserva de emergência recheada.
Como eu invisto a minha reserva de emergência
Vou agora recapitular como eu invisto a minha reserva de emergência (já falei disso na matéria anterior), acrescentando a NuConta.
Eu divido a minha reserva de emergência entre um fundo DI barato e o fundo Tesouro Selic do BTG Pactual Digital. E a NuConta eu uso justamente como a “reserva de caixa para oportunidades”, pela facilidade de utilizá-la.
Minha reserva de emergência já está completa (veja quanto dinheiro deixar na reserva de emergência), então todo mês eu transfiro para a NuConta o percentual da minha renda que eu gosto de guardar. A poupança é a primeira coisa que sai da minha conta, assim que o meu salário cai na conta.
Não deixo praticamente nada na conta-corrente do meu banco principal (só alguma coisinha caso eu precise sacar) e concentro todos os meus gastos no cartão de crédito para acumular pontos (mas é claro que sempre pago a fatura integralmente e em dia). Praticamente não uso dinheiro vivo no dia a dia.
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