Derrotado nas eleições presidenciais ainda no primeiro turno, o ex-governador Geraldo Alckmin anunciou que fará um "pit-stop" na carreira política. O tucano falou ao jornal Folha de S. Paulo, em entrevista publicada nesta segunda-feira, 3.
Alckmin ainda disse que o governo indiretamente atrapalha a reforma da Previdência. Para ele, o Executivo não tem agenda, a não ser voltar com a CPMF. "Temos 13,2 milhões de desempregados, cadê a agenda de produtividade? [...] Cadê a reforma tributária, fiscal?", disse ao jornal em determinado trecho da entrevista.
O ex-governador de São Paulo disse que "não tenho nada de pessoal contra ele [o presidente Jair Bolsonaro]", mas que vê o oportunismo de querer se estigmatizar as instituições. Para ele, a democracia brasileira já deu provas de muita resistência.
"A melhor forma de fortalecê-la é com reformas, e a reforma política é parte importante", disse o político, que defende o sistema distrital misto. "E, no futuro, o parlamentarismo".
Mas, para ele o parlamentarismo não é uma opção enquanto não for feita a reforma política. "A sorte é que o [Rodrigo] Maia [presidente da Câmara] defende as reformas", falou.
Bens bloqueados
Alckmin foi também questionado pela reportagem sobre seus bens, que foram bloqueados por decisão da Justiça, em investigação sobre repasses não declarados da Odebrecht para a campanha de 2014.
Ele falou que isso é natural da vida pública e que "às vezes, há, num primeiro momento, sentimento de injustiça, e para isso existe o Judiciário, para corrigir".
Apesar disso, afirmou que não existe cabimento de entrar com ação de improbidade. "Fui prefeito aos 24 anos. Hoje tenho 66, um apartamento de dois quartos e um sítio de cinco alqueires em Pindamonhangaba. Mais nada", disse ao jornal.
Ele lembrou que abriou mão da aposentadoria especial e disse que vive de R$ 5.000 do INSS. "Se há um cuidado que eu sempre tive é o ético. Agora, pode ter questionamento? Pode. É explicar".