A Bula da Semana: A tensão em Jackson Hole
Tradicional encontro de banqueiros centrais na bucólica cidade no Wyoming (EUA) concentra atenção do mercado financeiro, gerando apreensão nos negócios
Os presidentes dos principais bancos centrais do mundo reúnem-se no fim desta semana na bucólica cidade de Jackson Hole, no Wyoming (EUA). O tradicional encontro anual ganha mais relevância neste ano, por causa das incertezas econômicas e da capacidade de ação dos BCs para amortecer o impacto da guerra comercial na atividade global.
O destaque fica com o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na sexta-feira, quando falará sobre os desafios da política monetária. A expectativa é de que Jay dê sinais claros sobre os próximos passos na condução da taxa de juros norte-americana, após promover um “ajuste de meio de ciclo”, em julho.
O mercado espera que ele confirme uma nova queda em setembro - a segunda neste ano - seguindo adiante com os cortes de juros, de modo a proteger os Estados Unidos da desaceleração econômica mundial. Com isso, Jay deve tratar das questões comerciais em torno dos EUA, dando pistas sobre o plano de voo do Fed, além de falar da pressão externa vinda do presidente norte-americano, Donald Trump.
É válido lembrar que o evento anual ganhou importância desde a crise de 2008. O simpósio ficou conhecido como o lugar de anúncio de grandes mudanças dos BCs, após o ex-presidente do Fed Ben Bernanke anunciar a segunda rodada do programa de afrouxamento quantitativo, o chamado QE2, em 2010.
Por isso, o radar do mercado financeiro deve ficar concentrado em Jackson Hole. O temor dos investidores é de que Powell mostre baixa sensibilidade ao surto de volatilidade visto entre os ativos de risco na semana passada, ao mesmo tempo em que a curva de juros norte-americana ficou ainda mais achatada, e não chancele o tão esperado corte de juros na próxima reunião do Fed, ou indique o que fará depois de setembro, piorando o sentimento nos negócios globais.
Se saber se o tom predominante do simpósio neste ano será mais suave (“dovish”) ou duro (“hawhkish”), os investidores também estarão atentos aos indicadores econômicos, com destaque para os dados preliminares sobre a atividade em agosto nos EUA e na zona do euro e para as atas das reuniões de julho do Fed e do BC europeu (BCE), quando ambos frustraram as expectativas.
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Reféns
A tensão em torno de Jackson Hole tende a gerar apreensão no mercado global ao longo dos próximos dias, com o ambiente lá fora influenciado ainda mais os negócios locais. Aliás, será importante observar o comportamento do dólar em meio à mudança de atuação do Banco Central nesta semana, com a oferta de dólares no mercado à vista pela primeira vez desde 2009.
Os leilões da autoridade monetária, que começam na quarta-feira e serão concomitantes à operações no mercado futuro, não tiveram uma visão consensual. Enquanto muitos criticaram o timing da decisão, anunciada após a eclosão da crise na Argentina, a atuação do BC também suscitou debates sobre o possível efeito da alta do dólar no rumo da Selic.
A percepção foi de que o BC mostrou certo desconforto com o dólar acima de R$ 4,00, precisando agir para defender a moeda brasileira. Só assim cortes adicionais nos juros básicos poderiam continuar fazendo sentido. Afinal, por mais que o “novo” patamar do câmbio ainda não seja inflacionário, a queda da Selic rumo a novos pisos históricos, em 5%, conspira contra o real.
Ainda mais, considerando-se a baixa atratividade no diferencial de juros pago pelo Brasil em relação às taxas praticadas em outros países emergentes. Esse retorno pouco atraente tem sido um dos motivos para a saída de recursos estrangeiros do país - evidenciado, principalmente, pelas sucessivas retiradas na Bolsa brasileira, com os investidores locais e institucionais dando saída para os “gringos”.
Aliás, o saldo de capital externo na renda variável está negativo em torno de R$ 8,5 bilhões apenas na primeira metade deste mês. Se confirmado esse montante até o fim de agosto, será o maior déficit em recursos estrangeiros neste ano e na história da Bolsa, superando a retirada em maio de 2018, quando registrou o recorde de -R$ 8,4 bilhões.
O fato é que o Brasil não tem recebido entrada de capital externo - nem na Bolsa nem na renda fixa. Desde o início do ano, o país contabiliza saída líquida de quase US$ 15 bilhões, pela via financeira, o que, na prática, aumenta a demanda por dólar no mercado à vista. Ao mesmo tempo, isso reduz a busca por instrumentos de proteção (hedge) no mercado futuro.
Daí, então, a necessidade de o BC ofertar dólar em espécie, vendendo recursos das reservas internacionais. O problema é que se a volatilidade nos mercados globais continuar e os sinais de desaceleração - quiçá, recessão - da economia global ganharem força, os players podem ir para cima do BC, querendo uma fatia maior dos quase US$ 390 bilhões do “colchão” de liquidez do Brasil.
Confira a seguir os principais destaques desta semana, dia a dia:
Segunda-feira: A semana começa com o relatório de mercado Focus (8h30) e traz também a segunda estimativa do IGP-M em agosto (8h). Sem data confirmada, são esperados os números sobre a arrecadação federal de impostos e a criação de emprego formal (Caged). No exterior, o dia traz apenas a inflação ao consumidor na zona do euro (CPI) em julho.
Terça-feira: O calendário mais fraco no Brasil e no exterior reserva apenas a prévia da FGV sobre a confiança da indústria neste mês.
Quarta-feira: A ata da reunião de julho do Fed concentra as atenções, com os investidores buscando no documento os motivos que levaram ao corte de 0,25 ponto percentual (pp) nos juros norte-americanas, bem como pistas sobre o que poderia justificar quedas adicionais. No Brasil, merece atenção os dados do BC sobre a entrada e saída de dólares do país.
Quinta-feira: Dados preliminares sobre a atividade nos setores industrial e de serviços na zona do euro e nos EUA concentram as atenções do dia. Ainda na região da moeda única, o Banco Central Europeu (BCE) publica a ata da reunião do mês passado, quando frustrou as expectativas e não cortou os juros. Já a agenda econômica doméstica, enfim, ganha força e traz a prévia de agosto do índice oficial de preços ao consumidor brasileiro (IPCA-15). Destaque também para o índice de confiança do consumidor neste mês.
Sexta-feira: O discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no simpósio anual de Jackson Hole é o grande destaque do dia. O evento continua até sábado. No calendário doméstico, também será conhecida a confiança do empresário no comércio em agosto.
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