Parece que houve uma mudança na estratégia de comunicação. Foi isso que um amigo disse depois de ver as atuações do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais em defesa da reforma da Previdência. A questão é se isso vai durar e gerar a mobilização esperada.
Depois de um longo silêncio nas redes, Bolsonaro usou sua conta no “Twitter” e uma live no “Facebook” para falar da importância da reforma, destacar que se busca acabar com privilégios e que apesar de o Parlamento ser soberano, não espera que o texto enviado ao Congresso seja muito desidratado.
Nesta sexta-feira, o presidente também já tuitou sobre o tema. Ele repassou a seus seguidores um vídeo do deputado federal Vinicius Poit, do partido Novo de São Paulo, no qual o deputado desmarcara algumas “fake news” sobre a reforma, como que a cobrança de dívidas resolveria o problema e que os mais pobres é que “pagariam o pato”. Poit também deixa claro que quem atua contra a reforma são os sindicatos e associações da elite do funcionalismo público. Poit agradeceu a publicação.
Em esclarecedores 4 minutos: possivelmente os 5 maiores equívocos contados sobre a Previdência. https://t.co/4hP3Vdxhv0
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 8, 2019
Os filhos do presidente também entraram em ação e usaram suas contas em defesa da reforma. O vereador Carlos falou em “cobrar firmemente o Congresso” para que as regras que extinguem privilégios não sejam mudadas. Em outro tuíte ele diz que “gostaria de ver outros políticos tendo o mesmo afinco, principalmente os eleitos exclusivamente graças ao Presidente Bolsonaro!” na defesa da proposta.
O deputado Federal Eduardo usou o Chile como exemplo, falando que o país fez sua reforma nos anos 1980 e viu redução de pobreza e aumento da renda per captada. Flávio não tuitou sobre o tema, mas na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), na semana passada, defendeu o texto.
A batalha da comunicação é ponto crucial na reforma, tanto que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) fala sobre o tema desde seus primeiros pronunciamentos. Foi dele que partiu um pedido para que Bolsonaro usasse sua capacidade de mobilização nas redes para vencer as mentiras que falam sobre a reforma.
As redes sociais foram uma alavanca importante na eleição do presidente. Mas as emoções afloradas por uma disputa eleitoral despertam com muito mais facilidade o ódio e o medo, sentimentos que foram instigados ao limite durante a campanha e têm grande capacidade de mobilização.
Mas com um tema como reforma da Previdência, que terá custos concentrados em alguns grupos, justamente aqueles com maior capacidade de mobilização, e benefícios difusos por toda a sociedade, fica mais difícil convencer as pessoas a brigar pela reforma até em mesa de bar.