Não é novidade nenhuma que muitos investidores, durante as campanhas presidenciais, preferem esperar os resultados das urnas para tomar suas decisões sobre como e onde aplicar seu dinheiro. Mas as eleições de 2018, considerada uma das mais imprevisíveis desde a redemocratização, vieram com uma dose especial de cautela.
O CEO da BRF, Pedro Parente, é uma prova concreta desse compasso de espera. Nesta terça-feira, 2, ele afirmou que o cenário político indefinido no Brasil torna impossível fazer qualquer previsão sobre a nossa economia para 2019 e que o retorno ao crescimento econômico sustentado depende de uma questão fundamental: a confiança.
"Sem confiança é muito difícil a gente voltar a investir", Pedro Parente, CEO da BRF
Vale lembrar que Parente deixou o comando da Petrobras em maio deste ano, dias depois do fim da greve de caminhoneiros. A decisão ocorreu em meio a intervenção do governo na política de preços da petroleira, que foi implantada pelo executivo (e era um dos principais alvos da greve).
Nenhum dos extremos serve
De todo o discurso feito hoje pelo CEO da BRF em Ribeirão Preto (SP), a parte mais interessante é quando ele fala dos desafios que o novo presidente terá para conseguir de fato governar.
Parente deixou claro que o novo governo deverá patrocinar a mais profunda agenda econômica dos últimos trinta anos, além de conciliar, simultaneamente, ajuste e crescimento econômico.
Mas como fazer tudo isso?
Na resposta, o líder da BRF foi muito direto: diálogo e consenso. "Vai depender de como o novo líder vai se comunicar com a sociedade. O eleito terá de deixar para trás radicalismo e sectarismo. Sem convergência, não seremos capazes de fazer as reformas que precisamos".
Pensando na fala de Parente e, analisando o fortalecimento dos discursos extremistas nos candidatos ao Planalto, o sinal é de alerta para os cenários econômico e de investimentos em 2019.
A velha pauta das reformas
Parente é mais um dos fortes defensores da agenda de reformas fiscais. Além do alerta ao próximo governo, ele também disse que o problema fiscal brasileiro tem natureza estrutural, ou seja, está nas bases da economia.
Se nenhuma das reformas for feita (nem a da Previdência, nem a tributária), o líder da BRF considera outras três saídas: aumento de impostos, crescimento do alta no endividamento público ou mais inflação. Mas tudo tem um porém: "com aumento de impostos não vamos ver um ambiente mais propício à realização de negócios no Brasil e qualquer dessas três hipóteses é muito ruim para o País", exemplificou.
*Com Estadão Conteúdo.