Por ora, a notícia do dia no campo econômico é uma só e não é boa: “Maia ameaça deixar articulação política da Previdência”, do jornal “O Estado de S.Paulo”. Mais uma vez o pivô do desgaste é o filho do presidente, Carlos Bolsonaro, e seus tuítes de ataques a Maia após desentendimento dele com o ministro da Justiça Sérgio Moro, sobre a tramitação das metidas de combate à corrupção.
Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi um apoiador de primeira hora das reformas, chamando para si a responsabilidade de tocar o projeto quando ele chegasse à Câmara e se engajando, também na importante batalha da comunicação, buscando esclarecer o texto e minar a atuação de corporações contrárias à reforma.
Essa não é a primeira vez que o presidente da Câmara faz um alerta ao governo, que por vezes parece sem foco em suas prioridades. No fim de fevereiro, em entrevista ao “Valor Econômico” e em evento na “Folha de S.Paulo”, Maia disse que o governo vinha perdendo a batalha da comunicação e fez um apelo para que o presidente e seus apoiadores usassem, justamente, as redes sociais para defender a reforma.
Mas agora há uma mudança de tom, “nada boa”, segundo um amigo com trânsito no Congresso, do principal articulador do tema no Congresso. “Eu sou a boa política, e não a velha política. Mas se acham que sou a velha, estou fora”, nos relata do “O Estado de S.Paulo”.
Com essa postura, Maia volta não a pedir, mas a “gritar”, por assim dizer, para que Bolsonaro assuma seu papel de presidente na condução de reforma e que seus filhos parem de atacar aliados.
A impressão é de que nas redes sociais e nas suas lives do “Facebook”, Bolsonaro e família tentam manter sua militância mais fiel engajada. Mas esquecem que o período de campanha já acabou e que há um governo para conduzir.
Fazer política é também fazer gestos e isso não tem nada a ver como velha ou nova política. É possível e importante falar com “as bases”, o PT sempre foi mestre em fazer isso, mas não precisa atacar aliados.
Ter o presidente da Câmara como inimigo não é bom negócio para nenhum governo, ainda mais um governo que ainda não conseguiu encontrar uma forma de “fazer política” e é fustigado até mesmo pelo seu partido.
Agora, é aguardar o "corpo de bombeiros" entrar em campo e algum gesto de Bolsonaro, mesmo que lá do Chile.