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Olivia Bulla

Olivia Bulla

Olívia Bulla é jornalista, formada pela PUC Minas, e especialista em mercado financeiro e Economia, com mais de 10 anos de experiência e longa passagem pela Agência Estado/Broadcast. É mestre em Comunicação pela ECA-USP e tem conhecimento avançado em mandarim (chinês simplificado).

A Bula do Mercado

BCs embalam mercado, mas Irã pode atrapalhar ajuste

Volta do feriado nacional deve ser de ajuste positivo nos ativos locais, em meio à disposição dos bancos centrais em aumentar os estímulos monetários

Rali das commodities deve dar um fôlego extra, mas tensão entre EUA e Irã pode pesar

A sexta-feira espremida entre o feriado nacional e o fim de semana deve ser de ajuste positivo no mercado financeiro doméstico, após os principais bancos centrais entoarem um coro de que estão dispostos em aumentar os estímulos monetários, caso os riscos à economia global piorem. E os ativos de risco pelo mundo vibram com essa harmonia uníssona, com os investidores acreditando no poder de reação dos BCs.

Após o Federal Reserve adotar tal postura, o S&P 500 fechou no topo histórico ontem, colado aos 3 mil pontos, o que deve renovar o fôlego de alta do Ibovespa hoje. O rali das commodities, com o petróleo subindo mais de 5% na véspera diante da escalada da tensão entre Estados Unidos e Irã e o minério de ferro atingindo máxima histórica em Dalian, tende a levar a Bolsa brasileira além dos 100 mil pontos, conquistados na última quarta-feira.

O dólar, por sua vez, se enfraquece em relação às moedas rivais, negociado nos menores níveis do ano, após o Fed perder a “paciência” e abrir a porta para o início do ciclo de cortes na taxa de juros norte-americana já em julho. O movimento da moeda dos Estados Unidos acompanhou o derretimento dos bônus do país, com o rendimento (yield) do título de 10 anos (T-note) vindo abaixo de 2% pela primeira vez desde novembro de 2016.

O rali de ontem refletiu o otimismo dos investidores em relação à possibilidade de o Fed cortar os juros nos EUA, em resposta à perda de tração da economia global, que tem trazido preocupação sobre o lucro das empresas. Esse temor direcionou parte dos recursos para ativos seguros, como os títulos norte-americanos e o ouro, que está nas máximas em seis anos. A fraqueza do dólar também ajuda nesse movimento clássico de busca por proteção, dando contornos de apetite por risco, em um momento de incerteza global.

Irã pode atrapalhar

Nesta manhã, porém, a dinâmica rápida e acentuada de recuperação dos ativos mais arriscados perde força, em meio às suspeitas da Casa Branca sobre o abatimento de um drone militar dos EUA pelo Irã. O presidente Donald Trump teria autorizado um ataque militar contra Teerã, mas depois cancelou a ordem, com Washington ainda sem saber se a derrubada de um drone norte-americano em águas internacionais foi ou não intencional.

Mesmo assim, os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram na linha d’água, com pouco brilho para seguir em frente, após uma sessão de perdas na Ásia. Tóquio liderou a queda, com -1%, após dados fracos sobre a manufatura japonesa em meados deste mês. Hong Kong também caiu (-0,4%), à medida que manifestantes voltaram a se reunir em frente aos prédios do governo na ilha. Xangai teve alta de 0,5%.

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No Ocidente, as principais bolsas europeias se ajustam aos ganhos da véspera em Wall Street, quando a alta foi ao redor de 1%. Nos demais mercados, o petróleo segue no terreno positivo, com o barril do tipo WTI cotado acima de US$ 57, ao passo que a T-note de 10 anos oscila acima de 2%. Já o dólar segue mais fraco, com o euro e o iene ganhando terreno, enquanto o xará australiano tem leves perdas.

Alerta...

Ainda assim, a expectativa dos investidores é de que, no curto prazo, o ambiente favorável aos ativos de risco tende a prevalecer. Porém, o mercado financeiro parece se escorar, mais uma vez, na armadilha da liquidez, relegando os desafios latentes à dinâmica da atividade, que podem não se solucionar apenas com os bancos centrais fazendo “mais do mesmo” que se viu há cerca de 10 anos, para conter os efeitos da crise de 2008.

Há dúvidas se uma ação coordenada entre os BCs será capaz de alterar a rota da economia global, levando a um crescimento com vigor e de forma sustentável, em meio à guerra comercial e à necessidade de reformas e ajustes nos países emergentes. Tal disposição dos BCs tende apenas a disponibilizar mais recursos no sistema financeiro - e não em direção aos investimentos ou à oferta de crédito aos consumidores e empresas.

...de uma onda global

Mas não foi apenas o Fed que se mostrou disposto em mudar a rota da política monetária, rumo à injeção de “dinheiro fácil” nos mercados. Ontem, os BCs da Inglaterra (BoE) e do Japão (BoJ) se uniram ao tom suave (“dovish”) na fala dos presidentes Jerome Powell (Fed) e Mario Draghi, do BC da zona do euro (BCE), deixando a sensação de que uma onda global de afrouxamento monetário está se formando.

E o BC brasileiro não deve ficar de fora. No comunicado que acompanhou a decisão de manter a taxa Selic estável em 6,50% pela décima vez consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom) admitiu que houve uma “interrupção” do processo de recuperação da economia brasileira e avaliou que o cenário para a inflação evoluiu de maneira “favorável”, mas observou que o risco de eventual frustração com as reformas “é preponderante”.

Assim, caso as condições indicadas pelo Copom sejam atingidas nos próximos meses - a saber, a manutenção de um cenário benigno para a inflação e de um ambiente hostil ao crescimento combinada com o avanço da reforma da Previdência - parece haver espaço para uma queda total ao redor de 1 ponto porcentual (pp) no juro básico ainda neste ano, renovando o piso histórico da Selic em 5,50%.

Essa percepção tende a manter a retirada de prêmios dos juros futuros locais (DIs), seguindo o claro viés de achatamento (“flatenning”) das curvas de juros pelo mundo, que estão com taxas nominais cada vez mais baixas e até negativas. A grande dúvida é o que pode acontecer com o dólar por aqui. De um lado, a moeda norte-americana pode a vir abaixo da marca de R$ 3,80 já nesta sexta-feira, seguindo a fraqueza do dólar no mundo.

Por outro, a perda de atratividade no diferencial de juros (“carrego”) pago no Brasil em relação ao retorno dado por bônus em outros países mais arriscados tende a pressionar o dólar para cima. Ou seja, a trajetória cadente das taxas básicas de juros no mundo cria um ambiente mais desafiador e a abordagem dovish do Copom pode ser apenas uma desculpa para os investidores manterem posições de defesa (hedge), segurando o dólar em R$ 3,85.

Volume e agenda fracos

De qualquer forma, o volume de negócios no pregão brasileiro pode ser prejudicado hoje, com a pausa de ontem, por causa do feriado nacional, deixando muitos investidores ainda de fora da sessão. Além disso, a agenda econômica doméstica está esvaziada nesta sexta-feira, o que desloca as atenções para o calendário de divulgações no exterior.

Dados preliminares sobre a atividade nos setores industrial e de serviços na zona do euro e nos EUA em junho estão entre os destaques do dia. Também serão conhecidos números sobre o setor imobiliário norte-americano. Além disso, merecem atenção discursos de dirigentes do Fed, que podem avançar na mensagem deixada na última quarta-feira.

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