Mesmo com o fim do auxílio emergencial e com as incertezas em relação à pandemia, os CEOs de BRF, JBS e Burger King Brasil permanecem otimistas com 2021 e os próximos anos.
Em conferência virtual do Credit Suisse - a Latin America Investment Conference (LAIC) - os presidentes executivos das três companhias de alimentos falaram um pouco sobre as transformações que seus respectivos setores passaram durante a pandemia de coronavírus e o que esperar daqui para frente.
Perguntados sobre as expectativas para este ano, levando em consideração o fim do auxílio emergencial, o que tende a impactar negativamente o consumo de proteína animal e alimentação fora de casa, todos os três se mostraram otimistas e ressaltaram a visão de longo prazo das suas respectivas companhias.
Lourival Luz, CEO da BRF, destacou que a população mundial continua crescendo e precisa continuar se alimentando, com “alimentos mais práticos e de qualidade”. O executivo disse estar otimista para o curto, médio e longo prazos.
“Mesmo sem auxílio emergencial, a população continuará se alimentando. Pode até trocar uma proteína mais cara por uma mais barata, comer mais em casa do que fora. Mas o setor é sólido, e ainda terá demanda e oportunidade de crescimento”, disse.
Ele destacou, ainda, que o plano de investimentos da companhia vai até 2030, o que evidencia a visão positiva para o setor.
Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS, também ressaltou a questão do investimento como evidência de que a companhia está construtiva para o futuro. Ele lembra que em 2019 a JBS anunciou investimentos da ordem de R$ 13 bilhões, sendo R$ 8 bilhões da empresa e R$ 5 bilhões dos produtores.
“A pandemia nos levou a acelerar os planos de crescimento. Nós andamos atrás da demanda nesse período todo”, disse Tomazoni, que lembrou ainda que as dificuldades para os negócios não ocorrem simultaneamente no mundo todo, então a visão global para o crescimento da companhia continua forte.
Já Iuri de Araujo Miranda, CEO do Burger King Brasil, lembrou que de fato a operação da empresa foi muito impactada pelo fechamento do comércio no ano passado, principalmente dos shopping centers, mas ressaltou que o ticket médio dos restaurantes das redes Burger King e Popeye’s permanece bastante competitivo.
“Temos um produto com a qualidade Burger King e Popeye’s para todos os momentos do bolso do consumidor, que pode variar até durante o mês”, disse Miranda.
Ele lembrou, ainda, que a rede não deixou de abrir restaurantes no ano passado, que o crescimento do delivery e das vendas em drive thru foi relevante, e que a marca Popeye’s, em apenas dois anos no Brasil, conseguiu se tornar tão conhecida quanto a marca BK em cinco ou seis anos.
“Junto com o desafio vem a oportunidade. Haverá uma consolidação normal do mercado. Infelizmente, nem todo mundo vai conseguir sobreviver a um momento como esse. E com duas marcas fortes e reconhecidas pelos consumidores, continuo vendo o potencial de crescimento que via antes de 2020”, disse Miranda.
Aumento de produtividade é a saída para pressão de custos
Os executivos admitiram que de fato a uma pressão de custos em seus setores devido ao aumento dos preços do boi, da soja e do milho.
Segundo Gilberto Tomazoni, da JBS, essas questões não são pontuais, mas sim estruturais, dado que hoje temos, por exemplo, um uso maior de soja e milho para a geração de energia mais sustentável, o que é uma tendência irreversível.
“Aí nós precisamos nos voltar à questão da criatividade, da inovação e do ganho de produtividade. Precisamos ser mais eficientes, entregar mais com menos, e trazer produtos que atendam aos desejos dos consumidores”, disse.
Lourival Luz, da BRF, também ressaltou a questão do aumento de produtividade e do investimento em inovação. “Existe uma busca contínua por eficiência e aprimoramento dos processos”, disse.
Iuri Miranda, do BK Brasil, brincou que “está contando com a produtividade e a eficiência” das empresas de proteína, mas também acrescentou que as apostas da companhia são os ganhos de escala e o investimento contínuo em tecnologia, como na parte de pagamentos e usabilidade das plataformas digitais. “Mas é claro que alguns movimentos de transferência [de aumento de custo para o consumidor] são inevitáveis”, lembrou.