🔴 +30 RECOMENDAÇÕES DE ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – VEJA AQUI

Um mercador e workaholic de 78 anos

A época em que mais trabalhei em minha vida foi durante o bull market de ações ocorrido no Brasil de 1969 a 1971. Eu chegava no escritório às seis da manhã (não podia ser antes pois o prédio só abria às seis) e saía tarde da noite.

4 de fevereiro de 2019
11:36 - atualizado às 9:58
Ivan Sant’Anna
Ivan Sant’Anna - Imagem: Divulgação

Caro leitor,

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

De vez em quando, um dos leitores de minhas newsletters escreve perguntando: “Como é que você tem disposição para o trabalho aos 78 anos de idade?”

Acho que posso dar uma resposta abrangente para todos que questionam isso: “Se não gostasse tanto de trabalhar, acho que não teria chegado aos 78. São trinta e sete anos de cigarros (parei em 1990) , toneis e mais toneis de Jack Daniel’s, diabetes, arritmia cardíaca, hipertensão arterial...”

Aos domingos, escrevo esta coluna Os Mercadores da Noite. Na segunda, terça e quarta-feira, a Warm Up PRO. Na quinta e na sexta, trabalho em uma ficção, ainda sem nome, ambientada no mercado financeiro do Brasil. No sábado, colaboro com o Trading Journal que sai às segundas.

Cada um desses escritos é precedido de uma série de pesquisas. Às vezes opto por temas atuais. Em outras, por assuntos não casuísticos, como o de hoje. Também leio. Leio muito. Ficções, não-ficções, biografias. Mais de 50 livros por ano, boa parte deles tijolaços.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Acontece que no mercado financeiro quase todo mundo é obcecado pelo trabalho. O dia é curto para a gente. Basta dar um pulo às dez horas da noite no escritório da Inversa, ou na trading desk de alguma instituição financeira. Vai encontrar gente trabalhando.

Leia Também

Às vezes, envio à meia-noite um texto para a Inversa. Sempre peço para que alguém acuse o recebimento. E não raro a resposta chega na hora:

“Recebido, Ivan. Bom trabalho. Estamos aqui programando o schedule da semana que vem.”

Tenho um amigo, Antonio Carlos de Andrade, que trabalhou comigo na corretora Fator e na financeira Decred no final dos anos 1960. Não é que ele me enviou um WhatsApp outro dia me “acusando” de ser workaholic desde aquela ocasião.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O bull market de 1969

A época em que mais trabalhei em minha vida foi durante o bull market de ações ocorrido no Brasil de 1969 a 1971. Eu chegava no escritório às seis da manhã (não podia ser antes pois o prédio só abria às seis) e saía tarde da noite.

Em maio de 1970, voltando para casa, desmaiei ao volante, no Aterro do Flamengo. Felizmente, antes, ao começar a me sentir tonto, deu para parar o carro. Depois, só fui abrir os olhos no setor de emergência de um hospital.

“Estafa, pura estafa, nada mais do que estafa”, diagnosticou o médico. Como tratamento, impôs um mês de férias. Fui então para o México, assistir à Copa do Mundo, achando que a Fator, da qual eu era sócio, diretor operacional e floor trader, iria falir sem a minha presença.

Não é que quando voltei, após o tricampeonato, os negócios haviam melhorado. Eu não era tão imprescindível assim.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quando o bull market terminou, no inverno de 1971, passei a trabalhar no open. Foi a época em que mais se lucrou no mercado e, ao mesmo tempo, se trabalhou menos. Entre 9 e meio-dia, se negociava dinheiro. De 16 às 17 horas, comprávamos e vendíamos papéis do Tesouro. E só.

Éramos conhecidos pejorativamente pelo colunista Zózimo Barrozo do Amaral como “gravatinhas”. Fortunas surgiram da noite para o dia.

Algumas prevalecem até hoje.

E como se esbanjava dinheiro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Pegar um avião na noite de sexta-feira para ver o Fluminense jogar um amistoso em Sevilha, na Espanha, ou assistir a um Grand Prix de Fórmula 1 em Johanesburgo, na África do Sul, sempre voando de primeira classe, era rotina em minha vida.

No meu caso, a esbórnia acabou no final da tarde de 11 de maio de 1977, quando o Banco Central decretou intervenção no Banco Independência. Paguei do meu bolso o prejuízo das pessoas que haviam comprado, da Fator, CDBs do banco.

Fiquei sem praticamente um centavo. Vivia do salário de minha primeira mulher.

Após um período sabático, ou sorumbático, que durou um ano, comecei a operar nos mercados internacionais de futuros e commodities. Atuava como broker e como trader. Só aceitava clientes altamente especulativos, gente que arriscava 100 ou 200 mil dólares para ganhar no mínimo um milhão.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para outros, ainda mais audaciosos, eu vendia o tempo. Explicando melhor: shorteava calls e puts, operação na qual o ganho é limitado e o prejuízo, infinito.

Não vou citar nomes (os caras podem não gostar), mas entre meus especuladores havia gente conhecida, muitos famosos até hoje.

Só larguei o mercado quando me apaixonei por duas pessoas, dois homens. Seus nomes: Julius Clarence e Clive Maugh. Quem leu o livro Os Mercadores da Noite sabe de quem estou falando. Por eles, troquei os números pelas letras.

Nunca mais tive moleza, como nos tempos do open, nem quis ter. Passei a achar ver televisão, ir ao cinema, almoçar ou jantar fora, dormir..., um desperdício de tempo. Essas atividades me davam sensação de culpa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A Os Mercadores... seguiram-se Rapina, Armadilha para Mkamba, Caixa-preta, Plano de ataque, 1929 e mais outros doze livros.

No início de 2017, comecei a trabalhar para a Inversa. Além desta coluna, não por coincidência chamada Os Mercadores da Noite, colaboro com o Trading Journal e escrevo artigos para a Warm Up PRO. Como se não bastasse, participo, sempre na Inversa, de cursos e aulas presenciais.

Em todas essas oportunidades procuro transmitir minhas experiências, falando sobre as grandes tacadas que dei e as tamancadas desmoralizantes que levei no lombo.

Este ano, a Inversa irá lançar um projeto inédito meu, e não reedições de livros como Os Mercadores da Noite e 1929. Só que, como já está concluído e entregue, estou trabalhando no próximo projeto. Depois emendarei com outro e ainda mais um outro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Talvez mais. Vai depender do coração, não no sentido sentimental, mas do comportamento da víscera (que era como o poeta João Cabral de Melo Neto o chamava). Nós, os mercadores do dinheiro, somos assim.

Como escreveram Ataulfo Alves e Mário Lago, em Ai que Saudades da Amélia, "...o que se há de fazer.”

(Esta coluna foi publicada na Inversa Publicações. Para acompanhar os conteúdos gratuitos do Ivan Sant'Anna na Inversa, entre aqui. Ele também escreve uma newsletter matinal chamada Warm Up Pro, para experimentar, acesse aqui.)

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
FECHAMENTO DOS MERCADOS

Do céu ao inferno: Ibovespa tem a maior queda desde 2021; dólar e juros disparam sob “efeito Flávio Bolsonaro”

5 de dezembro de 2025 - 16:44

Até então, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era cotado como o mais provável candidato da direita, na avaliação do mercado, embora ele ainda não tivesse anunciado a intenção de concorrer à presidência

CARTEIRA RECHEADA

Pequenas e poderosas: Itaú BBA escolhe as ações small cap com potencial de saltar até 50% para carteira de dezembro

5 de dezembro de 2025 - 10:07

A Plano & Plano (PLP3) tem espaço para subir até 50,6%; já a Tenda (TEND3) pode ter valorização de 45,7%

MERCADOS

Ibovespa sobe 1,65% e rompe os 164 mil pontos em forte sequência de recordes. Até onde o principal índice da bolsa pode chegar? 

4 de dezembro de 2025 - 19:00

A política monetária, com o início do ciclo de cortes da Selic, é um dos gatilhos para o Ibovespa manter o sprint em 2026, mas não é o único; calculamos até onde o índice pode chegar e explicamos o que o trouxe até aqui

ALÉM DAS NUVENS

Ibovespa vai dar um salto de 18% e atingir os 190 mil pontos com eleições e cortes na Selic, segundo o JP Morgan 

4 de dezembro de 2025 - 17:35

Os estrategistas reconhecem que o Brasil é um dos poucos mercados emergentes com um nível descontado em relação à média histórica e com o múltiplo de preço sobre lucro muito mais baixo do que os pares emergentes

BOLSOS CHEIOS

Empresas listadas já anunciaram R$ 68 bilhões em dividendos do quarto trimestre — e há muito mais por vir; BTG aposta em 8 nomes

4 de dezembro de 2025 - 12:15

Levantamento do banco mostra que 23 empresas já anunciaram valor ordinários e extraordinários antes da nova tributação

MEXENDO NA CARTEIRA

Pátria Malls (PMLL11) vai às compras, mas abre mão de parte de um shopping; entenda o impacto no bolso do cotista

4 de dezembro de 2025 - 10:24

Somando as duas transações, o fundo imobiliário deverá ficar com R$ 40,335 milhões em caixa

FII DO MÊS

BTLG11 é destronado, e outros sete FIIs disputam a liderança; confira o ranking dos fundos imobiliários favoritos para dezembro

4 de dezembro de 2025 - 6:02

Os oito bancos e corretoras consultados pelo Seu Dinheiro indicaram três fundos de papel, dois fundos imobiliários multiestratégia e dois FIIs de tijolo

FECHAMENTO DOS MERCADOS

A bolsa não vai parar: Ibovespa sobe 0,41% e renova recorde pelo 2º dia seguido; dólar cai a R$ 5,3133

3 de dezembro de 2025 - 19:05

Vale e Braskem brilham, enquanto em Nova York, a Microsoft e a Nvidia tropeçam e terminam a sessão com perdas

TOUROS E URSOS #250

Vai ter chuva de dividendos neste fim de ano? O que esperar das vacas leiteiras da bolsa diante da tributação dos proventos em 2026

3 de dezembro de 2025 - 18:33

Como o novo imposto deve impactar a distribuição de dividendos pelas empresas? O analista da Empiricus, Ruy Hungria, responde no episódio desta semana do Touros e Ursos

AÇÃO DO MÊS

Previsão de chuva de proventos: ação favorita para dezembro tem dividendos extraordinários no radar; confira o ranking completo

3 de dezembro de 2025 - 6:04

Na avaliação do Santander, que indicou o papel, a companhia será beneficiada pelas necessidades de capacidade energética do país

UMA AÇÃO PARA CARREGAR?

Por que o BTG acha que RD Saúde (RADL3) é uma das maiores histórias de sucesso do varejo brasileiro em 20 anos — e o que esperar para 2026

2 de dezembro de 2025 - 19:20

Para os analistas, a RADL3 é o “compounder perfeito”; entenda como expansão, tecnologia e medicamentos GLP-1 devem fortalecer a empresa nos próximos anos

PERSPECTIVAS 2026

A virada dos fundos de ações e multimercados vem aí: Fitch projeta retomada do apetite por renda variável no próximo ano

2 de dezembro de 2025 - 12:46

Após anos de volatilidade e resgates, a agência de risco projeta retomada gradual, impulsionada por juros mais favorável e ajustes regulatórios

CARTEIRA RECOMENDADA

As 10 melhores small caps para investir ainda em 2025, segundo o BTG

1 de dezembro de 2025 - 18:03

Enquanto o Ibovespa disparou 32% no ano até novembro, o índice Small Caps (SMLL) saltou 35,5% no mesmo período

AÇÕES NO TOPO

XP vê bolsa ir mais longe em 2026 e projeta Ibovespa aos 185 mil pontos — e cinco ações são escolhidas para navegar essa onda

1 de dezembro de 2025 - 15:00

Em meio à expectativa de queda da Selic e revisão de múltiplos das empresas, a corretora espera aumento do fluxo de investidores estrangeiros e locais

O INSACIÁVEL

A fome do TRXF11 ataca novamente: FII abocanha dois shoppings em BH por mais de R$ 257 milhões; confira os detalhes da operação

1 de dezembro de 2025 - 9:55

Segundo a gestora TRX, os imóveis estão localizados em polos consolidados da capital mineira, além de reunirem características fundamentais para o portfólio do FII

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Veja para onde vai a mordida do Leão, qual a perspectiva da Kinea para 2026 e o que mais move o mercado hoje

1 de dezembro de 2025 - 8:43

Profissionais liberais e empresários de pequenas e médias empresas que ganham dividendos podem pagar mais IR a partir do ano que vem; confira análise completa do mercado hoje

OS VERDADEIROS DUELOS

O “ano de Troia” dos mercados: por que 2026 pode redefinir investimentos no Brasil e nos EUA

1 de dezembro de 2025 - 6:01

De cortes de juros a risco fiscal, passando pela eleição brasileira: Kinea Investimentos revela os fatores que podem transformar o mercado no ano que vem

BALANÇO DO MÊS

Ibovespa dispara 6% em novembro e se encaminha para fechar o ano com retorno 10% maior do que a melhor renda fixa

28 de novembro de 2025 - 19:52

Novos recordes de preço foram registrados no mês, com as ações brasileiras na mira dos investidores estrangeiros

FECHAMENTO DOS MERCADOS

Ibovespa dispara para novo recorde e tem o melhor desempenho desde agosto de 2024; dólar cai a R$ 5,3348

28 de novembro de 2025 - 13:09

Petrobras, Itaú, Vale e a política monetária ditaram o ritmo dos negócios por aqui; lá fora, as bolsas subiram na volta do feriado nos EUA

OPERAÇÃO POÇO DE LOBATO

Ações de Raízen (RAIZ4), Vibra (VBBR3) e Ultrapar (UGPA3) saltam no Ibovespa com megaoperação contra fraudes em combustíveis

27 de novembro de 2025 - 14:48

Analistas avaliam que distribuidoras de combustíveis podem se beneficiar com o fim da informalidade no setor

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar