Guerra comercial domina as atenções e Ibovespa acumula queda de 1,82% na semana
A semana foi marcada pela escalada nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Nesse contexto, as bolsas americanas passaram por uma forte correção — e arrastaram o Ibovespa para baixo
Estados Unidos e China trocaram tiros nesta semana. E os mercados ficaram no meio da linha de fogo.
Basta ver o saldo das bolsas de Nova York: desde segunda-feira, o Dow Jones acumulou queda de 2,11%, o S&P 500 recuou 2,18% e o Nasdaq teve perda de 3,03%. Nesse contexto, o Ibovespa não passou impune teve baixa de 1,82% na semana.
E isso porque a retomada da guerra comercial pegou os mercados de surpresa. Afinal, as negociações entre os governos americano e chinês vinham evoluindo de maneira relativamente tranquila — e, embora um acerto definitivo estivesse encontrando empecilhos, a retórica agressiva parecia ter sido abandonada por ambas as partes.
Parecia.
Tudo mudou no último fim de semana, quando o presidente americano, Donald Trump, foi ao Twitter para reclamar de "injustiças" no comércio mundial, ameaçando elevar as tarifas de importação incidentes sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses, de 10% para 25%, já nesta sexta-feira (10).
O que inicialmente foi entendido como uma bravata logo ganhou dimensões maiores, quando o governo americano confirmou os planos divulgados pelo presidente. O governo chinês reagiu, dizendo que a medida seria prontamente retaliada — e os nervos do mercado ficaram à flor da pele.
Leia Também
A última dança de Warren Buffett: 'Oráculo de Omaha' vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Afinal, uma guerra comercial mais ampla tende a desaquecer ainda mais a atividade global, podendo gerar desdobramentos nos mais diferentes setores da economia. É bom lembrar que a China e os Estados Unidos têm papéis fundamentais no comércio internacional, e as disputas podem gerar distorções difíceis de serem mensuradas.
O clima piorou ainda mais nesta manhã, quando Trump voltou ao Twitter para dizer que "não tem pressa" nas negociações com o país asiático, e que um processo para sobretaxar mais US$ 325 bilhões em produtos chineses já estava em andamento.
"De certa forma, a alta nas tarifas nesta sexta-feira já tinha sido precificada, o mercado já trabalhava com esse cenário. O ponto principal é que o Trump ameaçou que pode tarifar mais", diz Rafael Passos, analista da Guide Investimentos. "A guerra comercial segue mexendo com os mercados lá fora e traz um impacto negativo ao Ibovespa".
Vale lembrar, ainda, que as bolsas americanas estavam em suas máximas históricas no fim de abril. Assim, com a escalada nas tesões comerciais, os mercados não hesitaram em realizar os lucros e promover um movimento de correção mais acentuado.
Morde e assopra
As bolsas de Nova York, contudo, tiveram um momento de alívio nesta tarde, reagindo a declarações mais amenas dadas por autoridades americanas. Desde ontem, uma delegação chinesa está em Washington, dando continuidade às negociações comerciais entre os países — mas, em meio à tensão, a expectativa de um desfecho amigável era baixa.
No início da tarde, o secretário do Tesouro dos EUA, Steve Mnuchin, afirmou que as conversas entre os governos americano e chinês nesta sexta-feira foram "construtivas". E, pouco antes do fechamento, Trump disse — novamente via Twitter — que as duas potências tiveram conversas "amistosas", e que sua relação com o presidente da China, Xi Jinping, permanece "muito forte".
"As conversas continuarão no futuro. No meio tempo, os Estados Unidos impuseram tarifas à China, que podem ou não ser removidas dependendo do que acontecerá em relação às negociações daqui para frente", escreveu Trump.
Com isso, as bolsas americanas se recuperaram e, após chegarem a cair mais de 1% durante a manhã, conseguiram fechar no campo positivo: o Dow Jones subiu 0,44%, o S&P 500 teve alta de 0,37% e o Nasdaq avançou 0,08%.
Quer entender melhor como a guera comercial afeta seus investimentos? A repórter Julia Wiltgen te explica:
E o Ibovespa?
Por aqui, o principal índice da bolsa brasileira fechou em queda de 0,58%, aos 94.257,56 pontos — longe das mínimas do dia, quando chegou a tocar os 93.234,12 pontos (-1,66%). Na semana, as perdas somaram 1,82% e, em maio, já chegam a 2,18%.
O desempenho da bolsa brasileira foi menos negativo que o visto em Nova York porque fatores locais deram alguma sustentação aos ativos por aqui. Nesta semana, tiveram início as discussões da comissão especial da Câmara a respeito da reforma da Previdência — e, além disso, sinais de avanço na articulação política agradaram o mercado.
Dólar e juros
O dólar à vista também sentiu os efeitos da tensão global. Hoje, fechou em queda de 0,17%, aos R$ 3,9453, mas, no acumulado da semana, teve alta de 0,16%. Com isso, a moeda americana chegou ao décimo sétimo pregão acima do nível de R$ 3,90.
As curvas de juros, por outro lado, tiveram uma semana tranquila, em meio à postura "paciente" do Copom em relação à Selic — a autoridade monetária manteve a taxa em 6,5% ao ano.
E, hoje, um novo fator manteve os DIs em baixa: a inflação medida pelo IPCA fechou abril em alta de 0,57%, abaixo da mediana das estimativas de analistas consultados pelo Broadcast, que apontava para 0,63%.
Com a inflação ficando abaixo das projeções, parte do mercado começa a apostar em eventuais cortes na Selic no futuro. Assim, os DIs para janeiro de 2020 ficaram estáveis em 6,40%, e os com vencimento em janeiro de 2021 recuaram de 6,93% para 6,89%.
Na ponta longa, as curvas para janeiro de 2023 tiveram queda de 8,06% para 8,00%, enquanto as com vencimento em janeiro de 2025 foram de 8,58% para 8,53%.
Prejuízo na Vale
Diversas empresas do Ibovespa reportaram seus números trimestrais desde a noite de ontem — e, hoje, o mercado repercutiu esses dados.
Entre os destaques nesse front, destaque para a Vale, que reportou prejuízo líquido de US$ 1,642 bilhão, revertendo o ganho de US$ 1,590 bilhão apurado no mesmo período do ano passado.
A mineradora ainda estima que as despesas relacionadas a Brumadinho cheguem a US$ 4,504 bilhões. Os papéis ON da Vale (VALE3) passaram a primeira metade do pregão oscilando perto da estabilidade, mas ganharam força durante a tarde e fecharam em alta de 1,9% — o minério de ferro teve alta de 1,95% na China, o que ajudou a compensar eventuais reações negativas ao balanço.
Em relatório, os analistas Fernando Bresciani e Pedro Galdi, da corretora Mirae Asset, ressaltam que a Vale contabilizou grande parte do acidente, mas não tudo, já que novos desdobramentos e processos irão surgir ao longo do tempo. Eles ainda destacam a elevação no endividamento da empresa, chegando a US$ 12 bilhões em março.
"Seguimos com recomendação de compra para as ações ON da Vale, deixando claro que os efeitos do acidente irão contaminar a linha final de seu DRE no ano, mas o resultado operacional ainda virá muito forte", escrevem.
Suzano sob pressão
As ações ON da Suzano (SUZB3) caíram 8,72% e tiveram a maior queda do Ibovespa hoje, com o mercado reagindo mal ao prejuízo líquido de R$ 1,229 bilhão apurado no primeiro trimestre deste ano, ante lucro de R$ 1,428 bilhão nos três primeiros meses de 2018.
Em relatório, o Itaú BBA afirma que a Suzano entregou números "relativamente fracos" no trimestre, mas que ficaram em linha com as projeções feitas pelo banco. "Houve um novo aumento significativo nos estoques, mas reduções na produção podem ajudar a solucionar essa questão".
B2W despenca
Os papéis ON da B2W (BTOW3) também apareceram entre as maiores as perdas do Ibovespa, em queda de 6,50%. A empresa registrou prejuízo líquido de R$ 139,2 milhões no primeiro trimestre deste ano, cifra 19,1% maior que a perda contabilizada no mesmo intervalo de 2018.
Para o Safra, os resultados da B2W foram fracos, com o GMV vindo 4% abaixo do esperado e o prejuízo líquido ficando 14% maior que as projeções do banco.
Educação no azul
As empresas do setor de educação tiveram um dia positivo, com os balanços da Estácio e da Ser Educacional sendo bem recebidos pelo mercado e aumentando as expectativas em relação aos resultados da Kroton, que serão divulgados na próxima quarta-feira (15).
E, em meio ao otimismo do mercado com o setor, os papéis ON da Kroton (KROT3) lideraram os ganhos do Ibovespa hoje, fechando em alta de 5,1% — Estácio ON (ESTC3) subiu 2,11%. Fora do índice, Ser Educacional ON (SEER3) teve ganho de 5,09%.
Balanços e mais balanços
Além das empresas citadas acima, outras nove companhias que integram o Ibovespa reportaram seus números trimestrais desde o fechamento de quinta-feira. Você pode conferir um resumo dos principais resultados divulgados recentemente nesta matéria especial do Seu Dinheiro.
Veja como fecharam as ações das demais empresas do índice que reportaram seus balanços recentemente:
- B3 ON (B3SA3): -2,77%
- BR Malls ON (BRML3): -0,41%
- BRF ON (BRFS3): -2,77%
- CVC ON (CVCB3): -8,58%
- Cyrela ON (CYRE3): -0,58%
- Lojas Americanas PN (LAME4): -3,75%
- Qualicorp ON (QUAL3): +0,39%
- Rumo ON (RAIL3): -0,40%
- Sabesp ON (SBSP3) -4,18%
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
