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Olivia Bulla

Olivia Bulla

Olívia Bulla é jornalista, formada pela PUC Minas, e especialista em mercado financeiro e Economia, com mais de 10 anos de experiência e longa passagem pela Agência Estado/Broadcast. É mestre em Comunicação pela ECA-USP e tem conhecimento avançado em mandarim (chinês simplificado).

Mercado entre guerra comercial e PIB

Olivia Bulla
Olivia Bulla
3 de dezembro de 2019
5:35 - atualizado às 6:20
Dados do PIB podem surpreender, após números animadores da atividade doméstica

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro trimestre deste ano (9h) é o destaque do dia, já que a agenda econômica está esvaziada no exterior, mantendo o foco na guerra comercial. Aqui, a expectativa é de que a economia brasileira volte a surpreender, enquanto lá fora a preocupação é com as investidas protecionistas de Donald Trump.    

Após comprar briga com Brasil e Argentina, restaurando a taxação sobre o aço e alumínio por causa da desvalorização das moedas desses países, o presidente norte-americano propôs elevar em até 100% as tarifas sobre US$ 2,4 bilhões em produtos franceses importados aos Estados Unidos e estuda fazer o mesmo com Áustria, Itália e Turquia. 

A medida da Casa Branca contra Paris é uma resposta à taxação na receita de empresas de setor de tecnologia, que atinge em cheio Google, Apple, Facebook e Amazon.com. E os mais recentes movimentos de Trump servem de lembrete aos investidores que o prazo para uma nova rodada de tarifas contra produtos chineses, no dia 15, está se aproximando.

Com a tensão comercial se espalhando e atingindo vários parceiros comerciais dos EUA, os mercados internacionais se retraem. A maioria das bolsas na Ásia fechou em queda, exceto Xangai, que subiu 0,3%, digerindo a notícia de que o governo chinês deve publicar uma “lista de entidades não confiáveis”, que podem ser alvo de sanções e restrições de visto.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores da China, a determinação do país de se opor à interferência externa é “inabalável”. A medida seria uma resposta aos movimentos do Congresso dos EUA por direitos humanos nas regiões de Hong Kong e Xinjiang e sinaliza que as negociações comerciais entre os dois países estão cada vez mais ameaçadas. 

Já no Ocidente, os índices futuros das bolsas de Nova York exibem ganhos moderados, em uma tentativa de Wall Street se recuperar da maior queda em oito semanas vista ontem. As bolsas europeias tentam acompanhar o sinal positivo, mas estão preocupadas com o arriscado jogo dos EUA de mostrar seu poder econômico com tarifas.    

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Entre as moedas, destaque para o dólar australiano, que sobe forte contra o xará norte-americano, após o Banco Central local (RBA) manter estável a taxa de juros do país, conforme esperado. A moeda dos EUA também perde terreno para as divisas europeias e o iene, enquanto o petróleo avança, à espera de cortes na produção pelos cartel da Opep.    

Atividade e inflação calibram juros aqui

Por aqui, a expectativa é de que a economia brasileira acelere o ritmo de expansão no terceiro trimestre deste ano, mas não se espera um resultado muito forte. A previsão é de alta de 0,5% em relação ao período anterior, enquanto na comparação anual, o crescimento de 1% apurado no segundo trimestre deve ser repetido nos três meses seguintes, entre julho e setembro.

De qualquer forma, os números oficiais do IBGE devem reforçar a recuperação em curso da economia doméstica, puxada pela produção nacional, os investimentos fixos (FBCF) e o consumo interno. Mais que isso, a abertura dos dados do PIB devem sugerir uma arrancada na reta final de 2019, com a liberação de recursos do FGTS e o desempenho do comércio na Black Friday impulsionando a atividade. 

E esses indícios de uma economia mais aquecida tende a encerrar o ciclo de cortes na taxa básica de juros antes do estimado, logo após a queda “já contratada” de meio ponto em dezembro. Ainda mais diante da resistência do dólar em afastar-se da faixa de R$ 4,20. Com isso, a Selic pararia em 4,50%, sem ajustes residuais no início do ano que vem.  

A recente valorização da moeda estrangeira somada ao acúmulo de pressão inflacionária vinda dos preços de proteínas e da conta de luz levantou dúvidas sobre cortes adicionais no juro básico. Até mesmo a queda neste mês foi colocada em xeque e ainda há incertezas sobre por quanto tempo o Banco Central consegue segurar a Selic estável. 

Os indicadores econômicos domésticos sobre a atividade e a inflação a serem conhecidos nesta semana tendem a calibrar essas apostas. Para tanto, merecem atenção também os números da indústria nacional em outubro, na quarta-feira, e o índice oficial de preços ao consumidor (IPCA), na sexta-feira. Mas hoje é dia de PIB!

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