Enquanto prestava atenção na Previdência, o Ibovespa levou um golpe da indústria dos EUA
O desempenho mais fraco que o esperado da indústria americana em setembro se sobrepôs à tramitação da Previdência no Senado, derrubando o Ibovespa
O Ibovespa passou os últimos dias se preparando para enfrentar um velho oponente nesta terça-feira (1): a tramitação da reforma da Previdência. Treinou bastante, aperfeiçoou as técnicas de defesa e fez de tudo para não ser pego de surpresa pelo adversário. Como resultado, subiu ao tatame cheio de confiança.
- Importante: Fausto Botelho, um dos maiores especialistas de análise gráfica do Brasil, está reunindo um grupo para ganhar ao lado dele. Você pode conseguir um lugar. Veja como aqui.
O plano era bastante claro: a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado daria sinal verde ao texto das novas regras da Previdência, abrindo espaço para que o projeto fosse votado em primeiro turno pelo plenário da Casa ainda hoje. Se tudo corresse conforme o planejado, o Ibovespa tinha tudo para sair com a vitória.
Mas o que o principal índice da bolsa brasileira não imaginava é que, antes da Previdência, um outro rival apareceria para confrontá-lo: um dado surpreendentemente fraco da economia americana. Pego despreparado, o Ibovespa não foi páreo para o novo oponente, sendo arremessado ao chão ainda durante a manhã. Um ippon.
Esse golpe perfeito aplicado pelo adversário estrangeiro mexeu com a moral da bolsa brasileira: por mais que o plano da Previdência tenha corrido de acordo com o script — pelo menos, até o fechamento do pregão —, o Ibovespa não conseguiu se recuperar, fechando o dia no campo negativo.
Logo após a abertura, o principal índice da bolsa brasileira chegou a subir 0,36%, aos 105.121,16 pontos. No entanto, o Ibovespa virou ao campo negativo depois da primeira hora de negociação, ficando por lá até o fim do dia: terminou em queda de 0,66%, aos 104.053,40 pontos — na mínima, bateu os 103.837,47 pontos (-0,87%).
O mercado acionário local acompanhou o movimento visto lá fora: nos Estados Unidos, o Dow Jones (-1,28%), o S&P 500 (-1,29%) e o Nasdaq (-1,13%) fecharam a sessão em baixa, depois de terem iniciado o dia em alta. Na Europa, as principais praças também encerraram o dia com perdas.
Leia Também
Sem defesa
O ippon ocorreu logo após a divulgação do índice de atividade industrial dos EUA: o indicador caiu de 49,1 em agosto para 47,8 em setembro, o nível mais baixo desde junho de 2009 — analistas ouvidos pelo Wall Street Journal projetavam uma expansão para 50,2.
O resultado decepcionante voltou a acender uma luz de alerta em relação ao estado da economia dos Estados Unidos e à possibilidade de a guerra comercial com a China estar afetando negativamente a atividade no país. Assim, as bolsas de Nova York mergulharam ao campo negativo, arrastando os demais mercados acionários globais.
Além do dado em si, outro fator contribuiu para trazer cautela aos investidores: o tom agressivo adotado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, ao comentar o fraco desempenho da indústria do país no mês passado — no Twitter, ele voltou a disparar contra o Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
As I predicted, Jay Powell and the Federal Reserve have allowed the Dollar to get so strong, especially relative to ALL other currencies, that our manufacturers are being negatively affected. Fed Rate too high. They are their own worst enemies, they don’t have a clue. Pathetic!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 1, 2019
"Como eu previ, Jay Powell e o Federal Reserve permitiram que o dólar ficasse tão forte, especialmente em relação às outras moedas, que nossa indústria está sendo negativamente afetada", escreveu Trump, voltando a afirmar que as taxas de juros do país estão muito altas. "Eles são seus piores inimigos, não fazem ideia [do que estão fazendo]. Patético".
O dado mais fraco da indústria americana também tirou força do dólar: a divisa, que ganhava terreno em escala mundial, perdeu intensidade ainda durante a manhã — o índice DXY, que mede o desempenho do dólar na comparação com as moedas fortes, virou para queda.
Movimento semelhante foi visto em relação às divisas de países emergentes: o dólar manteve-se em alta ante o peso mexicano, o rublo russo, o peso chileno e o rand sul-africano, mas em menor intensidade. Por aqui, o dólar à vista terminou o dia teve ganho de 0,16%, a R$ 4,1619 — na máxima, foi aos R$ 4,1847 (+0,71%).
"Esse dado mais fraco da indústria dos EUA levantou toda uma preocupação em relação à guerra comercial, à desaceleração da economia no mundo, ao impeachment do Trump... veio tudo como uma bola de neve", disse um operador, destacando que, nesse cenário, a luta com a Previdência ficou em segundo plano.
Troca de golpes
No cenário doméstico, os agentes financeiros continuaram acompanhando de perto o noticiário de Brasília. No início da tarde, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou o relatório da reforma da Previdência — agora, o texto será votado em primeiro turno no plenário da Casa.
Essa nova etapa deve ser iniciada ainda hoje e encerrada, no máximo, na quarta-feira (2). Em tese, essa rapidez abre caminho para que o texto seja aprovado em segundo turno até o dia 10, mas declarações de lideranças do Senado e do próprio presidente da Casa, Davi Alcolumbre, deram a entender que a tramitação pode enfrentar mais percalços.
Alguns senadores já ameaçaram parar o andamento da Previdência após a votação em primeiro turno no plenário, citando insatisfação com o risco de a divisão dos recursos do megaleilão do petróleo ser alterada na Câmara. O próprio Alcolumbre já deu a entender que, em meio ao imbróglio, a votação em segundo turno pode ser adiada até o dia 15.
A aprovação da reforma da Previdência é amplamente aguardada pelos agentes financeiros, uma vez que a revisão das regras da aposentadoria é vista pelo mercado como fator fundamental para sanar as contas públicas e criara as bases para que a economia brasileira volte a crescer.
Assim, eventuais atrasos na tramitação tendem a trazer pessimismo às negociações, gerando dúvidas quanto ao estado das relações entre governo e Congresso. Por outro lado, o avanço da pauta sem novos sobressaltos tende a trazer alívio às operações, podendo impulsionar o Ibovespa.
Ainda no front doméstico, destaque para a expansão de 0,8% da produção industrial brasileira em agosto ante julho, superando as expectativas dos analistas ouvidos pelo Broadcast, que projetavam um crescimento de 0,2%. No entanto, a decepção com a indústria americana acabou ofuscando qualquer otimismo em relação a esse resultado.
Luta empatada nos juros
A desaceleração do dólar à vista trouxe alívio às curvas de juros, que encerraram a sessão desta terça-feira próximos da estabilidade, tanto na ponta curta quanto na longa.
Os DIs com vencimento em janeiro de 2021, por exemplo, tiveram alta de 4,95% para 4,96%. Já as curvas para janeiro de 2023 recuaram de 6,05% para 6,04%, enquanto as com vencimento em janeiro de 2025 fecharam com baixa de 6,67% para 6,64%.
Os recordes voltaram: ouro é negociado acima de US$ 4.450 e prata sobe a US$ 69 pela 1ª vez na história. O que mexe com os metais?
No acumulado do ano, a valorização do ouro se aproxima de 70%, enquanto a alta prata está em 128%
LCIs e LCAs com juros mensais, 11 ações para dividendos em 2026 e mais: as mais lidas do Seu Dinheiro
Renda pingando na conta, dividendos no radar e até metas para correr mais: veja os assuntos que dominaram a atenção dos leitores do Seu Dinheiro nesta semana
R$ 40 bilhões em dividendos, JCP e bonificação: mais de 20 empresas anunciaram pagamentos na semana; veja a lista
Com receio da nova tributação de dividendos, empresas aceleraram anúncios de proventos e colocaram mais de R$ 40 bilhões na mesa em poucos dias
Musk vira primeira pessoa na história a valer US$ 700 bilhões — e esse nem foi o único recorde de fortuna que ele bateu na semana
O patrimônio do presidente da Tesla atingiu os US$ 700 bilhões depois de uma decisão da Suprema Corte de Delaware reestabelecer um pacote de remuneração de US$ 56 bilhões ao executivo
Maiores quedas e altas do Ibovespa na semana: com cenário eleitoral e Copom ‘jogando contra’, índice caiu 1,4%; confira os destaques
Com Copom firme e incertezas políticas no horizonte, investidores reduziram risco e pressionaram o Ibovespa; Brava (BRAV3) é maior alta, enquanto Direcional (DIRR3) lidera perdas
Nem o ‘Pacman de FIIs’, nem o faminto TRXF11, o fundo imobiliário que mais cresceu em 2025 foi outro gigante do mercado; confira o ranking
Na pesquisa, que foi realizada com base em dados patrimoniais divulgados pelos FIIs, o fundo vencedor é um dos maiores nomes do segmento de papel
De olho na alavancagem, FIIs da TRX negociam venda de nove imóveis por R$ 672 milhões; confira os detalhes da operação
Segundo comunicado divulgado ao mercado, os ativos estão locados para grandes redes do varejo alimentar
“Candidatura de Tarcísio não é projeto enterrado”: Ibovespa sobe e dólar fecha estável em R$ 5,5237
Declaração do presidente nacional do PP, e um dos líderes do Centrão, senador Ciro Nogueira (PI), ajuda a impulsionar os ganhos da bolsa brasileira nesta quinta-feira (18)
‘Se eleição for à direita, é bolsa a 200 mil pontos para mais’, diz Felipe Miranda, CEO da Empiricus
CEO da Empiricus Research fala em podcast sobre suas perspectivas para a bolsa de valores e potenciais candidatos à presidência para eleições do próximo ano.
Onde estão as melhores oportunidades no mercado de FIIs em 2026? Gestores respondem
Segundo um levantamento do BTG Pactual com 41 gestoras de FIIs, a expectativa é que o próximo ano seja ainda melhor para o mercado imobiliário
Chuva de dividendos ainda não acabou: mais de R$ 50 bilhões ainda devem pingar na conta em 2025
Mesmo após uma enxurrada de proventos desde outubro, analistas veem espaço para novos anúncios e pagamentos relevantes na bolsa brasileira
Corrida contra o imposto: Guararapes (GUAR3) anuncia R$ 1,488 bilhão em dividendos e JCP com venda de Midway Mall
A companhia anunciou que os recursos para o pagamento vêm da venda de sua subsidiária Midway Shopping Center para a Capitânia Capital S.A por R$ 1,61 bilhão
Ação que triplicou na bolsa ainda tem mais para dar? Para o Itaú BBA, sim. Gatilho pode estar próximo
Alta de 200% no ano, sensibilidade aos juros e foco em rentabilidade colocam a Movida (MOVI3) no radar, como aposta agressiva para capturar o início do ciclo de cortes da Selic
Flávio Bolsonaro presidente? Saiba por que o mercado acendeu o sinal amarelo para essa possibilidade
Rodrigo Glatt, sócio-fundador da GTI, falou no podcast Touros e Ursos desta semana sobre os temores dos agentes financeiros com a fragmentação da oposição frente à reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva
‘Flávio Day’ e eleições são só ruído; o que determina o rumo do Ibovespa em 2026 é o cenário global, diz estrategista do Itaú
Tendência global de queda do dólar favorece emergentes, e Brasil ainda deve contar com o bônus da queda na taxa de juros
Susto com cenário eleitoral é prova cabal de que o Ibovespa está em “um claro bull market”, segundo o Santander
Segundo os analistas do banco, a recuperação de boa parte das perdas com a notícia sobre a possível candidatura do senador é sinal de que surpresas negativas não são o suficiente para afugentar investidores
Estas 17 ações superaram os juros no governo Lula 3 — a principal delas entregou um retorno 20 vezes maior que o CDI
Com a taxa básica de juros subindo a 15% no terceiro mandato do presidente Lula, o CDI voltou a assumir o papel de principal referência de retorno
Alta de 140% no ano é pouco: esta ação está barata demais para ser ignorada — segundo o BTG, há espaço para bem mais
O banco atualizou a tese de investimentos para a companhia, reiterando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo para os papéis de R$ 14 para R$ 21,50
Queda brusca na B3: por que a Azul (AZUL4) despenca 22% hoje, mesmo com a aprovação do plano que reforça o caixa
As ações reagiram à aprovação judicial do plano de reorganização no Chapter 11, que essencialmente passa o controle da companhia para as mãos dos credores
Ibovespa acima dos 250 mil pontos em 2026: para o Safra é possível — e a eleição não é um grande problema
Na projeção mais otimista do banco, o Ibovespa pode superar os 250 mil pontos com aumento dos lucros das empresas, Selic caindo e cenário internacional ajudando. O cenário-base é de 198 mil pontos para o ano que vem
